Há exatos cinquenta anos atrás o Brasil vivia um momento político frenético, um período de instabilidade governamental, de transição. Era a luta pela legalidade. Políticos, jornalistas e grandes pensadores com a mesma intenção: defender a constituição brasileira e evitar um golpe de estado. O medo do comunismo, do autoritarismo e da intervenção militar uniu o povo pelas ruas de Porto Alegre, onde o movimento tomou forma, para depois tomar o país.
Apesar da força da população naquele instante específico da nossa história, o Brasil não soube crescer com isso. Três anos mais tarde foi deferido o golpe de 1964, arrasando os últimos resquícios de democracia no país. Foram longos 20 anos de torturas, censuras, agruras e outras ações intempestivas. O progresso das telecomunicações se deu junto da ascensão militar. Passado o sufoco, tivemos um presidente ladrão: Fernando Collor. Deu-se início a moda da corrupção. Vimos senadores colocarem dinheiro na cueca, palhaço e jogador de futebol se elegerem deputados. Crianças passando fome, animais abandonados.
O Brasil cresceu mesmo 50 anos em 5, porém isso só se aplica aos ricos. A miséria tomou conta. Aí veio o Lula: a esperança popular. Houve um avanço no nordeste. Uma era positivista que se encerrou dando início à continuidade do governo petista. Assim, como a cada duas subidas vem uma curva para baixo, tudo não é perfeito, estamos numa das piores fases. Cada dia cai um ministro por corrupção. A falta de políticas públicas, contra as drogas e em prol de uma juventude saudável, no passado transparece agora, em cada esquina, em cada criança de 11 anos cheirando crack. O respeito pelo patrimônio público nunca foi tão inexistente. Lixeiras, muros, calçadas, museus, prédios, tudo depredado. O engraçado é que o povo é quem paga. Valores da família se vão esgoto abaixo. Não se comemora mais o dia do índio, aliás se constrói hidroelétricas em cima deles. Se rouba velhinhas, mata-se amantes, queima-se mendigos. Eis um belo retrato do nosso país.
E por que será que pioramos tanto? Nós, que costumávamos ser mais instigados que os franceses. Nós que íamos às ruas. Que pintávamos as caras. Que queimávamos sutiãs em praças. Onde nós estamos? Será que cansamos de reclamar? Será que perdemos nossa energia? Eu não sei. Entretanto, não paramos de por filhos no mundo. Não paramos de gerar receita. Porém esquecemos de instruir, cuidar, amar. Deixamos nosso filhos passarem por cima de nós.
Acho importante lembrar o passado, principalmente o glorioso. Só que o passado não existe apenas para ser lembrado. Ele serve para nos ensinar a não cometer os mesmos erros. A data da legalidade não pode ser lembrada há cada 50 anos e sim, todos os dias. Com certeza 90% da população brasileira não sabe de cabeça os tempos que marcaram nossa política, nossas vidas. As pessoas vivem o momento e se esquecem que o momento é sempre consequência de fatos predecessores.
Para refrescar a cuca, breve documentário que o PDT fez sobre a legalidade:
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