segunda-feira, 27 de maio de 2013

Não é sobre nudez!

Não sou contra a Marcha das Vadias. Também não apoio o movimento. Me calo diante dele, na verdade. É algo que me assusta, não por suas palavras ou atos sem pudor. Não pelo fato de que mulheres saem peladas pelas ruas invocando palavras de ódio ao machismo. Mas sim porque estamos em pleno século XXI e as mulheres (de países livres como o Brasil)  ainda precisam tirar as roupas e riscar seus corpos para chamar a atenção às causas que já deveriam ser comuns na nossa sociedade.

Me entristece ver que nós precisamos mais do que gritar, precisamos nos expor. Expor nossos corpos ao julgamento público para que ouçam que somos desrespeitadas, violentadas e ignoradas constantemente. Vi várias meninas com cartazes dizendo: "o corpo é meu, me respeite". Como que, hoje em dia, ainda é necessário gritar isso nas ruas? Já não deveria ser senso comum que cada um é cada um e decide sobre si mesmo?

A coisa chega a um ponto tão maluco que o protesto é espaço de defesa do próprio protesto. No palco onde as atrizes deviam, com suas vozes, ganhar o público, elas se despem do pudor, no entanto sempre justificando essa escolha. A imagem do cartaz diz tudo, é preciso justificar que não é uma marcha sobre sexo ou nudez, mas sobre a violência.

Ser mulher é difícil por inúmeros motivos que nem convém trazer a tona novamente. Já começa pela imagem ao lado. O disque-denúncia, um número gigantesco, indecorável, indecifrável... Por que não podemos simplesmente digitar 190 e dizer que estamos em perigo? Por que ainda temos uma ineficiência na única lei que nos protege? Por que tenho que queimar meu sutiã em praça pública para provar que não sou objeto de ninguém e que mereço ter controle sobre mim?



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