terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Pocachontas moderno

Não ia me pronunciar sobre o filme Avatar. Mas com o passar dos dias e o incrível acúmulo de comentários absurdos, não me contive. James Cameron é um gênio do cinema moderno. Talvez muitos intelectuais queiram me matar depois dessa afirmação, porém eu tenho minhas razões para dizer isso. A primeira é que o diretor pegou uma história superconhecida de todos nós, mudou o título, o local, o nome dos personagens e conseguiu vender mais que Titanic. Ainda não identificaram? Vou ser mais específica. Flashback na infância: aquela tarde chuvosa que vocês ficaram na casa da vovó assistindo clássicos da Disney comendo pipoca. Na tela uma linda índia, nada típica, com seus milhos dourados, é surpreendida por um forasteiro. Lembrados? Pocachontas e Avatar têm mais em comum do que se imagina. Até mesmo as lições da índia a John Smith sobre o espírito da natureza dentro de tudo que é vivo. Pelo menos a pequena índia realmente existiu.
Uma crítica a ação do homem que povoa as entrelinhas de ambos os filmes. Não são histórias para crianças, seus objetivos vão além de entreter. Voltando a genialidade de Cameron. Então, a segunda razão é o tema do filme: cuide do nosso planeta. Justo em época de sustentabilidade ambiental e conferência em Copenhague o cara faz um longa-metragem feliz, cômico e dramático sobre como somos cruéis com nossas árvores e animais. É óbvio que, sensibilizados como estamos, vamos cair no papo dele. Nem mesmo Wall-e atingiu esse patamar, talvez porque naquela época o aquecimento global ainda era uma farsa.
A terceira e última razão, muito provavelmente a mais compreensível, é o trabalho dos editores em relação aos efeitos especiais. Não existe público descontente no cinema diante de megaexplosões, carros em chamas, vôos estupendos, entre outros. Um exemplo disso é o recente 2012, aliás com tema parecido. Um filme chato e sem estrutura, no entanto todos comentaram as grandes catástrofes muito bem apresentadas por Roland Emmerich.
O que James Cameron fez não é uma novidade em termos artísticos. A sua inovação está em outro tipo de arte, a da propaganda. Um remake subliminar. É até perigoso! O que mais me intriga é que poucas pessoas se deram conta disso, ou seja, muitas coisas podem voltar ao sucesso se bem planejadas. Enfim, só para terminar, confesso ter saído da sala 6 do Cinemark um pouco abalada e com a intenção de plantar uma árvore, mas o lixo dos outros telespectadores ao meu redor me fez perceber que a maioria não presta atenção na mensagem do filme. Nessa questão de texto e contexto, todo mundo prefere o mínimo esforço com máximo de benefício. E as garrafas e restos de pipocas apodreceriam lá se não existissem pessoas pagas para recolher essas coisas.

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