sexta-feira, 30 de maio de 2008

10 anos em 24 horas?!

Sim, é isso mesmo! No aniversário de 10 anos da CyberFam, fizemos uma maratona de jornalismo totalizando 24 horas de notícias. Confira você mesmo: CYBER 24 HORAS

Até viramos matéria da Zero Hora :)

Links: Infosfera e Zero Hora caderno de Tecnologia

Deborah Cattani

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Curta circuito


Nesta última terça-feira, ocorreu, na livraria Cultura, a primeira mostra Curta Circuito de cinema universitário. O evento que conta com quatro encontros ao todo, cada um voltado para um assunto específico, foi realizado e idealizado pelas alunas de Tecnologia em Produção Audiovisual da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Carmel Silveira, Laura Coelho e Simone Luferrier.

Carmel Silveira, principal realizadora do evento, disse que a proposta era atingir o público em geral para ver filmes universitários fora das mostras tradicionais. O encontro inicial foi focado em obras de ficção, contando com curtas da PUCRS, da Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também teve a participação de Fatimarlei Lunardelli (professora da UFRGS) e Carlos Gerbase (professor da PUCRS) no debate: “Roteiro: regra ou liberdade para a improvisação?”.

A livraria Cultura abrangeu o evento apoiando a difusão dos curtas universitários para o grande público. A mostra, que se iniciou às 19h e 30min, contou com três contos: Das 5 às 7 em um País em Subdesenvolvimento (PUCRS), Tabuleiro Incompleto (Unisinos) e Brainstorm Bar (UFRGS). O primeiro filme, dos estudantes Fabricio Cantanhede, Filipe Barros e Gabriel Cunha, se passa na Esquina Democrática de Porto Alegre e retrata em 21 minutos o cotidiano de dois personagens através de ângulos ousados e de um olhar em preto e branco.

O segundo curta-metragem, de Pedro Karam, é uma adaptação do conto da escritora Vera Karam, cujo tema aborda uma família transtornada. Durante o aniversário de setenta anos da avó, os assuntos discutidos no jantar transformam o clima da comemoração. O terceiro, de André Couto, Fernando da Rocha, Gabriela Oliveira, Laura Andrade e Pepe Mendina, fala sobre as dificuldades para criação de um roteiro por meio de três jovens universitários conversando em um bar.

Após as exibições, os convidados Fatimarlei Lunardelli e Carlos Gerbase subiram ao palco para a realização de um debate sobre a construção de roteiros para cinema. “Eu não acredito que existam fórmulas para escrever roteiros que sempre dêem certo até porque uma fórmula para escrever cada um desses filmes, uma única fórmula teria levado a uma padronização que acabaria justamente com a diversidade estética. (...) Eu acho que o bom roteiro é justamente aquele que atende aos desejos do realizador em função do projeto que ele vai ter lá na frente”, ressaltou Gerbase em contrapartida aos comentários de Fatimarlei.

A preocupação maior foi a qualidade dos roteiros, que segundo Gerbase, devem gerar um filme para que sejam considerados bons. Ele enfocou a questão de que escrever um livro ou compor uma música são atividades que não dependem de um planejamento escrito assim como um filme. O professor da PUCRS critica o uso de manuais de criação de roteiros e enfatiza a organização do pensamento para que se tenha uma base para começar um filme. Fatimarlei ainda completa o ponto de vista de Gerbase: “Colocar regra significa acabar com a criatividade (...)”.

A professora da UFRGS levanta a questão do direito autoral no mundo cinematográfico. Gerbase cita a lei brasileira onde os autores de um filme são: o roteirista litero-musical, o diretor e o autor da trilha sonora. “O autor de um filme, é um coletivo, não tenho dúvida nenhuma disso”, o professor contesta a legislação brasileira sobre a autoria cinematográfica. Gerbase faz o encerramento do debate com um pequeno discurso sobre os manuais de criação de roteiro e sua relação com a organização do filme, direitos autorais e a improvisação.



terça-feira, 27 de maio de 2008

Bem-vindo, isto é Brasil!

Aula de legislação em jornalismo. Fim da manhã, barrigas roncando. Colegas roncando. Uma garota gritando ferozmente que todos os jornalistas são honestos e não existe desonestidade nessa profissão perversa. As cruzadinhas do Correio do Povo não estão conseguindo me manter concentrada. Calor inesperado e não previsto pelo Bom Dia Rio Grande. Realmente, ninguém fala nada com nada. E num momento propício como este, minha colega me conta sobre um site na Internet que gera assunto para quem não tem o que falar numa roda de bate-papo. Claro que, apesar de não acreditar que alguém pudesse perder seu precioso tempo fazendo uma palhaçada dessas, achei engraçado e decidi conferir. Site simples, sem interfaces complicadas e botõezinhos. Em uma tela branca absorvente apenas dois campos. Um diz, "Título da Obra"; e o outro ingênuo diz: "Quantas frases?". Abaixo um único botão, "Gerar!", como um grito de guerra. Então, o leitor cansado das estapafúrdias conversas de bar e, pior ainda, de não saber o que falar naqueles momentos em que é questionado sobre assuntos meramente complicados, tais como CPI do Detran e Dossiê Dilma, entra no "Gerador de Lero-Lero"- como é conhecido. Prático, não?! O pequeno sistema que em alguns sites é em flash, em outros, uma tecnologia desconhecida, gera milhões de frases prolíxas, vazias e totalmente sem conteúdo. Sua função? Fazer alguém parecer superior falando besteiras sobre economia e política em bares remelentos? Talvez. Há quem diga que este pequeno serviço gratuíto na Internet pode vir a ser útil para trabalhos de faculdade ou escolares, espero que não. Enfim, vivendo e aprendendo, inventaram a Wikipedia, logo depois veio a Desciclopedia e por aí vai. Qualquer dia acordamos em um Brasil igual ao de Idiocracy. E viva la revolucion!

Por Deborah Cattani

terça-feira, 20 de maio de 2008

Primeiras mulheres

Texto retirado do jornal Cidade e Sorriso - O jornal prá quem vive numa boa (Edição nº14/2008)


Por Deborah Cattani

ProfissãoAdvogada
NomeMirtes de Campos
Formatura1898 Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro
ObservaçõesEm 1888 concluíram o curso de direito na Faculdade de Recife Maria Coelho da Silva Sobrinha, Maria Fragoso, Delmira Secundina da Costa e em 1889 também no Recife se formou Maria Augusta C. Meira de Vasconcelos, mas nenhuma delas chegou a exercer a profissão.
1906 – ano que ingressou na OAB e enfrentou discriminação no exercício da profissão.


ProfissãoAviadora
NomeAnésia Pinheiro Machado
FormaturaSão Paulo
Em 09/04/1922 recebeu seu segundo brevê de piloto concedido a uma mulher no Brasil.
ObservaçõesFoi a primeira aviadora brasileira a transportar passageiros e a realizar vôos acrobáticos, além de ter atuado como repórter aeronáutica.


ProfissãoCaricaturista
NomeNair de Tefé
NascimentoRio de Janeiro-RJ
10/06/1886 - 10/06/1981
ObservaçõesSuas caricaturas foram publicadas pelos jornais “O Binóculo”, “A Careta”, “O Malho”, e outros, além da “Gazeta de Notícias” e “Gazeta de Petrópolis”. Nair de Tefé casou-se no dia 08/12/13 com o Marechal Hermes da Fonseca, então presidente da República. No final dos anos 70, embora muito idosa, ainda participava das comemorações do Dia Internacional da Mulher.


ProfissãoDentista
NomeDavina César da Silveira
NascimentoLocal desconhecido
07/08/1898
ObservaçõesNa época o registro de dentista era obtido mediante testes prestados ao Serviço Nacional de Fiscalização.
O de Davina foi obtido em 04/05/1933, e os testes foram prestados em 23/03/1933.
Na época a profissão detinha o título de Dentista Prática Licenciada.


ProfissãoDeputada
NomeCarlota Pereira de Queirós
Formatura1933
ObservaçõesCarlota foi eleita Deputada Federal para a Constituinte de 1933, integrando a Comissão de Saúde e Educação.


ProfissãoCineasta
NomeCléo de Verberena (pseudônimo de Jacira Martino Silveira)
NascimentoAmparo – SP
1909/1972
ObservaçõesO primeiro filme dirigido por uma mulher no Brasil, foi produzido em 1930 O Mistério do Dominó Negro. Cléo Verberena era atriz e vendeu suas jóias e propriedades para financiar o sonho de produzir, dirigir e estrelar o citado filme.


ProfissãoEnfermeira
NomeAna Néri (Ana Justina Ferreira Néri)
NascimentoCachoeira do Paraguassu – BA - 13/12/1814
Rio de Janeiro-RJ - 20/05/1880
ObservaçõesÉ considerada a 1ª enfermeira voluntária do Brasil. Em 1865 embarcou com o exército de voluntários na Guerra do Paraguai


ProfissãoEscritora
Primeira Mulher a fazer parte da Academia Brasileira de Letras
NomeRaquel de Queiroz
Pseudônimo: Rita Queluz
NascimentoFortaleza - CE - 17/11/1910
Rio de Janeiro-RJ - 04/11/2003
ObservaçõesPublicou o seu primeiro romance O Quinze em 1930.
Em 1977 tornou-se a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras.


ProfissãoFeminista, escritora, educadora e tradutora
NomeNísia Floresta (Nísia Floresta Brasileira Augusta)
NascimentoPapari – RN - 12/10/1810
Bonsecour – França - 24/04/1885
ObservaçõesPublicou em 1832, em Recife, a obra Direitos das mulheres e injustiça dos homens, uma tradução livre de Vindication of the Rights of Woman, da feminista inglesa Mary Wollstonecraft. Esta publicação deu-lhe o título incontestável de precursora dos ideais de igualdade e independência da mulher em nosso país.


ProfissãoJornalista
NomeViolante Atalipa Ximenes Bivar e Velasco
NascimentoBahia - 01/12/1816 ou 1817
Rio de Janeiro-RJ - 25/05/1875
ObservaçõesDirigiu o Jornal das Senhoras da argentina Joana Paula Manso de Noronha, que foi o primeiro jornal redigido por mulheres. O historiador Vidal de Barros no livro História e evolução da imprensa brasileira afirma que: “Com Violante Bivar nasceu também a primeira compreensão, entre nós, do problema da emancipação feminina”.


ProfissãoPrimeira eleitora do Brasil
NomeCelina Guimarães Viana
NascimentoMossoró - 1898
ObservaçõesEla fez parte da relaçõa de eleitores do rio Grande do Norte, com base na disposição da lei estadual de 1926 Art.17: “No Rio Grande do Norte, poderão votar e ser votados, sem distinção de sexos, todos os cidadãos que reunirem as condições exigidas por lei. No dia 25 de novembro de 1927, deu entrada numa petição requerendo sua inclusão no rol de eleitores do município.
O Juiz Israel Ferreira Nunes deu parecer favorável e Lea enviou telegrama ao Presidente do Senado Federal, pedindo em nome da mulher brasileira a aprovação do projeto que instituía o voto feminino, amparando seus direitos políticos reconhecidos na Constituição Federal.


ProfissãoCompositora, maestrina e abolicionista
NomeChiquinha Gonzaga ( Francisca Edwiges Basileu Neves Gonzaga)
NascimentoRio de Janeiro-RJ - 17/10/1847
Rio de Janeiro-RJ - 28/02/1935
ObservaçõesAo lado da consagrada carreira de maestrina, compositora e pianeira, dedicou-se também às campanhas sociais. Ativista da abolição dos escravos, após a mesma compôs um hino em homenagem áPrincesa Isabel.


ProfissãoPrimeira médica formada no Brasil
NomeRita Lobato Velho Lopes
Formatura10/12/1887
na Faculdade de Medicina de Salvador - BA
ObservaçõesCuriosamente, as três primeiras mulheres estudantes de medicina no Brasil eram gaúchas, foram admitidas na mesma instituição: Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e no mesmo ano 1884. Eram elas: Rita Lobato Velho Lopes, Ermelinda Lopes de Vasconcelos e Antonieta César Dias. Todavia, Rita Lobato, após cursar o primeiro ano, transferiu-se para Faculdade de Medicina da Bahia, sendo a primeira a graduar-se três anos depois. As três abriram os portões das faculdades às mulheres


ProfissãoPrimeira Senadora
NomeEunice Mafalda MichilesMandato: 31/05/1979 a 31./01./1987PDS - Amazonas
FormaturaPedagógico – Escola Normal Adventista – São Paulo-SP - 1948
ObservaçõesEleita suplente do senador João Bosco Ramos de Lima pela ARENA, no pleito de 15-11-1978, com 31.819 votos.
Assumiu o mandato de Senador pelo estado do Amazonas, em maio de 1979, por motivo de falecimento do Senador João Bosco


ProfissãoMédica Veterinária
NomeNair Eugênia Lobo
Formatura1929
Escola Superior de Agricultura e Veterinária, hoje, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro


ProfissãoÍndia Caiapó
NomeDamiana da Cunha Meneses
ObservaçõesDamiana era índia da tribo dos Caiapós,que cresceu na religião cristã. Casou-se com um português, Manoel Pereira da Cruz, e percorreu o sertão trabalhando na catequização dos índios. Teve grande importância no processo de aculturação das tribos indígenas brasileiras. A ela coube o mérito de trazer à civilização seus irmãos selvagens e rebeldes.


ProfissãoParteira
NomeMaria Josefina Matilde Durocher
Formatura1834 - Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro
ObservaçõesPrimeira mulher formada no Brasil a publicar textos na área de obstetrícia (1848), foi a única admitida como sócia, no século passado, na Academia Imperial de Medicina (1848). Durante a sua trajetória, também se interessou por questões sociais, escrevendo um projeto para fiscalização de amas-de-leite e um opúsculo sobre a maneira de se efetuar a emancipação dos escravos.


ProfissãoPrimeira Mulher a se sacrificar num lance heróico
NomeIrmã Joana Angélica de Jesus
NascimentoSalvador-BA – 1760
Salvador-BA - 20/02/1823
ObservaçõesMorreu com um golpe de espada desferido por um soldado do exército português, que combatia na Bahia as milícias brasileiras pró-Independência.
Sua morte deu mais alento à luta pela independência travada pelo povo baiano. Tornou-se um símbolo da resistência contra o autoritarismo português.




Fonte Talavera


Foto: Juliana Marina Moreira / PMPA

A famosa fonte Talavera, que habita o centro de Porto alegre, quebrada em 2005 por manifestantes, passa por nova obra de restauração e deve ter conclusão em meados de julho.

A fonte que havia sido revitalizada em 2000 foi vandalizada durante uma manifestação há três anos. Retirada no dia 9 de maio deste ano para que seja feita a sua substituição, a fonte foi criada por Juan Ruiz de Luna em seu atelier em Talavera de la Reyna, Espanha. Esta tem mais de 150 anos e foi presenteada a Porto Alegre pela Sociedade Espanhola de Socorros Mútuos, no centenário da Revolução Farroupilha, em 1935.

As peças danificadas foram encaminhadas à Europa para que profissionais da cidade espanhola, Talavera de la Reyna, pudessem restaurá-la. Prontas desde outubro do ano passado, as partes da fonte só chegaram a capital gaúcha no mês de março, onde permaneceram em um cofre por mais um mês em função do burocrático anúncio da obra de revitalização.

O arquiteto responsável pela obra em Porto Alegre, Edgar da Luz diz que a montagem da infra-estrutura do local já está em fase final. Além da parte estética, o monumento ganhou um novo sistema de bombas e passará ainda por uma limpeza.

A restauração teve custo aproximado de R$ 65 mil. E segundo a coordenadora da Memória Cultural do Município, Miriam Aloísio Avruch, somente o valor de confecção das peças se estabeleceu em torno de R$15 mil. A instalação da bacia, entre outras partes, tem apoio financeiro do governo espanhol e conta com recursos do Fundo do Patrimônio Artístico e Cultural (Funphac). 

Maitê escritora

“Eu assisto tudo que é programa dela, porque ela é muito inteligente, é uma pessoa que viajou muito (...) Ela é muito simples, muito singela no que ela fala” – Bernardete Pompermayer, 56 anos, funcionária pública estadual.

Após o grande sucesso de vendas do livro “Uma vida inventada” (Editora Ediouro, R$20,30), a atriz e autora deste, Maitê Proença Gallo, compareceu a um talk-show com o repórter e apresentador Túlio Milman no Shopping Praia de Belas na tardinha desta última quarta-feira, dia 14 de maio.

Resultado de uma parceria com a Livraria Saraiva, o evento recebeu um grande público de fãs da escritora. Túlio Milman deu início à entrevista falando de seu primeiro livro que ganhou uma edição ampliada recentemente, “Entre Ossos e a Escrita” (Editora Agir, R$23,90), com cinco crônicas inéditas. Neste, ela relata momentos de sua vida profissional através de publicações variadas na Revista Época, em 2005, sucesso de vendas em Portugal.

O livro que Maitê Proença está lançado agora já está esgotado nas livrarias do país, segundo Maitê, devido a um erro de cálculo no número de exemplares. O único lugar que ainda possui a obra para venda com disponibilidade imediata é a Livraria Saraiva Praia de Belas. “Uma Vida Inventada” superou o primeiro lugar na listagem dos mais lidos de ficção da Revista Veja e se tornou o livro mais vendido no Brasil nas últimas semanas, desde seu lançamento.

Milman questionou Maitê como era a sua relação com imagens e letras, como essas duas formas conviviam dentro da espiritualidade da atriz. Maitê disse que “ator está sempre representando a visão de mundo, o olhar, as questões de uma outra pessoa que escreveu aquilo que é representado (...) e a gente tem que tomar aquilo pra si de tal forma que a gente consiga se emocionar com aquilo. Esse público do ator eu já tenho porque eu estou há quase 30 anos nessa vida como interprete dramática, e eu acho que chegou uma hora em que eu fiquei com vontade de estreitar o laço entre mim e esse público que já existe”.
Ao longo do talk-show, ocorreram interações com o público, dando oportunidade aos participantes de fazer perguntas direcionadas a Maitê. Respondendo aos fãs, a autora disse achar seu livro “bonito e delicado”. Túlio Milman aproveitou a oportunidade para questionar se o livro era baseado em sua vida real. “A gente não inventa nada, está tudo na vida”, respondeu a atriz com bom humor.

Um dos temas das perguntas foi a relação de Maitê Proença com o programa Saia Justa (todas as quartas-feiras, ás 22:30h no GNT), onde ela, Betty Lago, Márcia Tiburi e Mônica Waldvogel debatem assuntos da atualidade. “O programa saia justa é ao vivo, interagindo com outras pessoas, e nós todas somos muito distintas”, disse Maitê explicando a diferença entre ser atriz e ser ela mesma diante das câmeras. Ela ainda confessou não gostar de notícia: “eu só leio jornal por conta do Saia Justa (...) eu acho que noticiário não é cultura, nada daquilo você vai levar com você”.

No entanto se considera uma pessoa culta e viajada. Prestou oito vestibulares diferentes em áreas distintas. Chegou a cursar algumas como psicologia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e comunicação social habilitação jornalismo na Universidade de São Paulo (USP). Mas largou as duas e foi viajar pelo mundo. “Viajar foi minha faculdade”, diz orgulhosa de suas escolhas. 

domingo, 18 de maio de 2008

Anseios de Marina


Não era um casamento comum. A tarde fria de agosto deixava um sabor áspero nos que entravam na igreja. As nuvens aveludadas e acinzentadas, carregadas de névoa e geadas, andavam lentamente fazendo questão de esconder o sol.
Os devaneios na cabeça de Marina eram muitos. Quase tão grandes quanto as nuvens pesadas. Pequenos cristais d’água brilhavam em seus olhos e desciam lentamente pelo seu rosto borrando a maquiagem recém feita.
Dúvidas ela não tinha, porém sabia que se enfrentasse o seu caminho sofreria. Duas escolhas a cercavam como um véu de seda pura. Sabia que para seguir seu coração teria de renunciar a sua vida. E só de saber aquilo sentia seu coração bater mais forte do que o mundo poderia girar. Sentia como se fosse a única respirando dentro da sala abarrotada de velhas e gordas mulheres, todas emocionadas com a situação.
A igreja, agora cheia, tinha um cheiro quase pútrido de velas. O padre, muito velhinho, estava impaciente no altar. E Rodrigo sentia suas mãos suando. Sabia da verdade. Gostaria muito de poder sair correndo e chorar. Mas tinha conhecimento de que se o fizesse, entregaria sua honra aos presentes como quem vende um móvel velho e obsoleto.
Marina levantou seca, limpou as lágrimas e se dirigiu a porta. Sua decisão estava formada e nada poderia mudar o que deliberara. Renunciaria ao seu coração e teria uma vida plena e fácil ao lado de seu futuro marido. Seria esposa, mãe e avó. Tricotaria, cozinharia e limparia a casa. Por mais que odiasse tudo aquilo.
O silêncio se fez ao som da marcha matrimonial. Todos ficaram de pé e viram a noiva. Bela, formosa, a mulher mais bonita daquelas pradarias. Seu rosto manchado e vermelho, com pequenos brilhantes denunciando o seu choro anterior. Caminhou lentamente em direção ao seu amanhã.
Parou por um momento. Sentiu vontade de sumir no ar, como o pó levado pelo vento. Entretanto, seguiu seu caminho. Sentia-se predestinada ao sofrimento. Via todos os seus anos de dedicação indo embora.
Chegou ao lado de Rodrigo. Ambos viraram-se para o padre, que agora tentava encontrar seus versos. Murmúrios saltavam de sua boca dirigindo-se ao coração dos noivos. Pequenas alianças escorregaram entre os dedos. Olhares frios. Uma fotografia que parou o tempo. E chegou a hora de sair.
Arroz, buquê, histeria e a próxima vítima. Os noivos são levados a casa do pai de Marina, onde haverá uma comemoração formal. Rodrigo toma uma decisão ao ver um passarinho. Pequeno, lutava contra o vento gélido em busca de um lugar que o acolhesse durante o inverno, pois havia perdido seu bando na partida para um lugar mais quente.
Pousou sua mão sobre a mão de Marina, que imediatamente se retorceu contra. Disse em seu ouvido discretamente que queria lhe contar um segredo e era importante. Marina não deu relevância ao fato e disse necessitar retirar-se. Subiu as escadas para seu quarto no momento mais oportuno e abriu uma gaveta com a chave que carregava consigo.
De lá tirou um lenço e desenrolou-o. Pegou o pequeno vidrinho com um líquido vermelho sangue. Pensou em tudo que seu pai havia lhe dito. Em todo o sofrimento de sua mãe. Pensou em seus sonhos perdidos. Bebeu, gole por gole até secar o vidro. E desceu novamente.
Rodrigo a conduziu para uma varanda, onde as pessoas presentes não poderiam ouvi-los. Segurou as mãos de Marina e assumiu saber de seus desejos. Disse estar preocupado, mas prometeu levá-la para a cidade e dar-lhe uma chance para estudar como sempre quis. Marina sentiu-se tonta com as palavras. Não esperava que a felicidade pudesse um dia bater em sua porta sem aviso. Rodrigo percebeu que seu rosto estava pálido. Então como um último suspiro, Marina desfaleceu em seus devaneios para sempre, enquanto Rodrigo descobriu em seu coração o quanto amava aquela menina-mulher.  

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Sobre escolhas, jornalismo e uma menina mulher

Risonha, observadora e tagarela, Lisiane Lisboa Souza, estudante de jornalismo na Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) não é mais uma daquelas menininhas que sonha com o brilho da fama midiática. Nascida no dia 3 de janeiro de 1989, crapricorniana, Lisi, como é conhecida entre parentes e amigos, estuda e trabalha enfrentando os caminhos e percalços da vida. Visa ainda, em seus planos futuros, terminar a faculdade e se Graduar também em História, que para ela “pode ser um importante complemento para o jornalismo”. Pretende trabalhar tanto com televisão como com jornais impressos.

Desde a sétima série tem seu destino profissional decidido pelo jornalismo. “Sempre tive muita facilidade nas redações e escrevia muitas coisas quando criança, tinha diários e fazia muitas cartas. Jornal então nem se fala, assistia desde sempre e imitava a Fátima Bernardes na frente do espelho”, conta Lisiane. Contudo, enfrentou momentos de indecisão ao terminar o Ensino Médio. Entrou na PUCRS no inverno de 2006 em jornalismo, mas resolveu trocar para Relações Públicas para ganhar meia bolsa filantrópica. Após três longos semestres, ela voltou a cursar a faculdade de seus sonhos. “Nunca tinha me imaginado fazendo relações públicas”, fala explicando porque não gostava do curso.
Um de seus passatempos é ficar sozinha em casa lendo e ouvindo música – samba rock e música popular brasileira, seus músicos preferidos são Jackson do pandeiro, clube do balanço e Chico Buarque de Holanda. “Ás vezes com namorado, fica muito difícil ter essa oportunidade”, confessa a estudante. Entretanto, se diz uma pessoa sociável: “sou muito curiosa, pergunto tudo quando sou apresentada á alguém”. É bem vaidosa e está sempre arrumada, “como toda mulher, demora um tempão para se arrumar e não cumpre muito os horários”, diz seu namorado. Leitora aficionada em livros de jornalismo investigativo revela ter um “espírito meio idoso”. Segundo ela, livros que retratam a realidade têm maior relevância do que os romances. Tem grande carinho por Caco Barcelos e seu trabalho investigativo nos livros Rota 66 e O Abusado. E é por isso que gostaria de seguir no ramo do jornalismo de investigação. “Mas acredito que seja um pouco sonho sem perspectiva de realização”, diz ela, “porque esse campo está em decadência, os que estão lá fazendo já são os veteranos”.
Faz estágio conveniado à PUCRS no Canal 20 da TV por assinatura. Trabalha na edição de pauta do programa Seis e Meia, e só necessita comparecer na redação duas vezes por semana, o resto do trabalho é feito em casa. Mesmo com essas tarefas, tem tempo para o namorado, Victor Herbst Garcia, que conheceu através do seu ex. Depois de terminar dois anos e meio de namoro, começou a conversar com este amigo, descobrindo várias afinidades em comum. “Somos realmente muito parecidos, acho que até almas gêmeas, pois nos encaixamos em tudo no relacionamento”, conta, agora com sete meses de namoro. Garcia diz que Lisiane é “uma pessoa carinhosa, compreensiva, muito calma, não é muito baladeira”. Um ano mais velho, ele faz curso técnico em administração visando arrumar um emprego para depois poder pagar uma boa faculdade.
O namorado conta que “ela é muito família, gosta de cozinhar (...)”. Lisiane mora com os pais, Arlete Lisboa e Claudemir Sousa. Seu relacionamento com a mãe é aberto e as duas são muito companheiras. “Minha mãe sempre me apoiou muito em todos os sentidos, tem muito orgulho de mim, porque acredita que eu escolhi jornalismo por causa dela, mas não foi. É que ela fez três anos de jornal na PUCRS, mas parou para cuidar dos filhos”, Lisiane diz que Arlete Lisboa cursou jornalismo em 1979. Já seu pai não compartilha do mesmo companheirismo, segundo ela, os dois têm suas “incompatibilidades”. Não possui animais de estimação no momento, mas divide a paixão por cachorros com o namorado.

terça-feira, 13 de maio de 2008

120 anos de Lei Áurea

Hoje, dia 13 de maio de 2008, faz 120 anos que a Lei Áurea foi aprovada e os escravos libertados no Brasil. Inacreditável que uma data tão importante não seja feriado. E que a única tentativa de se redimir da sociedade perante os afro descendentes são as cotas. Mas pior do que tudo isso é que ninguém, NINGUÉM mesmo sabia dizer o que que era comemorado nesse dia. Nem mesmo os descendentes de escravos, pardos, negros, imigrantes, índios, entre outros. Há 120 anos atrás libertamos essas pessoas. Será mesmo? Jogar um ser humano na sarjeta, sem casa, comida, dinheiro e roupa, não aceitá-lo como empregado por ser de cor, será que isso pode ser chamado de liberdade? Nosso conceito de liberdade hoje é muito restrito. Trabalhar em um emprego humilhante para ganhar míseros 418 reais por mês que não pagam o supermercado e o transporte diários não é liberdade. Ter de se sujeitar aos preconceitos de outros para garantir um lugar mínimo que seja, dentro dessa imundice de sociedade em que vivemos, isso NÃO é liberdade. E exatamente por isso, que devemos lembrar desta data, pois esta apenas mudou o nome de uma condição e depende de nós, filhos de uma nação paternalista, soltar as algemas e correr para uma liberdade verídica e não pretenciosa.

Deborah Cattani

domingo, 11 de maio de 2008

O legado de Olegário


Entre os dias 17 de abril e 25 de maio, ocorre a mostra das obras de Olegário Triunfo na sala Augusto Meyer da Casa de Cultura Mario Quintana. O artista, que faleceu em 2001, deixou como legado pinturas, esculturas entre outras formas arquitetônicas. As telas, que ilustram o dia-a-dia e a vida simples deste gaúcho, agradam os passantes com seus tons coloridos.

Olegário iniciou sua carreira artística na década de 1970, teve obras expostas no Museu de Artes do Rio Grande do Sul (MARGS) e se tornou vereador de sua cidade natal, cujo nome adotou como sobrenome artístico, Triunfo. Seu verdadeiro nome era Vânius Olegário Machado e ficou famoso por sua luta pela conservação do patrimônio histórico de sua cidade, mais tarde vindo a ser membro do movimento tradicionalista gaúcho.

Uma curiosidade da exposição, é que a maioria de suas obras não possui título. As telas exibem imagens cotidianas como crianças brincando, pessoas no parque, um circo, e algumas cenas religiosas como a Nossa Senhora Aparecida segurando o menino Jesus e o próprio Cristo em sua morte. Mesmo simplórias, as imagens passam muito mais do que tinta e pincéis; têm significado, basta olhar com atenção para interpretar a obra apreciada.

Além das pinturas, as esculturas encantam também. Formas humanas nada convencionais talhadas em ferro e madeira enfeitam o meio da sala Augusto Meyer. Sua paixão pela pintura e a arquitetura se mantem preservada dentro do coração da Casa de Cultura e está aberta ao público. A visitação é gratuita e é permitido tirar fotos das obras.


sábado, 10 de maio de 2008

Alegría invade Porto Alegre


As luzes somem. O silêncio é breve, logo os músicos dão o ar de sua graça. Lâmpadas de cores frias se ascendem e iluminam a lona. O desenho de um céu cheio de nuvens se forma no teto através das sombras. Um homem corcunda metido em um smoking de veludo vermelho e segurando um mastro surge no centro do palco. É o Fleur, um bobo da corte sem rei de Alegría. A maquiagem lhe da um ar arrogante e um olhar sério. A banda toca cada vez mais alto e o público bate palmas no ritmo da música. O personagem pitoresco guia a banda por entre os espectadores fazendo brincadeiras e gritando: “Alegria!”. Começa o espetáculo na capital gaúcha.

O Cirque du Soleil surgiu em 1984 em comemoração ao 450º aniversário da chegada de Jacques Cartier ao Canadá. Seus criadores e ex-artistas de rua, Guy Laliberté e Daniel Gauthier, queriam inovar os espetáculos circenses, criando um espetáculo que fosse uma mistura de teatro com arte popular, fantasias extravagantes, música própria e um jogo de luzes diferenciado. A primeira apresentação ocorreu em Gaspé, em Quebec.

No fundo, a banda se instala. É composta por um baixista (que também é o regente), um baterista, um homem com um triângulo, uma mulher simpática com um acordeão, um saxofonista e um tecladista. Todos vestem ternos brancos, com coletes de lantejoulas prateadas e botões dourados. Seus rostos são pintados de branco, com narizes compridos, bochechas rosadas e batom azul. Lembram os aristocratas do século XV com suas perucas de cabelos alvos e encaracolados.

Nada de ‘respeitável público’. À medida que a música toma forma, cinco palhaços aparecem no palco. Máscaras e roupas são tão intensas que já não é possível distinguir sexo. São coloridos, usam jóias vermelhas brilhosas, penas amarelas e tiras de tecidos amarradas pelas pernas em tons rosados e púrpuros. Cada um com sua identidade e respectiva máscara. Riem, caem, brincam e seguem a banda. O palco é grande: há três entradas principais, nas laterais e no centro. Nos lados, camas de elástico. Em cima, trapézios.

Um menino, o russo Nikita Moiseev (única criança do grupo), vestindo um chapéu coco e bata amarela, emociona o público com trôpegas palavras em português. Pede a todos que não tirem fotos por causa da concentração dos artistas, balançando os penduricalhos debaixo do chapéu. Atrás dele, usando uma roupa igual, está Tamir Erdensaikhan. Os magos se dirigem para uma lateral do palco. Surge a primeira cantora, Nancy Arnaud, de branco da cabeça aos pés. Vestida de fada, com anteninhas, canta com toda a força de seus pequenos pulmões a música Alergía, escrita por Franco Dragone, Manuel Tadros, Claude Amesse e René Dupere.

Alegría estreou no aniversário de dez anos do circo em 1994 em Quebec. A produção barroca itinerante  já esteve em 65 cidades de 17 países diferentes como Nova Iorque, Londres, Paris, Sydney, Tóquio, Rio de Janeiro, entre outras. Sua temática se baseia em política, reis tiranos e ditadores. Ao todo, mais de 10 milhões de pessoas em todo o mundo já assistiram a essa mostra. O objetivo é trazer  esperança e  perseverança ao público, mostrando que trabalhar em conjunto é possível e que confiança é fundamental. O show explode semiótica por todos os lados, cada personagem tem significado próprio.

Pássaros segurando molduras sem espelhos invadem a pista, notas musicais desenhadas a cada passo dado. Os pássaros são duas mulheres, Evguenia Rochtchina e Olga Vavrenyuk, usando malhas de lycra azul anil. Tocas brancas com cachinhos e penachos vermelhos e azuis cobrem seus cabelos. Sobre os seios, conchas com desenho espiral. Sentam, de costa para a platéia segurando seus boás (mantas de plumas) de tom azul marinho.  As notas musicais vão aos poucos diminuindo e modificando-se.

Stéphanie Gasparoli e Brian Beech entram das laterais opostas e juntam-se no meio do palco. Suas fantasias são mais suaves: malhas brancas com adornos vermelhos, azuis e prateados brilhantes. Assim como os pássaros, também usam toquinhas. Sem nenhuma proteção, sem cordas presas aos corpos, sobem em um trapézio juntos. De uma altura de cerca de 10 metros, fazem contorcionismos, flutuando de um lado para o outro com a maior tranqüilidade do mundo. Nem as interjeições de incredulidade do público nem a densidade musical do ar tiram a atenção no que estão fazendo.

Os sleps do contrabaixo ditam outro ritmo. A entrada dos Bronxs é anunciada pela música de Benoit Jutras, Incantation. Nove artistas fazem coreografias ao som de tango. Os ousados movimentos dos macacões dourados representam o Power Track. Nos pulsos usam faixas prateadas. Correm muito rápido, multiplicando-se por todos os cantos. Os palhaços coloridos tentam entrar no jogo, mas são jogados de um lado para o outro. As piruetas são complexas e os dançarinos jogam seus corpos uns por cima dos outros sem nunca se tocarem. Todos os movimentos são muito bem ensaiados mas, apesar disso, quebram o clima e saem do palco.

Os irmãos estadunidenses, Time e Maui Sumeo chegam com tochas de fogo ardente. Usando tangas de couro marrom e maquiagem tribal giram barras de chamas ardentes criando círculos luminosos no ar. Os dois pegam o fogo com as mãos e o espalham no chão, extasiando o público. Fazem uma performance primitiva ao som da música Lubia Dobartan de Helene Dorion.

Marcos de Oliveira Casuo - único brasileiro da trupe – integra o elenco há seis anos, mas está no ramo há mais de 13. Antes trabalhava no Grande Circo Popular do Brasil, do ator Marcos Frota. Após participar de uma seleção no Rio de Janeiro, Casuo entrou para o grupo Soleil como acrobata. Apesar de ter deixado seu país para trás, e adotado o mundo como sua casa, o palhaço faz trabalhos voluntários por todas as comunidades carentes que passa.  

De repente, silêncio. Casuo sobe ao palco com seu tradicional topete amarelo, nariz vermelho e sobretudo roxo. Montado em um cavalo de pelúcia zebrado, faz palhaçadas imitando o animal. Pablo Gomiz Lopez sobe assim que Casuo some. O palhaço de barba preta, nariz vermelho, cabelos cresço veste um macacão largo cor de laranja, gravata borboleta e sapatos marrons muito grandes. Sozinho, brinca com um modesto avião de papel.

Mais uma vez escuridão. Um barulho ensurdecedor de motocicleta começa a vir na direção dos espectadores. Uma luz branca e forte dança rápida pelo palco. Luzes amareladas flagram Casuo segurando um guidon de moto. Casuo e Lopez arrancam risos da platéia com suas piadas, às vezes picantes. Assim que deixam o palco, os palhaços coloridos voltam saltitando e preparam o local para mais uma apresentação surpreendente.

O ucraniano chega com soberania. Com o peito nu e uma calça corsário branca, Denys Tolstov para diante de dois mastros pequenos. Após uma pequena dança, sobe nos mastros e se equilibra sobre uma única mão. Seus músculos incham e o suor brota como pequenas gotas de cristais em sua testa. Sua força é monstruosa. Demonstra seu talento e se despede introduzindo a jovem russa Maria Silaeva.

A loira maquiada e vestida como uma bailarina entra com sua fita amarela sacudindo no ar no ritmo da música.  Seu colant perolado e bordado com pequenas flores evidencia as formas femininas. Faz com o corpo o que faz com a fita, rodopiando e se confundindo com seu instrumento. Encerra sua apresentação com um show de bambolês.  Consegue girar oito: quatro em seu tronco e quatro distribuídos em seus membros. Mais uma vez os Bronxs aparecem, demarcando uma mudança no cenário: é o clímax.

Os palhaços, Casuo e Lopez, retornam com suas brincadeiras. Lopez faz uma encenação que resulta em uma tempestade de papéis brancos picotados em toda a platéia. É a representação de uma nevasca. Quando os sons do temporal cessam e os papéis assentam no colo daqueles que assistem atentamente a cada movimento, Lopez reaparece nas escadarias com um chapéu. Na aba, uma borboleta. São as quatro estações. É hora do intervalo.

Meia hora depois, os atos seguem com maior velocidade. Surge a segunda cantora, a ucraniana Malika Alaoui, toda de preto, complementando as frases versadas da cantora branca. É a vez do Flying Man, Alexander Dobrynin. Segurando-se em um elástico, faz saltos enormes sobre a platéia com suas calças pantalonas brancas e toca azul. Seu rosto não aparenta medo, ao contrário do público. Literalmente, voa por todo o espaço. Os palhaços voltam a brincar no palco, desta vez com pessoas da própria platéia.

Uma legião de homens de branco com coletes dourados, segurando barras de borracha, aparece. São todos iguais. Dividem-se em trios: enquanto dois seguram a barra, o terceiro pula. O pequeno monge participa de um dos saltos, o salto final, que depois é imitado pelos palhaços de forma satírica. O Russian Bars, como é chamado o ato, conta com dez artistas.

Mais uma vez a música muda. Duas meninas da Mongólia entram cercadas pelos palhaços coloridos. Oyun-Erdene Senge e Ulziibuyan Mergen param uma de frente para a outra e esperam os palhaços retirarem suas capas de penas beges. Com perucas azuis e malhas brancas com desenhos azuis e dourados  coladas ao corpo as duas se contorcem em um círculo elevado do palco. Em certos momentos é quase impossível saber onde começa uma e termina a outra.

O espetáculo chega ao fim e se encerra se na apresentação da barra aérea elevada, único número que tem uma rede de proteção. Vários homens com roupas que lembram pássaros rodopiam em uma barra de 5 metros no alto da lona branca. Se jogam no ar uns para os outros, em perfeita sincronia.  Após o ato, todos os artistas sobem ao palco ao som de Alegría para agradecer a presença dos espectadores. O clima é de euforia total. Todos se levantam e aplaudem, gritam e saúdam os talentosos rostos sorridentes do palco. É hora de ir embora levando um pouco de Alegría.

Valsa para todos

 Pouco divulgada, a pré-estréia do filme Valsa para Bruno Stein baseado na obra, de mesmo nome, de Charles Kiefer, ocorreu dia 9 de maio no auditório do prédio nove da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A divulgação contou com a participação do diretor, Paulo Nascimento, do escritor e professor da PUCRS, Charles Kiefer e de dois atores do filme, Fernanda Moro e Sirmar Antunes.

Às sete horas da noite, horário previsto para apresentação do filme, o auditório já se encontrava cheio de alunos, professores e visitantes. Kiefer aproveitou o momento e sorteou cinco livros da nova edição de Valsa para Bruno Stein. Após problemas técnicos com o equipamento audiovisual, iniciou-se a mostra. Oitenta e oito minutos que retratam a história de uma família interiorana de colonização alemã, cuja vida das mulheres gira em torno de Bruno Stein - pai, marido, avô e amante.

Finalizada a apresentação, os convidados se dirigiram ao palco para realização de um debate e responder a perguntas da platéia presente. Paulo Nascimento começa o suposto debate comentando sua emoção em “ver Carmem Silva pela primeira vez desde sua morte” e que a filmagem foi sua última participação nas telas. Kiefer revela que ele e Nascimento estão há 12 anos preparando em parceria esta adaptação cinematográfica.

Um dos fatos mais marcantes do filme é o cenário, que fica entre Caçapava e Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, a 80 km de qualquer cidade. A casa do filme foi construída pela produção em sete dias e hoje é um museu deste. “Foi uma imersão total (...), porque ambiente era fundamental nesse filme, o ambiente é um personagem (...), era essa coisa da imensidão, do vazio (...)”, diz o diretor.

Paulo Nascimento ainda fala sobre as técnicas utilizadas para confecção do filme, que é o seu segundo longa-metragem. “No filme entra tudo o que no livro não está escrito (...) o objetivo era contar uma história que poderia se passar em qualquer lugar do mundo”, declara explicando os contrastes de claro e escuro em determinadas cenas. Uma das dificuldades que eles contam da realização do filme foi encontrar um ator que se encaixasse como Bruno Stein. Wagner Moura acabou assumindo o papel. O elenco conta também com Ingra Liberato, Marcos Verza, e Yonara Karam.


Kiefer diz que esse filme, gravado no mês de janeiro de 2007, especificamente “é um cinema brasileiro diferente, um cinema mais literário”. Segundo ele, “o filme não tem nada de cinema brasileiro, na verdade, é um filme europeu, é um filme lento (...) não tem um monte de chavões do cinema brasileiro”. O diretor e o escritor falaram bastante de sua relação com o projeto de adaptação do livro. Nascimento conta que o relacionamento surgiu através da produtora executiva do filme, Marilaine Castro da Costa, que leu o livro na época e disse a ele que o livro daria um ótimo filme. “Já li escalando o elenco”, conta.


A pré-estréia tinha por objetivo observar as reações do público, assim como feito anteriormente em Toronto, Canadá e Montevidéu, Uruguai. Patrocinado, principalmente, pelo Ministério da Cultura e pela Petrobras, o filme tem lançamento nos cinemas dia 6 de junho juntamente com Indiana Jones, O Homem de Ferro e Crônicas de Nárnia.

domingo, 4 de maio de 2008

38 vezes Inter

Bola pra cá, bola pra lá, tensão entre a torcida. Os gritos ainda baixos. Vinte minutos de jogo e nada definido. Até que a falha na zaga do Juventude e cruzamento de Danny Morais resultam em um gol. Gritos alucinados de torcedores colorados, mas logo a torcida se acalma, afinal precisava de mais um pra ganhar. Porém, o temor da torcida não desanimou os jogadores que aos 29 minutos mostraram que a vitória estava próxima. Gol do Fernandão, Inter 2 x Juventude 0. Nem o frio nem o vento fizeram esse time parar. Um minuto depois, Fernandão de novo. E aos 37, ainda do primeiro tempo, foi a vez de Alex. Descansam, bebem água, escutam atentos aos comando de Abel. E voltam a partida. Segundo tempo, dois gols na frente, mais 45 minutos de jogo. Mal entraram em campo e... Fernandão marca o quinto. Aos 8 minutos veio o sexto, pela gana de Nilmar. Os torcedores eufóricos já gritavam "é campeão, é campeão". Aos 11 minutos, a pressão aumenta e Clemer não segura, Juventude marca seu gol de consolação. A torcida colorada sorri, o jogo está ganho. Aos 32, vem o número da sorte, sete, graças ao Índio. Torcedores do verdinho deixam o estádio cabisbaixos, acabou. Mas, o juiz dá uns acréscimos. E, Clemer marca o oitavo. Oito, 2008. Trinta e oito vezes campeão do Gaúchão. Com grande defesa e garra, o Inter provou hoje que não existem carmas.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Isabella Nardoni: overdoses midiáticas

A morte da menina de 5 anos que chocou o país, no dia 29 de março, se tornou matéria constantemente abordado pela cobertura desenfreiada da mídia. Com isso, a Cyberfam decidiu transformar este o tema do debate conhecido como Contraponto. Para ouvir, basta clicar AQUI! A experiência de 40 minutos na frente de um microfone juntamente com outros colegas e opiniões fortíssimas foi muito boa, podemos expor comentários e comparar o fato com outros casos sem falar na chance de se sentir uma radialista de verdade.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Iom HaShoá Ve Gvurá

Fonte: Visão Judaica

Hoje em Israel, ao som de uma triste sirene aguda, milhares de pessoas pararam suas vidas por um minuto. Um simples minuto que representa a memória de um fato, cujo esquecimento espreita e assusta à todos: o Holocausto. Nesta data se lembra todo o terror enfrentado por muitas pessoas nos campos de concentração, se presta respeito ao heroísmo dos que lutaram na Segunda Guerra Mundial e, principalmente, não se esquece o fato.

É um dia triste, porém importante, mais importante que o 11 de setembro. É nele que se passa adiante uma história que não pode se repetir, é nele que se enfrenta o nazismo olho no olho. E esse dia devia ser lembrado no mundo todo, todos deviam parar por um mísero minuto e pensar no que a humanidade foi extremamente conivente, no que a sociedade viu uma nação se transformar e na letargia que o socorro chegou para esse povo. TODOS, sem exceções deviam saber o que foi a Segunda Guerra e este deveria ser um dia de paz mundial, sem crimes, um dia de pensar e refletir.

Um dia onde todas as etnias se respeitem, onde árabes vejam os judeus com outros olhos e vice-versa. Um dia em que a fome não seja o único pensamento dos pobres e o dinheiro o dos ambiciosos. Um dia que nunca mais podemos apagar.

Originalmente a data era comemorada no dia 19 de março, por causa de sua criação (19/03/1943 dia da resistência do Gueto de Varsóvia). Mas, com a criação do estado de Israel, a data foi movida para o dia 27 do mês judaico, Nissan. Em função do calendário este ser lunar, portanto móvel, cada ano o dia é comemorado em diferentes datas no calendário cristão. Pessoalmente acho que todo o dia é o dia do holocausto, o mundo não pode ignorar um genocídio e muito menos a sua violência atual.