quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A metodologia da decoreba

"Repitam comigo, façam como eu faço..." Sempre odiei essas frases. Sou declaradamente contra essa metodologia. Nunca aprendi nada decorando. Posso até memorizar uma informação, por um tempo específico. Mas no futuro, o que eu não aprendi de verdade é descartado na minha lixeira mental. Acho de mau gosto impor às pessoas esse tipo de ensino. Se é que se pode chamar de ensino. Sou assim e nunca rodei em nada. Não decorei fórmulas de física, não decorei a tabela periódica, não sei repetir de cabeça todos os casos em português onde se usa ou não a crase. De qualquer forma, passei pela vida. Terminei o colégio no tempo certo. Passei no vestibular. Me graduei. E cá estou, empacada em uma burocracia brasileira. Já não é de hoje que o Brasil adotou a técnica do "Monkey sees, monkey does". Não só nas escolas, nas faculdades, nos concursos públicos (ridículos, por sinal), porém o pior de todos os lugares de aplicação, na minha opinião, é a autoescola. Sim, eis a minha dificuldade: passar no maldito exame prático. Cheguei ao ridículo de anotar a quantidade e os lados dos piscas que eu tenho que dar para não ser reprovada. Já fiz o teste duas vezes. Na primeira, nem saí do lugar praticamente. 
Agora, na segunda tentativa, dei a volta completa, fiz baliza (que por si só já é uma palhaçada), garagem e a voltinha com o instrutor. Rodei porque andei a 40km/h num pedaço de rua onde a máxima era 30km/h. Falta de atenção. Se eu tivesse carteira e tivesse feito isso, teria sido multada e seguido adiante (isso se tivesse sido flagrada). Durante as minhas 20 e poucas incansáveis aulas de autoescola, eu era a única imbecil na Bento Gonçalves dando pisca para desviar dos carros estacionados. Sério! Em cinco dias de treinamento eu fui cortada cinco vezes por pessoas com carteira de motorista, sendo que em uma delas foi por um triz que não aconteceu um grave acidente de trânsito. O fato é que  a prova para ser motorista é feita para ninguém passar de primeira. Afinal, como você acha que o Detran faz dinheiro? Cada prova custa uns R$ 70,00, soma aí uma aulinha dupla R$ 50,00. Já viu, né?
É tão absurdo, que hoje de 20 pessoas, nenhuma passou. Só duas pessoas chegaram a sair da baliza, contando comigo. Em vez de o Detran perder tempo fazendo seu trabalho e fiscalizando os então motoristas, educando os que futuramente serão motoristas e se preocupando com a segurança nas vias brasileiras, o órgão está é lucrando abominavelmente com os pobres como eu. Chegou um ponto em que o meu instrutor me mandou treinar em casa, no carro de um amigo. Claro que isso é ilegal, entretanto é a resposta que eles dão a quem carece de dinheiro para mais aulas. As aulas são tão voltadas para a tal da prova, que se você troca de carro percebe que nem sabe dirigir. Aliás, é tão crítico o negócio que eles mandam você vir sempre com o mesmo sapato.
Já vi algumas matérias na televisão sobre o assunto. Infelizmente não foram suficientes para cessar essa máfia. Eu acho que nem deveria ter prova. Bastava aumentar o número de horas obrigatórias de aulas práticas, assim o teu próprio instrutor diria se tu estás ou não apto a sair para as ruas de vez. Além disso, a reciclagem tinha que incluir a prática. Esse negócio de voltar lá e ver meia dúzia de aulas teóricas não faz diferença. Entra por um ouvido e sai pelo outro. Eles se preocupam tanto com a baliza, que se esquecem de ensinar como entrar numa vaga de frente (coisa muito comum em shoppings e supermercados). 
Enfim, quis postar aqui a minha indignação de pessoa que sabe dirigir, mas que infelizmente, por azar, por insegurança, por nervosismo de prova, foi reprovada no teste. O próprio examinador me disse que sou uma excelente motorista. Como diriam alguns youtubeiros: "Puta falta de sacanagem." Para mim isso é Brasil: uma decepção atrás de uma burocracia.

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