quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Every exit is a start

Falaram que era o fim do mundo. Pensei que fosse conversa de botequim. Provaram que era profecia Maia, mas não me convenceram. Eu sempre soube que o apocalipse estava perto, devido ao incrível número de idiotas andando sobre a terra, no entanto, nunca acreditei que emergiria de uma seita aborígene do passado.

You see, eu sou mais um Constantine, se é pra ser religioso que tragam deus e o diabo para a batalha. Óbvio que nós não íamos viver para ver isso, afinal, muita coisa louca já aconteceu em 2012 e até a Lei de Murphy precisa admitir que está cansada. 

Niemeyer e Hebe Camargo morreram, o julgamento do mensalão começou, o Bóson de Higgs foi, finalmente, descoberto, as mulheres se deliciaram com literatura de quinta e o mundo se comprovou, mais uma vez, completamente mercantilista. Mais um ano cheio de memes rídiculos como Gangam Style torrando nossa paciência e tirando Gotye das paradas.

Se isso não é o fim already, talvez seja um começo. Isso mesmo, um momento para refletir e procurar uma saída. Corra para a mais próxima e se jogue de cabeça no futuro. O fim do mundo nunca foi tão útil. As pessoas estão há dias postando sobre o que fariam se amanhã tudo estivesse acabado. São cartas de amor e liberdade, são sentimentos, são coisas além do valor comercial. A minha pergunta é: por que expressamos isso só na hora H?

As pessoas deviam aproveitar esse frio na barriga, esse medinho, para sair por aí fazendo o que realmente queriam fazer. Faça da sua damnation a sua salvação, é o lema. Se amanhã for só mais uma sexta-feira, por que não vivê-la como a última? A adrenalina (ou quase isso) desses momentos torna os dias mais coloridos, mais vivos. É como se as pessoas acordassem da monotonia querendo pintar o céu cinza de azul. Por essas e outras quero mais que outras previsões apocalípticas tomem conta do que está por vir!

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Precisamos falar sobre Kevin


O filme em questão é um retrato de uma cultura que muito se fala, pouco se conhece. A sociedade norte-americana parece próxima de nós e muitas vezes assumimos ela como uma velha companheira. Porém, seus valores e costumes são completamente diferentes dos nossos e, por isso, não podemos sair julgando e apontando falhas que não compreendemos a origem.

Em Precisamos falar sobre Kevin, filme que retrata um relacionamento falido entre mãe e filho com problemas comportamentais, essas características culturais vem à tona. Claro que o longa peca em muitos aspectos, como, por exemplo, não mostrar a vida social de Kevin fora do convívio familiar, além de insistir numa posição freudiana demais de que a mãe é culpada pela frustração e angústia do filho.

No entanto, a obra retrata uma coletividade que se nega a discutir e falar a respeito de problemas mentais. Para quem não sabe, Kevin é um menino transtornado e que acaba por cometer um massacre em sua escola, como os casos Columbine e Newtown, mais recente. Aliás, desde o último incidente, só se escuta falar nos “Estados Unidos: país das armas”.

Não creio que esse seja o único problema. E os diretores do longa deixam isso claro, afinal Kevin mata os colegas com um simples arco e flecha. O livre comércio de armas nos EUA facilita, mas não é o mentor dos Kevins. O que leva jovens como esse a realizar atos de tamanha grandeza é muito maior e tem origens na psicologia/psiquiatria. Sim, isso mesmo! Parece óbvio, só que nos EUA eles não têm essa visão.

Para os americanos, uma criança que não fala ou gesticula até os dois anos de idade não precisa consultar um médico, cena muito marcante no filme. Eva, a mãe, leva Kevin a um médico que afirma que ele é perfeitamente normal. Depressão, autismo e esquizofrenia são detectados com relutância e muitas vezes tarde demais.

O tempo todo, a mãe pressente que Kevin é “mau” e que não há ligação afetiva entre eles. Ao invés de levar ele a um psicólogo (reação normal no Brasil), ela tenta dialogar com o marido. Este, que não está presente o tempo todo, desconhece o próprio filho e crê que suas atitudes estranhas sejam habituais, por ser um garoto.

Sinceramente, a carência que Kevin exala é fora do comum desde o princípio. Essa necessidade constante de atenção, que para eles é algo irrelevante, para nós é preocupante. É por essas e outras que não vemos episódios como Realengo se repetindo numa vórtice à la Columbine.

Os americanos precisam prestar mais atenção em seus filhos. Não adiante limitar a venda de armas, se não houver educação. Todos esses massacres são pedidos desesperados de jovens que se sentem rejeitados, excluídos e são, de fato, pessoas doentes que precisam de ajuda. Não é vitimar os culpados, porém aprender com os fatos passados a evitar futuras repercussões.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mais um conto triste


E os sonhos se foram junto com o dinheiro. Marina não se importou, nunca gostou de sonhar. Não achava seguro, muito menos prudente. O aperto no peito não era de aflição, mas de liberdade. As notas voavam de encontro ao rio enquanto Marina observava em contentamento do alto da ponte. Os cabelos envolviam seu rosto em suaves rajadas de vento.

Cansada, ela se debruçou no parapeito da ponte e ficou a olhar as notas como se fossem peixes. Fechou os olhos e imaginou como seria bom nadar, ou, melhor ainda, ser um barquinho. Navegando em meio às lágrimas da desilusão. Não, não era liberdade. Marina nunca poderia se libertar de si mesma e ser um barco. Por isso ela não gostava de sonhar. “Sonhos são impossíveis”, repetiu em voz alta para si mesma.

Quis gritar, no entanto não teve forças e apenas abriu a boca num ato mudo. O sol se punha do outro lado, fazendo com que as sombras multiplicassem as notas no rio. Aos poucos a correnteza foi levando aquela imensidão verde e a possibilidade de arrependimento de Marina. “O que está feito, está feito”, pensou.

Quando as sombras se tornaram permanentes, Marina levantou, deu meia volta e desceu a ponte vagarosamente. Sem saber ao certo para onde ir, seguiu pela margem, como se procurasse seus peixes imaginários, agora já mortos no fundo do rio. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

Fim de ano feelings

Faz horas que eu ando com vontade de escrever sobre esse ano. Não porque o fim do mundo está próximo, mas porque foi uma época boa e especial da minha vida. Foi um período de extremo crescimento, tanto interior, como profissional. Entrei no mestrado, chutei pedras no caminho, consegui e perdi emprego, comecei e terminei relacionamentos, arranjei amigos maravilhosos, saí do Brasil em grande estilo e descobri que talvez eu não seja tão durona quanto pensava que fosse.

Fechei 2011 com muitos projetos futuros. A maioria coisas que todo jovem de 20 e poucos anos deseja... Consegui realizar bastante coisa, até mesmo algumas bem irrelevantes e outras consideradas impossíveis.

A entrada no mestrado foi um marco na minha vida. Primeiro porque é completamente diferente da graduação. É outro ritmo, outro pessoal, outros livros e, principalmente, outro nível de maturidade. Claro que tem fogueiras das vaidades, eternas, por sinal. Porém eu aprendi a lidar com elas, depois de apanhar um pouquinho. As viagens que isso me possibilitou ultrapassam as barreiras da física. Do interior do estado gaúcho à Europa, eu dei voltas disseminando as minhas próprias ideias.

Aliás, o que foi a Europa? Meu deus, uma experiência que eu não consegui relatar até hoje com dignidade. Abandonada pela minha fiel companheira, Maria Teresa, me vi sozinha naquela imensidão de culturas. O jeito foi me jogar de cabeça e absorver. Mesmo já tendo morado fora, foi difícil encarar o momento, além de ter sido completamente inédito para mim. Ainda bem que o inglês é fluente e a mente é ligeira. Fiz amizades internacionais que ainda mantenho contato e ainda vou visitar.

Mal aterrizei de volta em Porto Alegre, a vida seguiu seu ritmo psicodélico. Novas oportunidades, novos contatos feitos e a primeira grande experiência como repórter. Teve seus altos e baixos, mas foi fantástica. Dormi e acordei respirando Feira do Livro por 17 dias. Conheci pessoas diferentes e me apaixonei pelos amigos Ricardo Rodrigues e Roberta Prestes, duas criaturas que não existem semelhantes em qualquer outro lugar/tempo.

Venci medos esse ano, voltei a ter uma vida sociável. Passei por cima de sentimentos que já não tinham mais validade e recuperei uma vitalidade que nem sabia que existia. Venci a balança, num total (somando com as perdas de 2011) 18kg a menos e muitas calças 38 novas. O mais importante foi me sentir bem comigo e saber que posso ter controle sobre mim.

Desafios a parte, foi bom me libertar, pena que o mundo vai acabar, só que não. Ainda tenho planos para 2013:

1- Postar nesse blog diariamente, começando AGORA!
2- Perder mais uns quilinhos haha
3- Voltar a acreditar no amor ♥
4- Conhecer Cáceres. Sim, tenho uma coisa com esse lugar :P
5- Passar na seleção de doutorado (vai ser no fim do ano, mas vamos que vamos)
6- Trabalhar mais :D
7- Realizar o sonho da casa própria
8- Correr uma maratona \o/
9- Entrar no Beira-Rio e ver o primeiro jogo da minha vida
10- Ser feliz, porque é importante sempre!

"There is an ordinary world somehow I have to find" :)

E finalizo com a música do The Bravery, afinal acreditar é o que nos faz seguir vivendo, ou quase isso.