quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

2015 free

De outubro para cá vivi 10 anos em 90 dias. Larguei meu emprego, passei num processo seletivo para ir trabalhar num estágio profissional em Portugal, pela AIESEC. Iniciei um pedido de visto, eterno, que ainda não chegou. Larguei a vida saudável, bebi, fumei, saí, dormi demais, dormi de menos, parei de correr, parei de comer, voltei a comer, roí as unhas. Amei, pela terceira vez na vida, mais uma pessoa errada. A desilusão foi rápida, pelo menos isso. Encontrei tantos outros, tantos poucos, tão insignificantes que já nem lembro o nome e o endereço. Conheci gente maravilhosa, que vou levar pra sempre no coração.

Nestes três meses, fiz amizades mais intensas que as que tenho de anos. Aprendi a me apegar à distância e me desapegar de perto. Passei por um susto com a minha saúde, depois com a da minha mãe. Muitas coisas deram errado, muitos planos foram riscados, cansei de fazer listas, listas são para pessoas que não querem viver, só sonhar. Cansei de sonhar também, meti os pés na realidade e fui indo. A ansiedade me levou até São Paulo, num primeiro momento egoísta, pensando só no visto, na minha garantia de ir logo para Lisboa fazer a vida. Mas como esses dias foram intensos, em 15 minutos tudo mudou. Tive a minha primeira experiência de liderança na AIESEC, fui staff de comunicação no Youth to Business Brazil. Entrei ontem na organização e quando vi já estava numa oportunidade nacional. Apaixonei.

Uma semana e fiz outra família, irmãos de Estados que ainda tenho que conhecer. Me perdi e me achei em São Paulo, achei amor, fica na Paulista, num lugar chamado Livraria Cultura, pertíssimo de um Banrisul. Comi doce de feijão direto da Liberdade. E que liberdade foi essa! Não consigo acreditar no medo que eu tinha de ir embora, como estou pronta para voar e me jogar ao destino. Não é o fim, ao contrário, 2015 é o começo de tudo. Tudo que eu vivi até aqui não foi nada, nem se quer um teste de sobrevivência. Agora que começa, sem planejamento, sem certezas, sem motivos para ansiedade, sem ter o quê buscar, apenas um caminho para seguir e seguir da maneira que eu desejar.
Acho que agora eu posso dizer que entendi o valor da minha liberdade, em todos os sentidos.