terça-feira, 9 de novembro de 2010

Goodbye to you my trusted friend

Oi, pessoas que não leem esse blog!

Enfim, minha vida anda extremamente agitada nos últimos tempos e sinto que devo compartilhar com o mundo virtual meus últimos feitos (não, eles não são jornalísticos). Então, desde setembro as coisas andam um pouco confusas e corridas aqui em casa por causa da minha mãe, que descobriu que estava com câncer de tireóide. Ela já operou e está fazendo tratamento, segundo os médicos tudo vai ficar bem. Até aí, nada tão terrível, mas eu estou no meu penúltimo semestre de jornalismo, fazendo monografia e trabalhando feita uma louca em uma assessoria de comunicação. Não poderia haver momento mais que perfeito para acontecer esse tipo de coisa, não é?

Porém, todo esse turbilhão dos últimos meses não teve nada a ver com as coisas do parágrafo anterior. Em meio as confusões da primeira sessão de radioterapia da minha mãe, eis que surge um gato abandonado no meu prédio. Para quem não sabe, eu já tenho uma gata (que tem Asperger Syndrom, não comprovadamente). A Penélope está conosco há quase seis anos e é um membro da família.
Na tentativa de fazer uma boa ação nessa vida, decidi que devíamos mandar o gato para a veterinária da Penélope, já que constatamos que ele estava castrado e limpo, portanto pertencia a alguém. Ele ficou na clínica por uma semana, durante o período procuramos um dono para ele desesperadamente. Mas ninguém se interessou, mesmo ele sendo lindo e dócil.

Como não podíamos manter ele no veterinário por muito tempo, ele veio para a nossa casa. Por dois dias, a Penélope não dormiu, não comeu, não fez nada que não fosse ficar debaixo da cama da minha mãe. Pensamos que a gata iria morrer. Enquanto isso, fomos nos apaixonando pelo Chico, que já se achava o machão da casa.

No terceiro dia, eu comprei um difusor de feromônios felinos chamado Feliway, para ajudar a Penélope a gostar do Chico. A coisa funcionou para tirar ela do esconderijo e fazê-la comer, mas o repertório de palavrões dela para ele só aumentou. As coisas começaram a dar certo. Tivemos uma semana feliz e divertida com as trapalhadas dos dois. Até que, no final de semana, eu percebi que o Chico estava abatido. Achamos que era depressão, pois descobrimos que ele vivia num apartamento do outro lado da rua com acesso a pátio (meu apartamento fica no terceiro andar e é minúsculo). Quero deixar claro aqui que tentamos devolver o gato a sua dona, mas ela se recusou a ficar com ele sem nenhuma razão específica.

O fim de semana passou e foi seguido de um feriado. O Chico amanheceu febril e assustadas nós tentamos contatar a veterinária. Ela estava fora do país, então ligamos para uma amiga que nos ajudou a levar ele numa clínica aqui perto. Big mistake! Levamos ele sem caixa de transporte, tivemos de atravessar rua com o gato no colo e quase que ele fugiu. Resultado: ele chegou na clínica tão assustado e estressado que só conseguiram medicar para dor e febre.

Por dias observamos ele. Quase não dormi. Alimentei ele, dei água para ele e checava se ele estava respirando durante as noites. Passado o feriado, a veterinária dos meus filhos veio nos visitar, já que o Chico estava se recusando a beber água. Ela passou um fim de tarde aqui em casa, virou o gato do avesso e ele nem teve forças para se queixar.

As suspeitas não foram nada boas, Peritonite Infecciosa Felina (PIF). Foi aquela choradeira. Não vou entrar nos detalhes da doença, mas já digo para os mais interessados que não tem cura nem tratamento. O que se pode fazer é manter o gato confortável e esperar, ou praticar a eutanásia (é o mais recomendado). No final de semana seguinte (esse último, por sinal), o Chico foi levado para fazer um exame a fim de concluir as nossas suspeitas. Tivemos que isolar a Penélope e desinfetar a casa toda, porque a doença é extremamente contagiosa para os felinos.

Na sexta-feira, desmaiamos de cansaço. No sábado, eu amanheci doente. Não tivemos coragem de ligar para a veterinária antes do meio-dia. Quando ligamos só conseguimos ouvir a confirmação. Fomos para o hospital, porque eu estava muito mal e só voltamos no final da tarde. Ligamos de novo para a veterinária, não tinha o que fazer, o Chico estava sofrendo muito. Tivemos que mandar ele para o céu dos gatos. Vocês não imaginam a dor que é tomar uma decisão dessas, e olha que ele ficou com a gente só um mês. O Chico foi nosso sweet october.

Por isso, esse post é totalmente dedicado a ele (sim, eu sei que isso é um baita clichê). Só que ele nos distraiu de coisas ruins que estavam acontecendo e nos deu um pouco de esperança de uma vida melhor. Ele virou uma estrelinha. Nunca vamos esquecê-lo. Nem a Penélope, que odiava ele, esqueceu. Ela passa os dias procurando ele e cheirando os lugares que ele gostava de deitar.

Às vezes não importa o tempo que passamos com alguém, mas a qualidade desse tempo e o que conseguimos levar conosco, desse tempo, para o resto de nossas vidas.



we had joy we had fun we had
seasons in the sun
but the hills that we climbed were
just seasons out of time