Parei para pensar – raro nessa vida – o quão designada e destinada anda a minha rotina. A verdade é que me tornei previsível. Os culpados:
Twitter,
Facebook e
Foursquare. Meus passos e sentimentos mais íntimos são bens comuns de todos que frequentam as minhas páginas na internet. Perdi meu fator surpresa, não sou mais cheia dos mistérios.
Nessa filosofada (farofada), eu me dei conta de que não sou só eu e o fulano. Mas todas as relações humanas. Não existem mais relações. Estamos todos conectados, sabemos da vida de todo mundo. Basta olhar o histórico do
Twitter aqui, umas fotos ali no
Flickr, uns
gifs animados no
Tumblr... As pessoas não conseguem mais estabelecer uma conversa, porque não há mais sobre o que falar.
A vida está em segundo plano. As redes vêm em primeiro lugar. É mais importante alimentar o
feed do que viver. O
check in (ou chequinha, como eu gosto de brincar) é fundamental para ser alguém, sinal de
status.
Acordei hoje num choque de realidade. É férias e eu deveria estar por aí, escalando montanhas, saltando de paraquedas, acampando em contato com a natureza. Porém, não consigo desconectar. Passar um único dia longe de qualquer
device com internet me dá uma ânsia, um medo absurdo. É o prelúdio do caos.
Como conhecer os outros se não preciso mais questionar? Se questiono a resposta é: "não viu meu
post mais cedo?". Como viemos parar aqui? Ou melhor, por que viemos parar aqui? Será que é porque as relações foram desvalorizadas?
Aliás, o amor está em baixa. Amar não é o
hype do momento. As pessoas consideram isso errado. Eu mesma vinha considerando o amor coisa de velho, ou pior ainda, de gente carente. Desde quando o amor é exclusivo de algo ou alguém? Fiquei intrigada, perguntei pro
Google e nada.
Não sei o que houve no mundo nos últimos 10 anos. No entanto, estamos mudados, não nos entregamos mais às oportunidades. Não sabemos mais viver o momento. Sofremos de ansiedade e ficamos enlouquecidamente recarregando as páginas. A espera de um telefonema ou de uma mensagem não existe, pois inventaram o maldito cutuque no
Facebook. Se me cutucas, eu te cutuco.
A solução? Excluir-se! Deletar as contas e soltar-se dos grilhões. O afastamento é a única cura. O problema é que todos estão plugados e sair desse mundo significa estar sozinho. Talvez seja duro no princípio, mas há mais na vida que notificações e salas de bate-papo. Que tal sair e ver o sol, sem um filtro do
Instagram, hoje?