segunda-feira, 12 de abril de 2010

A importância do diploma

Busca desenfreada por audiência - por Ale Rocha
Entrevista Guilherme de Pádua no Ratinho

Não é todo dia que um assassino famoso decide dar uma exclusiva a uma emissora. Geralmente quando isso acontece, há um furor de pessoas histéricas em busca de novas informações do caso para encurralar o réu. Afinal, todo bom estudante de jornalismo ou jornalista experiente sabe: de nada adianta uma entrevista com alguém, se de lá não sair nada de inédito.
Repetir fatos que foram veiculados nos últimos 20 anos é um erro. E foi isso que aconteceu com o Ratinho no dia 8 desse mês. Ao convidar Guilherme de Pádua ao seu programa, um público enfurecido se manifestou via twitter contra a entrevista. Não é para menos, Pádua matou Daniela Perez em dezembro de 1992. O caso foi polêmico e teve plena cobertura da imprensa. Mas o pior de tudo não foram as manifestações, e sim a própria atitude do Ratinho que, por não conhecer técnicas de entrevista, se deixou dominar por Pádua.
Depois, o apresentador até se redimiu no twitter, disse que não era formado em jornalismo e por isso não cabia a ele conhecer os meios corretos de se coletar informações. Péssimo exemplo de mal uso da profissão. Todos os dias eu escuto comentários do tipo: "é muito fácil fazer jornalismo, só chegar e perguntar". Se fosse assim, Ratinho teria massacrado o psicopata ao vivo e não deixaria pedra sobre pedra. No jornalismo, não aprendemos como ficar bem na televisão. Existe todo um estudo da comunicação humana para se compreender esse interacionismo simbólico. O nosso trabalho, acima de tudo, é social. Por isso é tão importante a exigência do diploma.

2 comentários:

  1. Algumas considerações sobre a "conversa" entre Pádua e Ratinho:

    1 - Ratinho não conseguiu entrevistar o ex-presidiário. No máximo realizou uma conversa.
    2 - Guilherme estava acuado pelas manifestações da mãe da vítima feitas via twitter.
    3 - Ao manifestar opinião, principalmente no final da "entrevista" Ratinho demonstrou o que não se deve fazer, já que ele estava ali para coletar informações.
    4 - Guilherme já cumpriu sua pena, concordemos ou não, ele está limpo com a sociedade. Essa é a nossa lei, justiça foi feita.
    5 - Tu chamou Guilherme de psicopata, tem algum laudo médico de alguem que tenha realmente examinado o ex-ator? Creio que não.

    Sobre a "busca desinfreiada por audiência" acho que Ratinho conseguiu mostrar que a sociedade é preconceituosa com ex presidiários (Embora Belo ainda esteja em atividade), e que somos hipócritas. Houve manifestações de boicote ao programa no dia da entrevista e ele conseguiu o dobro de audiência. Se existe interesse do público pq não realizar a entrevista?

    Você daria uma segunda chance a um ex presidiário? Esse é o motivo da pauta, o programa do Governo Federal "Começar de novo". Ação que não teve destaque nos meios jornalísticos. Pq?

    Creio que a discussão seja a "visão da sociedade para os presidiários" não se Ratinho agiu certo ou errado.

    Abraços.

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  2. Caro colega,

    Em primeiro lugar, esse blog é de opinião, ou seja, não preciso necessariamente me basear em um laudo para achar que o Pádua se comportou como um psicopata.
    Em segundo lugar, não tenho nada contra ex-presidiários. Só acho que se a pauta era "começar de novo", ele deveria estar falando da vida atual dele: carreira, mulher, reinclusão na sociedade. Ele não falou, porque o Ratinho não conduziu bem a entrevista. O Ratinho foi esmagado pelo Pádua, que, para quem não queria tocar no assunto da morte da Daniela, se dedicou a entrevista inteira a falar SÓ disso.
    E em último lugar, sobre a busca por audiência, dá para ver que o senhor não leu o blog do Ale Rocha no Yahoo, onde esse assunto era o tema principal do artigo.
    Então, antes de vir aqui fazer considerações, leia os links recomendados e o blog em si com atenção. Como já disse antes, essa é a minha opinião pessoal, não uma reportagem jornalística.

    Grata!

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