quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O MENINO, O AMIGO, O HOMEM...

TRABALHO PARA A DISCIPLINA DE REAÇÃO EM JORNAL - PERFIL DO PERSONAGEM NICK CARRAWAY DO LIVRO "O GRANDE GATSBY"

Era verão e fazia muito calor em Minnesota, Estado Unidos. A tarde quente derretia a tinta das pequenas cercas de madeira. Os animais se refugiavam em qualquer nesga de sombra. Rompendo o silêncio do faroeste americano, nascia Nicholas Carraway, no primeiro dia de julho de 1892. Um bebê normal, olhos escuros, pouco cabelo. Logo aquietou-se e dormiu um longo sono.

Durante a infância, Nick – como era carinhosamente chamado por sua família – foi o tipo de criança que não costuma cultivar amigos. Preferia ficar entre os mais velhos, ouvindo anedotas e histórias antigas. Sempre foi observador, gostava de analisar o comportamento dos adultos, reservadamente. Segundo ele, é por isso que se tornou um homem honesto.

– Em meus anos mais juvenis e vulneráveis, meu pai me deu um conselho que jamais esqueci: “sempre que tiver vontade de criticar alguém, lembre-se de que criatura alguma neste mundo teve as vantagens de que você desfrutou”. – suspirou o velho com o peso dos seus 118 anos.

Depois de se graduar em New Heaven, Nick foi mandado para a França, lutar na Primeira Guerra Mundial, em 1917. Não foi um soldado exemplar. É um homem de poucas palavras, mas um conciliador. Não admira a violência como os rapazes de seu tempo.


– Participei daquela retardada migração teutônica conhecida como a Grande Guerra. – ele fala com certa ironia, coçando o queixo – Apreciei tão vivamente aquela contra-incursão, que voltei para casa irrequieto.

No entanto, foi esse retorno que mudou sua vida. Ao chegar, decidiu ir a New York, para aprender sobre o mercado de títulos. Na época, o assunto era a última moda, e um dos melhores jeitos de se ganhar dinheiro sem burlar as leis. Nick admite, relutantemente, ter essa mania de querer fazer o que os outros estão fazendo.

Quando o calor do verão se aproximava, ele já estava cansado da cidade grande e resolveu alugar uma casa simples no leste de Long Island. O sol brilhava alto naqueles dias de 1922. O extenso tapete de grama verde e fresca se estendia ao longo da praia. Ao lado da casa de Nick, morava Jay Gatsby, um alemão misterioso e anfitrião de muitas festas absurdas. Os boatos a respeito do sujeito envolviam desde roubo e desvio de dinheiro até assassinato.

As noites eram regadas a bebidas caras e muito jazz. Os convidados iam e viam com suas roupas que mais pareciam fantasias de carnaval. Sozinho em sua varanda, Nick acompanhava o movimento na casa vizinha de soslaio, fumando seu último cigarro do dia. Repudiava tamanhas futilidades pertencentes à high society. Perguntado sobre Gatsby, ele brada com certo rancor e até um leve tom de inveja:


– Se a personalidade consiste numa série ininterrupta de gestos bem sucedidos, então é certo que havia nele algo magnífico, uma apurada sensibilidade para as promessas da vida, como se ele tivesse alguma relação com esses intricados maquinismos que registram terremotos ocorridos a dez mil milhas de distância.

Entretanto, Nick e Gatsby desfrutaram de uma amizade permeada de segundas intenções. Enquanto Nick se esbaldava com as orgias produzidas pelo nouveau riche, Gatsby usou-o para reencontrar o amor de sua vida: Daisy. Ela não era uma jovem americana qualquer, era prima de Nick e esposa de Tom Buchanan, um primata cheio de dinheiro com o caráter de um garotinho mimado de 10 anos de idade.

Cerca de uma década antes daquele mormaço intenso de Est Egg, Gatsby e Daisy tinham se apaixonado loucamente. Todavia, ele teve de ir para a Europa. Ela prometera esperar, mesmo sendo o amor um caso mal visto pela família. O tempo passou e eles perderam contato. Quando Gatsby retornou, quis reaver sua amada com a ajuda de Nick.

Naquela época, a melhor amiga de Daisy, Jordan andava atrás de Nick como uma mosca as voltas de um doce. Apesar de sua falta de maturidade e comportamento rebelde, ele apreciava as tardes ao lado da moça, que era golfista profissional.


– De repente, já não estava mais pensando em Daisy nem em Gatsby, mas naquela cara, sólida, limitada criatura, que se entregava a um ceticismo universal, e que se acomodara agilmente bem dentro do círculo do meu braço. – Nick ergueu os braços rugosos e formou uma roda com eles na frente de sua barriga. – Uma frase começou a martelar-me os ouvidos, como uma espécie de persistente excitação: “existem apenas os perseguidos, os que perseguem, os ativos e os fatigados”.

Não muito tarde naquele ano, Nick voltaria a pensar em Gatsby. A tarde insossa em que Jordan, Tom, Daisy, Gatsby e ele resolveram ir a New York para aliviar o desânimo, lhe nubla a memória até hoje. O capricho de Daisy em voltar dirigindo o carro do milionário tirou a vida da senhora Wilson, amante de Tom. Ávido, limpando a testa com um lenço, Nick confessa:


– Ocorreu-me, então, algo. Suponhamos que Tom descobrisse que era Daisy quem estava guiando... Ele poderia supor que houvesse uma ligação em tudo aquilo... Poderia supor tudo.

Entretanto, Tom lavou suas mãos ao conectar os fatos: em vez de vingar a morte da amante, contou ao marido dela que Gatsby a havia matado. Wilson, em estado de choque, não pensou duas vezes antes de atirar no alemão.

Depois daquele ano, Nick não foi mais o mesmo. Voltou para West Egg e ignorou o assunto por muito tempo. Ele pensa que poderia ter evitado a série de incidentes daquele verão. A culpa vem matando Nick aos poucos. Agora lhe restam apenas o silêncio dos campos cobertos de folhas secas do outono e as memórias de sua juventude agitada.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Goodbye to you my trusted friend

Oi, pessoas que não leem esse blog!

Enfim, minha vida anda extremamente agitada nos últimos tempos e sinto que devo compartilhar com o mundo virtual meus últimos feitos (não, eles não são jornalísticos). Então, desde setembro as coisas andam um pouco confusas e corridas aqui em casa por causa da minha mãe, que descobriu que estava com câncer de tireóide. Ela já operou e está fazendo tratamento, segundo os médicos tudo vai ficar bem. Até aí, nada tão terrível, mas eu estou no meu penúltimo semestre de jornalismo, fazendo monografia e trabalhando feita uma louca em uma assessoria de comunicação. Não poderia haver momento mais que perfeito para acontecer esse tipo de coisa, não é?

Porém, todo esse turbilhão dos últimos meses não teve nada a ver com as coisas do parágrafo anterior. Em meio as confusões da primeira sessão de radioterapia da minha mãe, eis que surge um gato abandonado no meu prédio. Para quem não sabe, eu já tenho uma gata (que tem Asperger Syndrom, não comprovadamente). A Penélope está conosco há quase seis anos e é um membro da família.
Na tentativa de fazer uma boa ação nessa vida, decidi que devíamos mandar o gato para a veterinária da Penélope, já que constatamos que ele estava castrado e limpo, portanto pertencia a alguém. Ele ficou na clínica por uma semana, durante o período procuramos um dono para ele desesperadamente. Mas ninguém se interessou, mesmo ele sendo lindo e dócil.

Como não podíamos manter ele no veterinário por muito tempo, ele veio para a nossa casa. Por dois dias, a Penélope não dormiu, não comeu, não fez nada que não fosse ficar debaixo da cama da minha mãe. Pensamos que a gata iria morrer. Enquanto isso, fomos nos apaixonando pelo Chico, que já se achava o machão da casa.

No terceiro dia, eu comprei um difusor de feromônios felinos chamado Feliway, para ajudar a Penélope a gostar do Chico. A coisa funcionou para tirar ela do esconderijo e fazê-la comer, mas o repertório de palavrões dela para ele só aumentou. As coisas começaram a dar certo. Tivemos uma semana feliz e divertida com as trapalhadas dos dois. Até que, no final de semana, eu percebi que o Chico estava abatido. Achamos que era depressão, pois descobrimos que ele vivia num apartamento do outro lado da rua com acesso a pátio (meu apartamento fica no terceiro andar e é minúsculo). Quero deixar claro aqui que tentamos devolver o gato a sua dona, mas ela se recusou a ficar com ele sem nenhuma razão específica.

O fim de semana passou e foi seguido de um feriado. O Chico amanheceu febril e assustadas nós tentamos contatar a veterinária. Ela estava fora do país, então ligamos para uma amiga que nos ajudou a levar ele numa clínica aqui perto. Big mistake! Levamos ele sem caixa de transporte, tivemos de atravessar rua com o gato no colo e quase que ele fugiu. Resultado: ele chegou na clínica tão assustado e estressado que só conseguiram medicar para dor e febre.

Por dias observamos ele. Quase não dormi. Alimentei ele, dei água para ele e checava se ele estava respirando durante as noites. Passado o feriado, a veterinária dos meus filhos veio nos visitar, já que o Chico estava se recusando a beber água. Ela passou um fim de tarde aqui em casa, virou o gato do avesso e ele nem teve forças para se queixar.

As suspeitas não foram nada boas, Peritonite Infecciosa Felina (PIF). Foi aquela choradeira. Não vou entrar nos detalhes da doença, mas já digo para os mais interessados que não tem cura nem tratamento. O que se pode fazer é manter o gato confortável e esperar, ou praticar a eutanásia (é o mais recomendado). No final de semana seguinte (esse último, por sinal), o Chico foi levado para fazer um exame a fim de concluir as nossas suspeitas. Tivemos que isolar a Penélope e desinfetar a casa toda, porque a doença é extremamente contagiosa para os felinos.

Na sexta-feira, desmaiamos de cansaço. No sábado, eu amanheci doente. Não tivemos coragem de ligar para a veterinária antes do meio-dia. Quando ligamos só conseguimos ouvir a confirmação. Fomos para o hospital, porque eu estava muito mal e só voltamos no final da tarde. Ligamos de novo para a veterinária, não tinha o que fazer, o Chico estava sofrendo muito. Tivemos que mandar ele para o céu dos gatos. Vocês não imaginam a dor que é tomar uma decisão dessas, e olha que ele ficou com a gente só um mês. O Chico foi nosso sweet october.

Por isso, esse post é totalmente dedicado a ele (sim, eu sei que isso é um baita clichê). Só que ele nos distraiu de coisas ruins que estavam acontecendo e nos deu um pouco de esperança de uma vida melhor. Ele virou uma estrelinha. Nunca vamos esquecê-lo. Nem a Penélope, que odiava ele, esqueceu. Ela passa os dias procurando ele e cheirando os lugares que ele gostava de deitar.

Às vezes não importa o tempo que passamos com alguém, mas a qualidade desse tempo e o que conseguimos levar conosco, desse tempo, para o resto de nossas vidas.



we had joy we had fun we had
seasons in the sun
but the hills that we climbed were
just seasons out of time

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

QUESTÃO DE BOM SENSO

A sociedade adora recriminar colunistas por suas infâmias. Não são raros os casos de enfrentamentos aos formadores de opinião. Muitas vezes, eles precisam se redimir com seu público ou maneirar suas ironias a fim de evitarem um conflito.

Há mais de três décadas que o Brasil se livrou das amarras da ditadura e conquistou sua liberdade. Desde então, não houve nenhum caso explícito de censura. Mas, vez que outra, é a própria imprensa que se silencia. Os motivos são diversos, geralmente culminam em dinheiro e poder.

Na véspera do primeiro turno das eleições de 2010, ocorreu um caso que chocou boa parte dos internautas do país. Maria Rita Kehl, psicanalista e colunista do jornal O Estado de São Paulo, foi demitida por um “delito de opinião”. Após escrever um artigo atingindo os críticos de plantão do governo Lula, a escritora teve seu vínculo com o impresso cortado.

Contudo, Maria não se calou. Ela deu diversas entrevistas e lançou o assunto na rede social Twitter. Poucos dias depois, o Estadão tentou se retratar, dizendo nunca ter demitido a colunista. Nesse bate-boca de quem está ou não com a razão, levantou-se uma questão importante no país: qual o verdadeiro papel do jornalismo?

Atualmente, ninguém estranha mais se um veículo apóia um candidato ou um time de futebol. Sabemos que a total imparcialidade é utópica e, talvez por isso, ignoramos essas ações. Ou seja, a mídia no Brasil é mais do que livre. Porém, será que toda essa liberdade não se confunde com as colunas de opinião? O leitor já não consegue mais distinguir o que é realmente jornalismo.

Maria cumpriu com seu papel. Colunistas não têm pauta, muito menos são obrigados a seguir uma linha editorial. Entretanto, a informação continua sendo regida pela sociedade, pelos fatos diários. Se o jornal não estava de acordo com a posição de sua colunista, podia ter evitado a circulação do artigo. Uma simples conversa teria mascarado essa crise.

domingo, 3 de outubro de 2010

Eleições: exemplo de civilidade!




Imagine se teve boca de urna. É que choveu santinho pela manhã. Há boatos que pela noite haverá tempestade eleitoral.
Palmas para o ser humano. Somos, mesmo, racionais :)

domingo, 12 de setembro de 2010

O homem rege a religião e a religião rege o homem



O quão frustrante seria para o homem descobrir cientificamente que a bíblia foi escrita por um romancista bêbado há milhares de anos atrás? Às vezes eu penso que a bíblia só tem o valor que tem por, talvez, ter sido a primeira grande coletânea de escritos da história humana. Claro que depois com o surgimento da prensa surgiram milhares de outros livros mais interessantes. Porém já era tarde. O mal já estava feito e o conhecimento divino disseminado pelo mundo. É impressionante a necessidade humana de se crer em algo maior. Temos dificuldade em aceitar que não existe nenhum propósito em viver.
Será que se isolassem um grupo de bebes em uma caverna (como no mito de Platão) eles criariam alguma forma de religião?
Outra coisa que me deixa abismada é que as 3 grandes religiões (judaísmo, cristianismo e islamismo) vem do mesmo lugar e convergem para o mesmo lugar. Pensem um pouco, para as três tudo começou ali por Israel e tudo deve terminar por lá. Seria Israel a chave? O que tem esse pequeno pedaço de deserto de tão especial?
Claro que ele é significativo hoje em dia para muitas pessoas, inclusive para mim. Mas, como que ele se tornou significativo? Por que Jesus, Maomé e o messias judeu perdido seriam de lá? Eles não poderiam ser de qualquer outro lugar? Qualquer outro lugar sustentaria o mito?

terça-feira, 27 de julho de 2010

Quem está seguindo quem?

Demorou, mas finalmente apareceu, essa semana, uma organização não-governamental internacional que usa a internet para denunciar atos ilegais de administrações públicas e multinacionais. Wikileaks, uma central de uploads e vizualizações de ombudsmen da vida polítca, é o motivo do alvoroço. O site já entrou até para o currículo de estudos de cursos de comunicação. Segundo o professor de jornalismo da New York University Jay Rosen essa é a primeira agência de notícias sem estado que se tem conhecimento.
A mídia se lavou com as informações oferecidas pela plataforma e aproveitou para fezer notícia sobre um vídeo gravado no Afeganistão e postado no site recentemente. Julian Assange, o pai dessa maravilha, foi às telas nesse mês para tonar seu estudo reconhecido. Ele afirma que o conteúdo é seguro, pois antes da divulgação há um processo de verificação.
Agora é só uma questão de tempo. Ou essa ferramenta causara impacto em muitos lugares do mundo, ou nosso amigo Assange se tornará um inimigo público dos detentores de poder e logo, logo sumirá, levando consigo o que talvez pudesse ter sido um meio de salvação da humanidade.
 
Veja aqui a matéria da CNN.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mal contados

Não é de hoje que a mídia tem sede de uma boa história policial. Tal sede pode causar até mesmo uma mudança no rumo de investigações. Seguem dois exemplos que tomaram nossa atenção na última semana:

Caso Bruno: culpado ou inocente?
Segundo a imprensa, culpado!

A opinião pública segue o agenda-setting da mídia. Mas os livre-pensadores se questionam.

A outra história é mais recente, o atropelamento do filho da atriz Cissa Guimarães. Porém, a cronologia dos fatos mostra que tem muita coisa mal contada. Como que um carro, naquele estado, seria parado por uma viatura e liberado logo em seguida sem registro de ocorrência?
Além disso, não prestar socorro em um acidente é considerado crime, ou seja, um ótimo motivo para se pedir a prisão preventiva dessa pessoa.
Outra coisa estranha é que nenhum veículo aproveitou o ocorrido para fazer matérias sobre a adolescência, a falta de segurança nas noites brasileiras e o perigo dos rachas (se é que teve mesmo um racha nessa especulação toda).
Nesse momento, a culpa do caso está nas mãos da polícia. No entanto, mesmo que a polícia tenha cometido um erro, não seria esse um bom argumento para se rever o modelo brasileiro?

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Erros da pressa

Olhem quantas vezes a palavra "segundo" se repetiu nesse trecho de texto retirado do G1:

Fonte: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/07/menor-diz-que-bruno-acompanhou-eliza-para-morte-segundo-delegado.html

Bruno no sítio

Na entrevista concedida nesta manhã, o delegado Edson Moreira disse: "Estavam no sítio do Bruno, em Esmeraldas (MG), quatro pessoas, além de Eliza e a criança. Três pessoas [Macarrão, o adolescente e Bruno] saíram com Eliza e o bebê do sítio sob a alegação de que eles seriam levados para um apartamento alugado. Nesse caminho, certamente o bebê foi levado para outro lugar e Eliza, Bruno, o adolescente e Macarrão foram para a casa do ex-policial. Em seguida, Bruno, Macarrão e o menor voltaram para o sítio apenas com a mala de Eliza, que foi queimada".
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, dono da casa em que estaria o corpo de Eliza Samudio, em Vespasiano (MG), seria o responsável pela execução, morte e desaparecimento da jovem, segundo o delegado Moreira. Ainda segundo o delegado, ele teve a prisão temporária solicitada pela polícia.
Segundo o delegado, "Bruno estava lá na casa [do ex-policial] e viu a mulher toda estourada. Acompanhou, segundo testemunhas, Eliza para seu sacrifício, para sua morte". "Um ídolo como o Bruno, de um grande time, e um monstro pelo que fez com essa moça. O crime foi planejado e friamente executado. Podemos concluir que Eliza está morta", diz Moreira.
De acordo com a polícia, Eliza e seu filho, de 4 meses, teriam sido levados do Rio de Janeiro para Belo Horizonte, de carro, com o menor e Macarrão. O carro que levou a jovem foi apreendido em 8 de junho e Eliza foi levada, em 9 de junho, para a casa em Vespasiano (MG), onde teria sido morta. Antes de ser executava, Eliza teria ficado no sítio do goleiro Bruno, em Esmeraldas.
Segundo o delegado Wagner Pinto, Macarrão, Bruno, o menor e Marcos estão diretamente envolvidos na morte de Eliza. "Fazendo o cruzamento das provas objetivas e subjetivas, como os depoimentos, podemos dizer que tudo aponta para a ocorrência de homicídio. O importante para nós é, a partir de agora, juntar todos esses elementos que indicam a efetiva participação do Macarrão, do Bruno e desse adolescente na trama criminosa, juntamente com o policial civil Marcos", diz.
Ele afirma que as buscas pelo corpo de Eliza vão continuar. "Nós temos que buscar o cadáver, mas se não encontrarmos, com todos esses elementos, certamente as pessoas envolvidas serão devidamente indiciadas e apresentadas à Justiça como autoras desse homicídio e pela ocultação do cadáver", diz. Segundo a polícia, as investigações irão apontar outros locais em que, eventualmente, o corpo pode ter sido desovado.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Não se pode confiar na mídia

Essa é a reação de quem lê o livro Deus é inocente, a imprensa não, do jornalista Carlos Dorneles, pela primeira vez. O relatório levantado na obra é um impressionante estudo detalhado sobre a atuação dos meios de comunicação norte-americanos e brasileiros após o atentado às torres gêmeas.

"A imprensa pediu a guerra e foi atendida. Ignorou massacres, desrespeito aos direitos humanos e às liberdades individuais, a destruição de um país miserável pela maior potência militar do planeta e deu vazão ao patriotismo como senha para obediência ao poder”, assim que o autor pauta a obra logo nas primeiras páginas.

Os meios de comunicação fomentaram o ódio, contribuíram para um conflito que perdura há muito tempo, sem solução. As coberturas das grandes televisões se restringiram ao discurso da Casa Branca. Dorneles cita diversos exemplos, entre eles estão os impressos: The Washington Post, The New York Times, Time Magazine e Newsweek; e os canais: CNN, BBC e CNBC.

Na maioria dos casos destacados pelo autor, as fontes são sempre as mesmas: generais americanos, assessorias de imprensa do exército dos Estados Unidos (EUA), porta-vozes, fontes oficiais, etc. Mesmo que sejam seguras, representam apenas um lado da história, manipulando o público. “A imprensa gosta de guerra. Pode parecer exagero, força de expressão, jogo de palavras. Não é. A imprensa gosta de guerra, mesmo de uma como a do Afeganistão: guerra de press-release, de transcrição de informes do Pentágono, de fontes de um lado só”, elucida o trecho da página 27, capítulo Guerra de Redação.

Porém, na visão do jornalista, esse era o objetivo: alienar, confundir e fixar os EUA como um herói. Afinal, por trás da mídia se escondiam poderes maiores com pretextos patriotas e sede de sangue. A imagem do Oriente Médio foi costurada ponto a ponto estrategicamente, como a de um local hostil e cheio de homens-bombas. Até leis foram criadas para facilitar o serviço de espionagem americano que não pegou leve em prender, torturar e humilhar inocentes.

Em nome dessa sede, por um longo período, entre 2001 e 2002, houve um excesso de fatos criados para sustentar pequenas ocasiões, das quais a imprensa não tinha muito conhecimento. No capítulo Antraz, Dorneles traz a tona, talvez o maior exemplo dessa afirmação: “Aos poucos, todos os jornais americanos – e os brasileiros por tabela – foram aderindo à tese antraz-Laden sem qualquer prova.”

O Brasil seguiu nessa hermenêutica, passou a divulgar o conflito com a ótica oficialista do governo norte-americano. Além de publicar informações, recebidas diretamente das agências de notícias internacionais, sem checá-las ou confirmá-las, e tendo freqüentemente suas páginas desmentidas no dia seguinte: "A imprensa brasileira e do mundo ocidental seguiu os passos da norte-americana – foi refém e cúmplice", diz Dorneles.

Durante a obra, o jornalista expressa sua opinião nas entrelinhas, afinal os fatos falam por si. “A imprensa somente revela fatos, não toma partido; não é responsável por acontecimentos, apenas os registra. Esse dogma jornalístico jamais soou tão irreal como depois do 11 de setembro”, finaliza Dorneles na conclusão.

Não obstante de seu pessimismo e de outros exemplos de profissionais da comunicação, como Åsne Seierstad em 101 dias em Bagdá, a imprensa já foi responsável por grandes feitos da humanidade. Seu papel também é social, mas é dever informar primeiro, para depois formar.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Apuração jornalística na era tecnológica

Atualmente é comum o uso da internet para acatar dados. Graças a essa ferramenta, recebemos notícias de países do outro lado do planeta em segundos. Mas, a inserção do novo advento também trouxe problemas.


Por causa dessa facilidade, a cobertura feita pela mídia se estendeu para englobar o fluxo diário de informações. A corrida pelo furo ficou mais acirrada. A quantidade de concorrentes aumentou. O jornalismo se tornou um negócio. A crise do papel contribuiu, uma vez que a produção para o meio digital tem custo inferior.

Todos esses aspectos fizeram com que o jornalismo abrisse mão da qualidade. O conteúdo perdeu espaço e se tornou menos importante que o design. Erros sobre pequenos fatos se tornaram habituais. E a reprodução e a cópia fizeram com que todos os meios sustentassem uma mesma mentira.

Um caso interessante foi a história do manifesto “Cala Boca Galvão”, na plataforma Twitter, microblog de mensagens instantâneas. Internautas do Brasil linkaram suas mensagens à expressão, causando um furor de dúvidas no mundo inteiro. Na afobação de informar seus leitores, os jornais americanos pegaram a versão da internet, que afirmava que a frase era um protesto para salvar aves brasileiras da extinção.

Corriqueiros ou não, os erros são prejudiciais a sociedade, a curto e longo prazo. Nossa vida é, em parte, regida pela mídia. Se a previsão de um jornal diz que vai chover, carregamos uma sombrinha. Se a reportagem de economia esclarece que o dólar caiu, aumenta o investimento externo e o consumo de importados. Até mesmo quando algum famoso morre, ficamos sabendo pela mídia e nos compadecemos com uma situação distante da nossa vida.

Fazer jornalismo é fazer parte de um complexo social muito maior do que imaginamos. Somos responsáveis pela regência de várias coisas que ocorrem diariamente. Nossa responsabilidade ética deve vir antes da vontade de ser o primeiro sempre. Precisamos repensar o modelo atual e nos organizarmos para cumprir nosso compromisso de maneira justa, correta e digna.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fotografia em 360º

Não é uma tentativa de pinhole em cima de um skate. É a nova invenção da Lomography, marca famosa de câmeras fotográficas nada convencionais. A Spinner 360º é uma simpática máquina que gira em torno de si enquanto bate a foto.
A ideia não é novidade, em 1787 o pintor inglês Robert Barker registrou o termo "panorama" para descrever suas pinturas cilíndricas. Um pouco depois, quando nasceu a fotografia (1826) criada por Frenchman Joseph Nicéphore Nièpce, a busca por tornar imagens paralelas à realidade da época fez com que surgisse, em 1843, a primeira câmera panorâmica, do austríaco Joseph Puchberger.
No início, elas eram pesadas e cheias de manivelas ou engrenagens. Somente nos anos 50 começaram a ser fabricadas máquinas 35mm com o mesmo efeito. No entanto, a exigência por altas resoluções foi responsável pela introdução de novos formatos: 70mm, 120mm e até o 220mm.
O diferencial desse lançamento da Lomography é que a câmera combina o quadro-a-quadro e a fotografia panorâmica. Uma história cíclica é o resultado dessa experiência.


Confira como funciona:

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A linguagem do poder

Saiu, ontem, um artigo no site Observatório de Imprensa chamado "O público não é estúpido" de Venício A. de Lima. O texto fala sobre o discurso do jornalista Robert Fisk, correspondente da "3ª Guerra Mundial", em um seminário da televisão Al Jazeera. Por um viés interessante, o colunista não entra tanto na questão Palestina, pelo contrário, aborda a interpretação ocidental.
A linguagem do poder está tomando conta do jornalismo e, segundo Fisk, o público não se deixa cegar. Eu creio que nos últimos tempos a mídia vem mesmo maquiando certas expressões para vender ideias, porém vejo que a reação das pessoas não é muito diferente. Talvez não se possa generalizar o público. No ocidente, temos países de primeiro e terceiro mundo, pessoas pobres e ricas recebendo o mesmo tipo de informação.
E já diziam os teóricos da informação, a bagagem cultural faz toda a diferença em um processo comunicativo. Não creio que a maioria das pessoas compreendam pequenas mudanças como as mencionadas no discurso de Fisk e citadas no artigo. Até porque, existe uma visão errônea no mundo ocidental sobre o que se passou e se passa no oriente médio. Culpa da mídia? Também. Essa questão cultural se desenvolveu de tal maneira que não abre mais portas para análises. Tudo o que sabemos é que sempre vai depender do ponto de vista de alguém e da hermenêutica inserida nesse contexto.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dia da Liberdade de Imprensa















I can prove anything
I'll make you admit again and again
I can prove anything
The way that it's read again and again

And its only cos you came here with your brothers too
If you came here on your own you'd be dead
Its only cos you follow what the others do
Its no excuse to say your easily lead

You can choose anything
You choose to lose again and again
You could do anything
Why should you do anything again

And its only cos you came here with your brothers too
If you came here on your own you'd be dead
Winding yourself up until your turning blue
Repeating everything that you've read

And here we go with the letter
Well can you fix it for me
Cos we need entertainment
To keep us all off the streets

So tonight you'll sleep softly in your bed

You can try anything
And no-one would know apart from you and me
You can stop anything
It's starts with just one and turns to two then three

Its only cos you came here with your brothers too
If you came here on your own you'd be dead
Raise a glass or two
You raise a fist or two
Get a shopping basket wrapped round your head

So here we go with the letter
Oh can you fix it for me
24 hour drinking
To keep us all off the streets

So tonight you'll sleep softly in your bed

We are the angry mob
We read the papers everyday day
We like who like
We hate who we hate
But we're also easily swayed

(Kaiser Chiefs - The Angry Mob)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Citações criativas

Citar alguém requer um certo jogo de cintura. Não é sempre que se consegue expressar no mesmo tom que outra pessoa. Uma vírgula pode mudar todo sentido orginal de uma determinada frase.
Para dar um charme a esse sitema de usar a fala alheia, o site Startup Quote abusou da criatividade. Nada muito complexo, apenas o rosto do personagem dono da citação e um balão. Porém, é essa simplicidade que torna o negócio atrativo.



quarta-feira, 26 de maio de 2010

ABJ pede o fim do registro de jornalista no Ministério do Trabalho

Notícia:


Entidade pede o fim do registro de jornalista no Ministério do Trabalho
Anderson Scardoelli

A Associação Brasileira dos Jornalistas (ABJ) protocolou nesta segunda-feira (24/05) uma representação no Ministério Público Federal solicitando o fim do registro de jornalista no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) é contra.
O presidente da ABJ, Antônio Vieira, informou que o acórdão da decisão do Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela não obrigatoriedade do diploma para jornalistas, transforma a exigência de registro inconstitucional e discriminatória. Desde o começo do ano, o ministério tem concedido registro a profissionais sem diploma, mas os classifica como “Decisão STF”.
“Lutamos durante dez anos para ter essa liberdade de exercício profissional. O registro do MTE vai contra a liberdade, é do tempo da ditadura, queremos acabar com ele por causa disso”, analisa Vieira.
A Fenaj se opõe ao término da emissão do registro profissional para jornalistas. Para o presidente da entidade, Sérgio Murillo de Andrade, sem o registro, os profissionais de jornalismo vão perder em capacitação e terão os salários reduzidos. “O registro foi a única coisa que nos sobrou. Se tirarem o registro é melhor acabar com a profissão de jornalista”, disse Andrade.




E agora pessoal?

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A mesma notícia, três versões

Correio do Povo
Zero Hora
R7

As três matérias são sobre uma professora que foi esfaqueada em um curso de inglês no centro da Capital, sábado a tarde. Mas, o mais interessante é que, nenhuma das versões dos jornalistas bate. Em duas das notas, ZH e Correio, está escrito que o rapaz teria tentado se matar. Na reportagem do R7, o fato não é mencionado. Nem as idades e o número de facadas é o mesmo de texto para texto.
Onde está a apuração desses jornalistas? O evento aconteceu no sábado e foi publicado entre ontem (domingo) e hoje (segunda-feira). Havia tempo suficiente para buscar informações como essas. E a ética e o compromisso com a sociedade? Tudo isso é em nome do furo?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Associados do Clube dos Editores debatem futuro do livro


      Hoje, dia 11 de maio, a EDIPUCRS sediou um encontro dos associados doClube dos Editores do Rio Grande do Sul (CE/RS) com o objetivo de debater o futuro dos livros eletrônicos e o crescente mercado digital. O evento ocorreu na PUCRS e contou com cerca de 20 editores gaúchos. Entre os participantes estavam o presidente da Câmara Rio-grandense do Livro, João Carneiro, e a presidente do CE/RS, Annete Baldi.
      O diretor da editora, Jerônimo Braga, abriu o evento e introduziu a primeira palestra "E-books da EDIPUCRS", ministrada pelo coordenador do setor de Publicações Eletrônicas, professor Gilberto Keller. "Começamos sem saber direito o que era exatamente um e-book", enfatizou Keller ao exemplificar o trabalho da EDIPUCRS nesse meio, que começou oficialmente em 2007. O professor falou sobre a inovação, que apesar de estar presente na internet, ainda assusta algumas pessoas. "Todos desconfiam muito do e-book. A resistência foi grande, mas em 2009 o número de publicações eletrônicas superou o de impressas".
      Atualmente a editora trabalha com toda a editoração do livro. Desde o recebimento do arquivo em editores de texto até a publicação. O uso de diversos códigos e programas não tem mais limite, algumas publicações são simples PDF's outras são complicados processos que envolvem Flash e HTML. Keller crê que o método de criação é parecido com o impresso, até o momento em que esse segue para gráfica. "O nosso custo, antes da publicação, é igual ou maior ao do impresso. O que difere é que no digital nós gastamos alguns megabytes só", brincou.
      Dando continuidade as idéias de Keller, o Editor-chefe da EDIPUCRS, Jorge Campos comentou sobre a crise dos impressos na conferência "O livro na cultura digital". "De 2005 para cá, nós estamos enfrentando essa mudança para a cultura digital sem nenhum conflito", disse. Para explicar a afirmação, Campos citou Marshall Mc Luham (1911-1980) e Umberto Eco, dois formadores de opinião que previram essa transição midiática da comunicação mundial. "O livro em papel foi feito para o papel. Jogar ele puro na internet é um desrespeito à cognição de leitura", exclamou o professor. Segundo ele, a antecipação da pesquisa e a busca por novas tecnologias são fundamentais para evitar o retrocesso.
      Em sua opinião, o conflito não é do livro impresso em si, mas sim da escrita. Ele acredita que com a disseminação de vídeos, a escrita e a leitura estão cada vez menos valorizadas. "O cérebro formata a leitura e se adéqua para interpretar a informação", disse. O professor comentou sobre o diálogo virtual, conceito que caracterizou como "virtuálogo", fato onde a comunicação se encontra, em maior, parte na internet e acaba por adaptar-se a esta. "Nunca a cultura foi tão repartida e compartilhada. As pessoas têm uma necessidade de informação impressionante", ponderou.
      Finalizando o encontro, o representante da Fundação Dorina Nowill, Ricardo Soares, apresentou o formato Daisy, aplicativo de leitura para texto escrito e falado. Criado na Suécia há cinco anos, o Daisy surgiu para facilitar a leitura de deficientes visuais. "O programa permite que o cego consiga navegar, anotar, marcar e até mesmo salvar um trecho do texto", revelou Soares. Comandos por teclado fazem com que o texto seja lido ao internauta, com voz sintetizada onde a velocidade pode ser controlada pelo leitor.
      "A qualidade do som para deficientes precisa ser alta, pois eles não têm memória visual. As siglas e abreviações são lidas por extenso pelo programa, assim como a pronuncia das palavras estrangeiras é feita de acordo com a original", diz Soares. De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 15% da população mundial têm alguma deficiência física, dentre os quais 2,5% são completamente cegos. O coordenador garante que o formato já está causando uma revolução no mercado.

Matéria publicada no site da EDIPUCRS no link NOTÍCIAS

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A importância do diploma

Busca desenfreada por audiência - por Ale Rocha
Entrevista Guilherme de Pádua no Ratinho

Não é todo dia que um assassino famoso decide dar uma exclusiva a uma emissora. Geralmente quando isso acontece, há um furor de pessoas histéricas em busca de novas informações do caso para encurralar o réu. Afinal, todo bom estudante de jornalismo ou jornalista experiente sabe: de nada adianta uma entrevista com alguém, se de lá não sair nada de inédito.
Repetir fatos que foram veiculados nos últimos 20 anos é um erro. E foi isso que aconteceu com o Ratinho no dia 8 desse mês. Ao convidar Guilherme de Pádua ao seu programa, um público enfurecido se manifestou via twitter contra a entrevista. Não é para menos, Pádua matou Daniela Perez em dezembro de 1992. O caso foi polêmico e teve plena cobertura da imprensa. Mas o pior de tudo não foram as manifestações, e sim a própria atitude do Ratinho que, por não conhecer técnicas de entrevista, se deixou dominar por Pádua.
Depois, o apresentador até se redimiu no twitter, disse que não era formado em jornalismo e por isso não cabia a ele conhecer os meios corretos de se coletar informações. Péssimo exemplo de mal uso da profissão. Todos os dias eu escuto comentários do tipo: "é muito fácil fazer jornalismo, só chegar e perguntar". Se fosse assim, Ratinho teria massacrado o psicopata ao vivo e não deixaria pedra sobre pedra. No jornalismo, não aprendemos como ficar bem na televisão. Existe todo um estudo da comunicação humana para se compreender esse interacionismo simbólico. O nosso trabalho, acima de tudo, é social. Por isso é tão importante a exigência do diploma.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Jornalismo nada sério

Exemplo de jornalismo infantil e prova de que as pessoas acreditam na mídia.


Notícia falsa sobre alienígenas causa pânico na Jordânia

A matéria deve ter sido boa, pois até o prefeito da cidade foi enganado e chegou a criar um plano de emergência para evacuar o município. Tudo por causa de uma piada de 1º de abril. Essa falta de seriedade na profissão é uma irresponsabilidade, pois lidamos todos os dias com o fluxo de informações que regem a vida das pessoas.

Sobre os comentários

Caro leitor,

No post anterior eu coloquei um vídeo sobre um ato desumando que ocorreu em Porto Alegre há alguns dias. E como era um fato polêmico, recebi diversos comentários (talvez o máximo que recebi por um post até hoje). Mas eu não gostei de muitas das manifestações desses leitores. Fiquei bem decepcionada. Rir de uma coisa dessas, fazer piadinha e achar que um homem de rua ser pichado e vandalizado durante a noite é algo normal é COISA DE GENTE DOENTE. E por favor, se você vem aqui para comentar uma piadinha sobre esse assunto, faça o favor de se educar primeiro, se tratar em segundo plano e ler as coisas com atenção. E me poupe dos seus comentários nazistas. Eu sou extremamente contra esse tipo de ato e não vou tolerar um comportamento racista e nazista (NAZISTA SIM!) no meu blog.
Que fique bem claro, não acho correto uma atitude imbecíl que esses jovens cometeram ao pichar o mendigo. E acho tão intolerável quanto rir de uma coisa dessas.
Desculpem os outros leitores que nada tem a ver com isso.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Mendigo é pichado em Porto Algre

Fonte da notícia



ABSURDO!!! Não sei nem o que falar sobre isso. Não existe civilização mais. Isso deveria ser a matéria de capa dos jornais de hoje.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Já faz dois anos


E nada aconteceu. Culpados não foram julgados, nem detidos. O tempo passou, e mistério nenhum foi resolvido. A morte dessa menina, Isabella Nardoni, que completa dois anos no dia 28 deste mês, causou um dos maiores impactos midiáticos no Brasil. A cobertura durou cerca de três meses e só se deteve quando a justiça começou a burocratizar o caso. A partir desse evento a imprensa não parou mais por aqui e inclusive causou polêmica sobre sua atuação. Em outubro de 2008, ocorreu o sequestro Eloá. Talvez um dos quais mais se falou nos últimos anos. Até hoje a polícia culpa os cinegrafistas da Globo que se intrometeram na negociação, enquanto que os jornalistas culpam a polícia que esperou tempo demais para invadir o medíocre apartamento. Depois tivemos uma série de eventos dramáticos que, lógico, as empresas jornalísticas não tiveram a mínima vergonha de transformarem em “pão e circo”. Porém, nem sempre a cobertura desse tipo de acontecimento é antiética e parcial. Muitas vezes uma notícia pode salvar a vida de alguém. Há pouco tempo atrás uma cabeleireira foi morta pelo ex-marido. Ela já tinha registrado na polícia oito boletins de ameaças e agressão. Se um jornalista experto tivesse obtido essa informação junto com as assessorias da Polícia Civil, poderia ter feito uma reportagem sobre violência doméstica e provavelmente esse covarde teria sido preso antes de ter a chance de assassinar a moça. É sempre assim, se a coisa é feita de um jeito atrapalha, se é feita de outro morre alguém. Mas, existem cursos para jornalistas investigativos, para que esses aprendam como enfrentar uma pauta polêmica sem deixar sua opinião atrapalhar o andamento dos fatos. É impossível ser completamente imparcial, porém podemos tentar colocar a ética em primeiro lugar enquanto estamos ocupando uma posição profissional. Assim como nos cabe, dentro da nossa perspectiva de civis e despidos de nossas câmeras e crachás, denunciar crimes e lutar por um mundo melhor.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pocachontas moderno

Não ia me pronunciar sobre o filme Avatar. Mas com o passar dos dias e o incrível acúmulo de comentários absurdos, não me contive. James Cameron é um gênio do cinema moderno. Talvez muitos intelectuais queiram me matar depois dessa afirmação, porém eu tenho minhas razões para dizer isso. A primeira é que o diretor pegou uma história superconhecida de todos nós, mudou o título, o local, o nome dos personagens e conseguiu vender mais que Titanic. Ainda não identificaram? Vou ser mais específica. Flashback na infância: aquela tarde chuvosa que vocês ficaram na casa da vovó assistindo clássicos da Disney comendo pipoca. Na tela uma linda índia, nada típica, com seus milhos dourados, é surpreendida por um forasteiro. Lembrados? Pocachontas e Avatar têm mais em comum do que se imagina. Até mesmo as lições da índia a John Smith sobre o espírito da natureza dentro de tudo que é vivo. Pelo menos a pequena índia realmente existiu.
Uma crítica a ação do homem que povoa as entrelinhas de ambos os filmes. Não são histórias para crianças, seus objetivos vão além de entreter. Voltando a genialidade de Cameron. Então, a segunda razão é o tema do filme: cuide do nosso planeta. Justo em época de sustentabilidade ambiental e conferência em Copenhague o cara faz um longa-metragem feliz, cômico e dramático sobre como somos cruéis com nossas árvores e animais. É óbvio que, sensibilizados como estamos, vamos cair no papo dele. Nem mesmo Wall-e atingiu esse patamar, talvez porque naquela época o aquecimento global ainda era uma farsa.
A terceira e última razão, muito provavelmente a mais compreensível, é o trabalho dos editores em relação aos efeitos especiais. Não existe público descontente no cinema diante de megaexplosões, carros em chamas, vôos estupendos, entre outros. Um exemplo disso é o recente 2012, aliás com tema parecido. Um filme chato e sem estrutura, no entanto todos comentaram as grandes catástrofes muito bem apresentadas por Roland Emmerich.
O que James Cameron fez não é uma novidade em termos artísticos. A sua inovação está em outro tipo de arte, a da propaganda. Um remake subliminar. É até perigoso! O que mais me intriga é que poucas pessoas se deram conta disso, ou seja, muitas coisas podem voltar ao sucesso se bem planejadas. Enfim, só para terminar, confesso ter saído da sala 6 do Cinemark um pouco abalada e com a intenção de plantar uma árvore, mas o lixo dos outros telespectadores ao meu redor me fez perceber que a maioria não presta atenção na mensagem do filme. Nessa questão de texto e contexto, todo mundo prefere o mínimo esforço com máximo de benefício. E as garrafas e restos de pipocas apodreceriam lá se não existissem pessoas pagas para recolher essas coisas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Indiada de feriado reginal

Terça-feira, 15:55h, eu e minha mão vamos ao banheiro do cinema do Barra Shopping. É dia 2 de fevereiro, mais um feriado religioso que eu não faço idéia. Don't blame me, sou judia. Faz 38ºC e pelo jeito pouca gente trocou a capital gaúcha pelas praias. Já é a terceira casinha de sanitário que minha mãe entra e sai no mesmo segundo porque não tem papel. A fila de mulheres apertadas aumenta. Depois do Sherlock, sala cheia, chão sujo, civilização não está em voga... 18:39h saímos em direção ao inferno, digo, Hipermercado BIG. Pensamento: comprar o básico, pão, comida de gato, pote de comida de gato, manteiga... Essas coisinhas essenciais nos lares brasileiros. Cruzamos a passagem que divide o fim do shopping e o início do super. Opa! Ar condicionado quebrado! Ok, precisamos muito de pão e petiscos felinos. Avançamos na sauna gratuita em busca de um carrinho. Nein! Refletimos sobre a necessidade de pão e petiscos mais uma vez enquanto a multidão se aproxima das mercadorias.
- Vamos levar terra para as violetas? - 19:35h e a terra entra naquele espacinho entre a manteiga, o pão e o decote do meu vestido.
O espaço está ficando escasso. Além do ar vencido, lixo por toda parte. Produtos largados em prateleiras erradas. É o caos.
- Vamos para a fila? - 19:45h como me arrependi de dizer isso.
Dobramos a esquina entre os frescos iogurtes no seu majestoso refrigerador e a seção light e nos deparamos com centenas de filas imensas com pessoas cheias de carrinhos e mercadorias. Tinha até gente levando ar condicionado para casa. A fila do caixa rápido dava voltas. Claro que no feriado tem menos gente trabalhando e os donos de super sempre acham que não vai ter movimento nesses dias insuportavelmente quentes. Andamos de um lado para o outro em busca de uma fila razoável.
- Ali! - As duas saem correndo para a fila menor. E sacode a manteiga, o pão, a terra...
- Ta, agora é rapidinho e logo, logo a gente ta em casa. - Doce ilusão.
Já passava das 20h e, pasmem, ainda tinha mais de 10 pessoas na nossa frente, todas com rancho. Realmente, o melhor dia para ir as compras. Acabou o troco. Mais 20 minutos. O cartão não ta passando. Mais 5 minutos. Ufa! Nossa vez! São 20:45h quando saímos do super em busca de um táxi. Ok, foi fácil. Mas demos o azar de pegar aquele tipinho mão de vaca que não liga o ar nem quando está 50ºC na rua. Colada no estofado de couro e me abanando entre as sacolas dou um suspiro de alívio, cinco minutos e estou em casa. Na curva, nosso simpático motorista, que não para de reclamar do calor, joga um papel enorme pela janela. E depois não sabe porque nos últimos anos o verão anda mais quente. São 21h e finalmente chegamos em casa. Realmente, a melhor indiada de todos os tempos, quase 3h dentro de um hipermercado para comprar: pão, manteiga, petisco felino, um pote de ração e terra. Onde a gente estava com a cabeça?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Felinocracia



Se você pensava que vivemos em uma democracia, se enganou. O animador britânico Simon Tofield provou que quem manda mesmo por aqui são os gatos. Ao observar seus quatro felinos (Hugh, Maisie, Jess e Teddy) ele teve a brilhante idéia de transformá-los em curtas e colocá-los no Youtube.
Por meio de um tablet e com ajuda do Adobe Flash Software, Tofield desenha a mão cada filme, são mais de 25 frames por segundo. Agora, dois anos depois do lançamento online, o desenhista decidiu publicar um livro sobre o gato. Seus 25 milhões de acessos lhe renderam dois prêmios importantes: Best Comedy at the British Animation Awards e o  YouTube's Blockbuster Award, além do carinho dos fãs. Simon’s Cat conquistou tantos admiradores no Youtube que Tofield até criou um site.
A sua assinatura nos vídeos é a simplicidade. São poucos os sons e os desenhos são vazados, sem uso de cores. Porém quando se trata de humor, o animador mostra ser um verdadeiro mestre e capta toda a essência desses curiosos bichos de estimação. As histórias sempre terminam iguais, o gato faz tudo por um prato de comida.
Os editores Nick Davies, Robert Kirby e Duncan Hayes são os responsáveis pela publicação que saiu agora em novembro sob o título: Simon’s Cat in his very own book! (O Gato do Simon em seu próprio livro, na tradução literal). Eles acreditam que as tirinhas são leves e inocentes, com um pequeno grau de ironia. A idéia incentivou o inglês que já pensa em escrever outra obra para 2010. O bichano ganhou uma marca de acessórios e camisetas, que ainda não se encontra disponível.
Como todo bom amante dos animais, Tofield fez um curta-metragem sobre o cachorro de sua irmã, cuja função era disseminar um pedido de ajuda a instituição Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals. Segundo ele, os animais têm personalidade e se relacionam com as pessoas de forma humana.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Feliz dia do FOTÓGRAFO


Obrigado por tornarem nossas vidas mais coloridas com seus momentos presos em um folha de papel.

Momento consumista: eu quero uma dessas http://brazil.shop.lomography.com/cameras/multi-lentes/pop-9

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Revista Piauí e problema das pessoas laranjas

Ok, não é de hoje que a revista Piauí traz texto polêmicos (geralmente de ordem política), mas fazia um bom tempo que eu não ria tanto com uma boa matéria jornalística. O artigo Adeus, sarcófagos iluminados no final da 40ª edição não aborda apenas o problema do bronzeamento artificial. O foco é mostrar, com bom humor, que a moda laranja não está com tudo e pode, sim, causar a morte de muita gente mal informada. Após uma breve introdução da história e sua forte repercussão no Rio Grande do Sul, onde inclusive ocorreram manifestos contra a decisão do Ministério da Saúde, encontramos uma bomba. A revista, literalmente, descasca toda e qualquer pessoa que goste da câmara de luz neon. Atitude que eu não esperava de um veículo como esse, que é direcionado a pessoas jovens (e provavelmente viciadas no tom abóbora assustador).

Fico contente com a desaprovação, é um assunto que a maioria tem medo de abordar por ser polêmico e estar na moda. Sempre fui muito branca e sofria para ficar bronzeada. Demorei muito tempo para me aceitar, porém nunca me rendi aos sarcófagos de bronzeamento artificial. Não é fácil, ainda escuto apelidos idiotas quando vou a praia ou ao clube. No entanto, sou como sou e não posso mudar isso (e nem quero). O que mais me consola é que não vou morrer aos 40 anos de câncer de pele, muito menos chegar aos 30 com cara de 50 por causa do envelhecimento precoce causado pelo excesso de raios UVA e UVB. Hoje em dia, muitas meninas andam por aí desfilando uma cor invejável em corpos sarados, mas daqui 10 anos a paisagem muda e começa a fase dos cremes rejuvenecedores.