Nesta última terça-feira, ocorreu, na livraria Cultura, a primeira mostra Curta Circuito de cinema universitário. O evento que conta com quatro encontros ao todo, cada um voltado para um assunto específico, foi realizado e idealizado pelas alunas de Tecnologia em Produção Audiovisual da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Carmel Silveira, Laura Coelho e Simone Luferrier.
Carmel Silveira, principal realizadora do evento, disse que a proposta era atingir o público em geral para ver filmes universitários fora das mostras tradicionais. O encontro inicial foi focado em obras de ficção, contando com curtas da PUCRS, da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também teve a participação de Fatimarlei Lunardelli (professora da UFRGS) e Carlos Gerbase (professor da PUCRS) no debate: “Roteiro: regra ou liberdade para a improvisação?”.
A livraria Cultura abrangeu o evento apoiando a difusão dos curtas universitários para o grande público. A mostra, que se iniciou às 19h e 30min, contou com três contos: Das 5 às 7 em um País em Subdesenvolvimento (PUCRS), Tabuleiro Incompleto (Unisinos) e Brainstorm Bar (UFRGS). O primeiro filme, dos estudantes Fabricio Cantanhede, Filipe Barros e Gabriel Cunha, se passa na Esquina Democrática de Porto Alegre e retrata em 21 minutos o cotidiano de dois personagens através de ângulos ousados e de um olhar em preto e branco.
O segundo curta-metragem, de Pedro Karam, é uma adaptação do conto da escritora Vera Karam, cujo tema aborda uma família transtornada. Durante o aniversário de setenta anos da avó, os assuntos discutidos no jantar transformam o clima da comemoração. O terceiro, de André Couto, Fernando da Rocha, Gabriela Oliveira, Laura Andrade e Pepe Mendina, fala sobre as dificuldades para criação de um roteiro por meio de três jovens universitários conversando em um bar.
Após as exibições, os convidados Fatimarlei Lunardelli e Carlos Gerbase subiram ao palco para a realização de um debate sobre a construção de roteiros para cinema. “Eu não acredito que existam fórmulas para escrever roteiros que sempre dêem certo até porque uma fórmula para escrever cada um desses filmes, uma única fórmula teria levado a uma padronização que acabaria justamente com a diversidade estética. (...) Eu acho que o bom roteiro é justamente aquele que atende aos desejos do realizador em função do projeto que ele vai ter lá na frente”, ressaltou Gerbase em contrapartida aos comentários de Fatimarlei.
A preocupação maior foi a qualidade dos roteiros, que segundo Gerbase, devem gerar um filme para que sejam considerados bons. Ele enfocou a questão de que escrever um livro ou compor uma música são atividades que não dependem de um planejamento escrito assim como um filme. O professor da PUCRS critica o uso de manuais de criação de roteiros e enfatiza a organização do pensamento para que se tenha uma base para começar um filme. Fatimarlei ainda completa o ponto de vista de Gerbase: “Colocar regra significa acabar com a criatividade (...)”.
A professora da UFRGS levanta a questão do direito autoral no mundo cinematográfico. Gerbase cita a lei brasileira onde os autores de um filme são: o roteirista litero-musical, o diretor e o autor da trilha sonora. “O autor de um filme, é um coletivo, não tenho dúvida nenhuma disso”, o professor contesta a legislação brasileira sobre a autoria cinematográfica. Gerbase faz o encerramento do debate com um pequeno discurso sobre os manuais de criação de roteiro e sua relação com a organização do filme, direitos autorais e a improvisação.
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