terça-feira, 30 de julho de 2013

Sobre Grenal, futebol e amor

Nunca fui apaixonada pelo futebol (graças a deus e a minha mãe que me criou para ser um ser humano decente). Não tenho nada contra quem "ama" o esporte e dedica sua vida a ele. Porém com os eventos da última semana me sinto obrigada a desabafar sobre o assunto.

Recentemente namorei um fanático. Sim, eu. Sempre fui contra qualquer tipo de fanatismo, contudo nem as convicções, nem a vivência na hostilidade israelense me impediram de cometer essa burrice. É incrível ver como as pessoas são doentes por determinados temas. O futebol é um dos piores. Os sintomas incluem agressões das mais variadas espécies.

Aliás, o fim do envolvimento com o rapaz se deu por causa de um time de futebol. Não pela rivalidade entre nós, que praticávamos o clássico Grenal em casa, mas sim por eu me sentir obrigada a competir com o maldito time. Afinal, uma bola rolando na grama e um monte de homem suado gritando com outros montes de homens suados deve ser realmente mais empolgante que o amor de alguém. 

A situação de confusão mental em que eu estou só piora, pois Porto Alegre é palco de uma guerra midiática sobre violência nos estádios e chegamos ao ponto de ter jogos com torcida única, para evitar confrontos. Sempre achei que o circo (de pão e circo) existisse para nos divertir/distrair e não para nos consumar. Não consigo entender as pessoas que choram por seus times como se chorassem por outro ser humano. Não me entra na cabeça que muitos vão para uma partida de futebol tendo em mente a violência e não a confraternização.

Quando numa briga tórrida surgiu a questão: "ou ele ou eu", veio a tona a resposta: Grêmio. Fiquei perplexa. Não que eu não quisesse que ele tivesse seus hobbies, só que nunca imaginei que ele realmente fosse achar o time mais importante do que "seja lá deus o que a gente tinha". Fora toda a função em que eu me submetia a agendar tudo sempre de acordo com o calendário dos campeonatos em voga.

Pensando em um exemplo tão próximo e ao mesmo tempo tão distante - porque eu finalmente me dei o respeito e decidi seguir a vida mais leve - eu gostaria que todos amassem mais, sabe? Eu fico divagando, às vezes a gente se dedica mais a uma coisa do que a alguém. E isso é triste, já que as coisas não podem nos devolver o que investimos de sentimento nelas. Podemos nos confortar num jogo, num pote de sorvete, num episódio de seriado, mas isso nunca vão se equivaler a um carinho de verdade. Eu tenho pena de quem pensa o contrário.

Espero que essa história toda de violência nos esportes nos sirva de lição para levar as coisas mais na esportiva e menos a sério. Ninguém precisa morrer ou entrar em depressão quando seu time perde ou porque não pôde ver aquele golaço. Existe vida além disso.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Impressões sobre uma Buenos Aires europeia

Desci do avião. Dia turvo, literalmente. A capital argentina não poderia me surpreender mais: o clima europeu, a cidade recheada de teatros e cafés, os sebos... Ah, os sebos. Tive que abrir mão do gauchismo e me deixar levar pelos hermanos. Incrível como somos vizinhos de um povo tão peculiar, culto e diferente da gente e ainda assim insistimos em denegri-los!

Buenos Aires não é uma cidade perfeita. Seu centro é sujo, caótico e os mendigos se multiplicam a cada esquina. Mas os cheiros de frituras, café e baunilha dominam as artérias urbanas que cortam pequenos bairros. As construções antigas dividem espaço com monstros de aço e vidro tornando a paisagem ainda mais encantadora. Puerto Madero é um mundo a parte. A névoa grossa que se põe sobre o La Plata no inverno dá um ar de mistério ao lugar.

Até as pombas são diferentes! Mais robustas, mais petulantes também. Há uma umidade incessante que não estraga o passeio, pois todos os lugares, todos mesmo, têm calefação. É um bota e tira casaco. Cidade plana de fácil exploração, Buenos Aires é uma mini Paris, Lisboa, Londres, Madri... São tantas as culturas que ali se chocam que muitas vezes já não se sabe mais que língua se escuta e com qual responder.

Os hermanos? Extremamente hospitaleiros e sorridentes. Tudo bem, a economia deles não permite que eles recusem turistas, mas não é só isso. As pessoas te atendem com prazer, te agradam e são solícitas. Não da vontade de ir embora.

Os museus têm entrada gratuita e poucas linhas amarelas. As obras são interativas e convidam o público para uma nova jornada pela arte, tanto moderna como também contemporânea. Nos teatros, filas imensas. Espetáculos para todos os gostos e estilos, famosos ou não. As vitrines dos cafés exibem o poder do imaginário do dulce de leche desafiando qualquer dieta.

Ir par lá é mais do que viajar. É inserir-se em um ambiente rico e se deixar contaminar pelo novo e pelo velho também. A visita vale cada centavo.


Mais fotos aqui.