Quando diversas linguagens se misturam ou ultrapassam suas plataformas para alcançar outras é que vemos como a humanidade fez avanços gigantescos nos últimos anos. Mas nem sempre as combinações dão certo.
O que ultrapassa fronteiras deve ser mais que bem planejado. Esse final de semana vi uma triste tentativa desse cruzamento. A apresentação do famoso grupo Coisas que Porto Alegre Fala (#CQPF, nas redes sociais) no teatro, ao meu ver, foi o começo do seu próprio fim.
Famosos pelos vídeos curtos no Youtube, o grupo conquistou mais de 3 milhões de fãs em menos de 1 ano. A brincadeira consistia em usar o bairrismo gaúcho para tratar de questões polêmicas em Porto Alegre, sempre com muito bom humor. No entanto, sair das telas para as cortinas não deu certo. Em única apresentação, eles fizeram excelente divulgação (primeiro erro), tornando as expectativas do público além do que (eu acho) eles mesmo esperavam.
No auditório Araújo Viana, recém reformado e lotadíssimo, eles pecaram em vários aspectos, a começar pela falta de uma história com início, meio e fim e, para terminar, com o uso de piadas tão antigas que o público (na maioria jovens) não conseguiu captar.
Incrível como a internet facilitou a disseminação de certas coisas, principalmente no campo do humor. Mas, mais incrível ainda, é como as piadas tem validade curta nessa nova era. O público foi desanimando junto com os atores ao longo da peça. O que poderia ter sido uma série de esquetes geniais, se tornou 50 minutos de um bate-papo estranho, torpe pelo uso constante de palavrões e enfadonho. O final foi tão esquisito que as pessoas não sabiam o que fazer, simplesmente ficaram esperando por mais e, ao sair, viravam-se para o palco na esperança de um boom, uma virada fantástica.
Por instantes fiquei na dúvida se a culpa era deles ou nossa, pois (eu, pelo menos) esperávamos uma transgressão do que já tínhamos visto nos vídeos. Pensando bem, cheguei a conclusão que uma história, que se passa no presente, que tem como um dos fatores principais uma fita VHS que vem do futuro, não poderia MESMO ser um sucesso.
Decepcionada com os 35 reais que gastei para cantar Amigo Punk e descobrir que Porto Alegre já foi cenário de um carro chamado Miura (?), só me restou esse desabafo. Quando achamos que jovens, com ferramentas modernas e linguagem jovem podem inovar é quando mais nos enganamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Solte o verbo...