Terça-feira, 15:55h, eu e minha mão vamos ao banheiro do cinema do Barra Shopping. É dia 2 de fevereiro, mais um feriado religioso que eu não faço idéia. Don't blame me, sou judia. Faz 38ºC e pelo jeito pouca gente trocou a capital gaúcha pelas praias. Já é a terceira casinha de sanitário que minha mãe entra e sai no mesmo segundo porque não tem papel. A fila de mulheres apertadas aumenta. Depois do Sherlock, sala cheia, chão sujo, civilização não está em voga... 18:39h saímos em direção ao inferno, digo, Hipermercado BIG. Pensamento: comprar o básico, pão, comida de gato, pote de comida de gato, manteiga... Essas coisinhas essenciais nos lares brasileiros. Cruzamos a passagem que divide o fim do shopping e o início do super. Opa! Ar condicionado quebrado! Ok, precisamos muito de pão e petiscos felinos. Avançamos na sauna gratuita em busca de um carrinho. Nein! Refletimos sobre a necessidade de pão e petiscos mais uma vez enquanto a multidão se aproxima das mercadorias.
- Vamos levar terra para as violetas? - 19:35h e a terra entra naquele espacinho entre a manteiga, o pão e o decote do meu vestido.
O espaço está ficando escasso. Além do ar vencido, lixo por toda parte. Produtos largados em prateleiras erradas. É o caos.
- Vamos para a fila? - 19:45h como me arrependi de dizer isso.
Dobramos a esquina entre os frescos iogurtes no seu majestoso refrigerador e a seção light e nos deparamos com centenas de filas imensas com pessoas cheias de carrinhos e mercadorias. Tinha até gente levando ar condicionado para casa. A fila do caixa rápido dava voltas. Claro que no feriado tem menos gente trabalhando e os donos de super sempre acham que não vai ter movimento nesses dias insuportavelmente quentes. Andamos de um lado para o outro em busca de uma fila razoável.
- Ali! - As duas saem correndo para a fila menor. E sacode a manteiga, o pão, a terra...
- Ta, agora é rapidinho e logo, logo a gente ta em casa. - Doce ilusão.
Já passava das 20h e, pasmem, ainda tinha mais de 10 pessoas na nossa frente, todas com rancho. Realmente, o melhor dia para ir as compras. Acabou o troco. Mais 20 minutos. O cartão não ta passando. Mais 5 minutos. Ufa! Nossa vez! São 20:45h quando saímos do super em busca de um táxi. Ok, foi fácil. Mas demos o azar de pegar aquele tipinho mão de vaca que não liga o ar nem quando está 50ºC na rua. Colada no estofado de couro e me abanando entre as sacolas dou um suspiro de alívio, cinco minutos e estou em casa. Na curva, nosso simpático motorista, que não para de reclamar do calor, joga um papel enorme pela janela. E depois não sabe porque nos últimos anos o verão anda mais quente. São 21h e finalmente chegamos em casa. Realmente, a melhor indiada de todos os tempos, quase 3h dentro de um hipermercado para comprar: pão, manteiga, petisco felino, um pote de ração e terra. Onde a gente estava com a cabeça?
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