Após longos oito anos, eu tomei uma enorme decisão. O blog precisa acabar. Eu venho lutado fortemente contra a maré da vida nos últimos meses, numa posição muito difícil, longe das pessoas que eu mais amo, longe do meu país e sufocada por uma cultura estranha. Durante muito tempo eu pensei que não queria viver, que precisava da morte para acabar tudo, para sentir paz interior, porque a vida em si é muito caótica, em trânsito tende a ser infernal.
As relações têm me mostrado que preciso amadurecer e muito muitas ideias. Preciso recriar uma autoestima que a sociedade na minha volta fez questão de destruir. Preciso acreditar que tenho direito sim de ter amor, de querer uma família, de querer ir além e que não há nada de errado com esse pensamento. Preciso acreditar, acima de tudo, que mereço mais, que mereço melhor.
O blog não tem culpa nenhuma disso, ele é apenas parte de um processo, de uma longa caminhada que eu dei início na faculdade e que eu encerro na entrada do doutorado. Acho que, como todas as coisas da vida, teve um belo início, meio e fim. Mas como diz a banda Las pastillas del abuelo, "hay que saber quando parar".
Não é o fim da minha vida virtual, pelo contrário, acho que agora eu posso finalmente partir para uma plataforma mais política, mais voltada para o meu tempo e onde eu exponho menos a minha vida e mais o meu elaborado e refinado pensamento como comunicadora. Não é privação, afinal eu sempre fui uma pessoa mais aberta e, apesar de por muitos anos ter me sentido mal por ser assim, hoje eu percebo que é importante dividir e compartilhar.
Não vou excluir esse pedaço da minha história. As páginas daqui, que preenchem buscas do Google com o meu nome, vão seguir on-line. No entanto, eu preciso dessa pequena morte. Acho que foi Mia Couto até que disse, em algum dos muitos livros que eu já li dele, que às vezes a gente precisa se matar para seguir vivendo. É mais ou menos isso.
Depressão é um ciclo, não uma doença, não uma desculpa. É um ciclo que vai e vem e todo mundo vive e tem sua importância em viver o círculo até o fim. Mas cabe a cada um saber quando é hora de transformar a roda em reta e seguir adiante. Agora que se foi minha crise dos 6 meses, que começou a nascer em mim um desprendimento dos que estão distantes, que surgem finalmente no horizonte as novas perspectivas, agora é a minha hora.
Vou subir nesse trem antes que seja tarde. Não é uma busca por felicidade, porque feliz eu sou e muito. É aceitar que, depois de muito lutar contra as ondas de um mar bravo, a maré vai me levar se eu flutuar calma e tranquila.
Se o amor não me trouxe esse conforto, então dele que eu não posso depender ou esperar mais nada. As pessoas que me amam de verdade tem me mostrado isso a cada dia, que quando o sentimento é real, tudo se dá um jeito, sem conflitos, sem brigas, sem destruir casas e vidas. Aquilo só causa vontade de descer poço abaixo não pode ser alimentado e sim exorcizado, mesmo que aos poucos, no tempo de cada um.
Que venha mais um porto na minha vida, afinal sou amaldiçoada (ou abençoada) por cidades que têm um escape fluvial para o novo mundo. Que agora sim nasçam as amizades verdadeiras que hão de nascer em terras lusitanas, que agora venha o amor que eu tanto preciso e as novas oportunidades de ser amada como mereço. Que venham novos estudos, novos debates.
Solte a alma com fé e esperança. Tudo vai dar certo no fim, se ainda não deu, não é o fim. Tá longe dele prá ti.
ResponderExcluirClichezão indiano dos bons, dos vera.
Beijão!
Linda!
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