quinta-feira, 25 de agosto de 2011

50 anos de legalidade

Há exatos cinquenta anos atrás o Brasil vivia um momento político frenético, um período de instabilidade governamental, de transição. Era a luta pela legalidade. Políticos, jornalistas e grandes pensadores com a mesma intenção: defender a constituição brasileira e evitar um golpe de estado. O medo do comunismo, do autoritarismo e da intervenção militar uniu o povo pelas ruas de Porto Alegre, onde o movimento tomou forma, para depois tomar o país.
Apesar da força da população naquele instante específico da nossa história, o Brasil não soube crescer com isso. Três anos mais tarde foi deferido o golpe de 1964, arrasando os últimos resquícios de democracia no país. Foram longos 20 anos de torturas, censuras, agruras e outras ações intempestivas. O progresso das telecomunicações se deu junto da ascensão militar. Passado o sufoco, tivemos um presidente ladrão: Fernando Collor. Deu-se início a moda da corrupção. Vimos senadores colocarem dinheiro na cueca, palhaço e jogador de futebol se elegerem deputados. Crianças passando fome, animais abandonados.
O Brasil cresceu mesmo 50 anos em 5, porém isso só se aplica aos ricos. A miséria tomou conta. Aí veio o Lula: a esperança popular. Houve um avanço no nordeste. Uma era positivista que se encerrou dando início à continuidade do governo petista. Assim, como a cada duas subidas vem uma curva para baixo, tudo não é perfeito, estamos numa das piores fases. Cada dia cai um ministro por corrupção. A falta de políticas públicas, contra as drogas e em prol de uma juventude saudável, no passado transparece agora, em cada esquina, em cada criança de 11 anos cheirando crack. O respeito pelo patrimônio público nunca foi tão inexistente. Lixeiras, muros, calçadas, museus, prédios, tudo depredado. O engraçado é que o povo é quem paga. Valores da família se vão esgoto abaixo. Não se comemora mais o dia do índio, aliás se constrói hidroelétricas em cima deles. Se rouba velhinhas, mata-se amantes, queima-se mendigos. Eis um belo retrato do nosso país.
E por que será que pioramos tanto? Nós, que costumávamos ser mais instigados que os franceses. Nós que íamos às ruas. Que pintávamos as caras. Que queimávamos sutiãs em praças. Onde nós estamos? Será que cansamos de reclamar? Será que perdemos nossa energia? Eu não sei. Entretanto, não paramos de por filhos no mundo. Não paramos de gerar receita. Porém esquecemos de instruir, cuidar, amar. Deixamos nosso filhos passarem por cima de nós.
Acho importante lembrar o passado, principalmente o glorioso. Só que o passado não existe apenas para ser lembrado. Ele serve para nos ensinar a não cometer os mesmos erros. A data da legalidade não pode ser lembrada há cada 50 anos e sim, todos os dias. Com certeza 90% da população brasileira não sabe de cabeça os tempos que marcaram nossa política, nossas vidas. As pessoas vivem o momento e se esquecem que o momento é sempre consequência de fatos predecessores.

Para refrescar a cuca, breve documentário que o PDT fez sobre a legalidade:

domingo, 21 de agosto de 2011

Até tu, Correio?

Matéria sobre Reynaldo Gianecchini no Correio do Povo. Palavras repetidas em destaque e um comentariozinho em vermelho.
Link aqui.

Médicos estancam sangramento em Gianecchini

Por conta da saúde ainda frágil, quimioterapia do ator precisou ser adiada

Por conta da saúde ainda frágil, quimioterapia do ator precisou ser adiada<br /><b>Crédito: </b> Maurício Lima / AFP / CP Memória
Por conta da saúde ainda frágil, quimioterapia do ator precisou ser adiada
Crédito: Maurício Lima / AFP / CP Memória
A quimioterapia do ator Reynaldo Gianecchini, que iria começar na quinta-feira, precisou ser adiada. De acordo com o boletim médico divulgado hoje pelo hospital paulistano Sírio-Libanês, onde ele permanece internado, o ator foi diagnosticado com um linfoma do tipo T angioimunoblástico.

Na noite de quarta, durante a passagem do cateter por onde o medicamento será inserido, Giane (quem diabos é Giane? Não existe isso no jornalismo) apresentou um sangramento que foi tratado prontamente pela equipe médica que o assiste. O hospital informa que o paciente está estável, sendo preparado para a quimioterapia, que ainda não tem previsão de início.

O linfoma de célula T é uma forma mais agressiva da doença, segundo revelou ao R7 o médico André Murad, chefe do Serviço de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "É um tipo de linfoma mais resistente ao tratamento do que o de célula B, que foi o caso da presidente Dilma Rousseff. Em alguns casos, quando o tumor resiste à quimioterapia, pode ser necessária a realização de um transplante de medula. Porém, o ator Reynaldo Gianecchini é jovem, está sendo muito bem assistido e, certamente, terá sucesso em seu tratamento."

Segundo as informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a quimioterapia consiste na combinação de duas ou mais drogas, sob várias formas de administração, de acordo com o tipo de linfoma não-Hodgkin.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Gafes G1


Alguém me explica a frase em negrito no meio da matéria, porque isso só pode ter sido um erro a la ctrl+c/ctrl+v. Em destaque as palavras repetidas que poderiam ser facilmente substituídas por sinônimos. Link da notícia: aqui.

Zagallo é assaltado na Zona Sul do Rio, diz polícia

Criminosos desistiram de levar carro ao reconhecer o ex-treinador.
Eles levaram
um cordão, uma carteira e pertences do filho de Zagallo.


O ex-técnico da Seleção Brasileira Mario Jorge Lobo Zagallo foi assaltado na madrugada desta terça-feira (16) em uma rua de Botafogo, na Zona Sul do Rio. Segundo as primeiras informações da Polícia Civil, Zagallo estava com o filho e a esposa em seu carro e foi abordado por criminosos na Rua Ministro Raul Fernandes, por volta das 2h.

Ainda segundo a polícia, Zagallo contou à polícia que seu carro foi fechado por outro veículo com aproximadamente quatro suspeitos. Segundo o ex-técnico, dois assaltantes desceram do carro e anunciaram o assalto, um deles com uma pistola.

A delegada-adjunta Daniela Terra, da 10ª DP (Botafogo), onde o caso foi registrado, informou que os criminosos tinham como objetivo roubar o carro. Mas, depois de Zagallo ser reconhecido, o grupo desistiu de levar o veículo. Os suspeitos roubaram um cordão de ouro e a carteira do ex-treinador. Alguns pertences do filho de Zagallo também foram levados.

A ocorrência foi registrada no início da manhã desta terça-feira (16). De acordo com a Polícia Civil, as imagens das câmeras de trânsito e de prédios da região serão solicitadas para que os assaltantes sejam identificados.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Simbologia em espiral

A espiral não é apenas um método matemático para representar números primos. Na verdade, são várias as teorias que circulam por aí, cuja espiral é uma representação gráfica. Baseado nessas hipóteses Junji Ito, um dos mais conhecidos autores japoneses de mangás seinen (terror), criou Uzumaki.  A história mistura teoria do caos, espiral do silêncio e muita imaginação num tradicional conto de terror oriental.
É preciso abrir um parêntese aqui, a diferença entre o horror ocidental e o japonês é fundamental para se entender a trama. No ocidentalismo existe a necessidade de uma explicação, uma lógica para o que está acontecendo, diferentemente da arte sobrenatural oriental onde a teatralidade permanece, a busca é pelo surrealismo inexplicável. Tanto que nesta cultura os monstros não têm um padrão, se desenvolvem conforme os fatos. E, ás vezes, nem mesmo existem.
É essa complexidade que Uzumaki traz para falar sobre uma cidade amaldiçoada pela ignorância e o silêncio. Há uma moral no mangá, mesmo que sua lógica seja confusa. Sua missão é falar dos vícios e medos da sociedade. Kirie Goshima é uma colegial normal que vive na costa do Japão, em Kurozu-cho. Shuichi Saito, namorado de Kirie, começa a sentir que coisas estranhas estão por vir. Então, como uma onda que molha a praia, a espiral engole a pequena cidade. Mudanças repentinas, porém fundamentadas, começam a abalar os céticos moradores de Hurozu-cho.
É quase um Ensaio Sobre a Cegueira, com mais viagens e menos realista. Em parte pelo tempo, que transcorre muito rápido. E também porque se dedica em deixar as respostas nas entrelinhas. Confesso que demorei a captar certas coisas, como a dependência que criamos em torno de um lugar, enfatizada por Ito.
Não é um mangá extenso, são apenas três volumes que se dividem em 20 capítulos. A narrativa é viciante e dá gosto, principalmente para os fãs do gênero. O final pode ser um pouco decepcionante, pois não desenvolve  a causa da maldição. Lançado em 1998, seu sucesso foi tão imediato que ganhou uma versão em filme dirigida por Higuchinsky e estreada dois anos mais tarde. No Brasil, a publicação foi realizada pela Conrad em 2007.



sábado, 13 de agosto de 2011

ClicRBS e as gafes

Faz tempo que não tenho seguido as mídias nesse blog, em parte por preguiça e também por estar desempregada e não querer ofender as empresas em que eu gostaria de trabalhar. Mas esse texto não pode passar desapercebido. Acabado de entrar no ClicRBS e vejo a notícia chocante de que o Andrezinho do Inter quer ir para o Fluminense. Porém não foi isso que me chocou.

Segue reprodução da notícia abaixo, como comentários em vermelho para assustar o leitor. Além disso marquei a maioria das palavras fortes repetidas. A conclusão que eu chego é que as pessoas que escrevem desconhecem os sinônimos. Aqui está o link do original, caso achem que eu estou mentindo: Direção dá resposta a pedido de Andrezinho


13/08/2011 | 14h27min

Direção dá resposta forte a pedido de Andrezinho: "Uma insubordinação inaceitável"

Anápio e Fernandão afirmaram que o meia não sairá de graça do Beira-Rio
É com muita surpresa que o Inter recebeu o pedido de dispensa do meia Andrezinho na manhã deste sábado. De acordo com a assessoria de imprensa do clube, o jogador está fora da lista de jogadores que viaja para a Bahia, embora tenha trabalhado normalmente na manhã deste sábado, no Beira-Rio.

De acordo com o vice de futebol Luís Anápio Gomes, a atitude do jogador "é inaceitável e não será tolerada".
(Essa informação já estava no título e poderia ser colocada de outra forma. Aliás a frase toda poderia ser refeita: "Atitude do jogador causou alvoroço na diretoria do clube e vice de futebol, Luís Anápio Gomes, descartou a possibilidade." Fala sério, existem outras palavras para inaceitável, como inadmissível.) 

— Recebemos esse pedido com muita surpresa. Consideramos uma insubordinação inaceitável e não vamos aceitar isso de jeito nenhum — disse. (Redundância da redundância. Com essa frase chego a conclusão de que o repórter que redigiu o texto recebeu um press release do Inter e o colou na página do site exatamente como estava, sem nem checar o português.)

Mostrando uma clara insatisfação (como que o repórter sabe que a insatisfação é clara? Não seria esse julgamento falta de ética?) com a atitude (Poderia ser trocado por ação do jogador) do jogador, Anápio deixou claro que o Inter não abrirá mão de Andrezinho por empréstimo. A informação inicial é a de que, após o treino, o jogador teria dito que existe a possibilidade de uma transferência para outro clube. O principal clube interessado em Andrezinho seria o Fluminense. (Suposições... Checar que é bom?!)

— Não vamos premiar a insubordinação. É bastante estranho e fica claro que tem algo por trás, provavelmente alguma equipe interessada. Mas não vamos ceder o Andrezinho. Se quiserem o jogador, vamos ter que nos pagar o valor adequado. Não vamos reforçar nenhum adversário — disse.

Por fim, Anápio admitiu que o clima para a permanência de Andrezinho no Beira-Rio fica prejudicado:

— Com certeza a permanência dele se complica. Mas ele não vai sair de graça. (Repetindo a informação... Desperdício de caracteres.)
Fernandão lamenta decisão do jogadorO diretor técnico do Inter, Fernandão, lamentou o comunicado feito por Andrezinho três horas antes da viagem do time a Salvador, onde amanhã o Colorado encara o Bahia pela 16ª rodada do Brasileirão, às 18h30min. Fernandão disse que tentou convencê-lo a mudar de ideia e viajar, reverenciando o respeito que o jogador sempre teve da imprensa, além do carinho da torcida.

— É uma situação particular. Chegou um momento em que ele não teve mais paciência de sempre ter sido sacado, mas isso é uma questão de técnico para técnico, e cada um faz suas escolhas pelo o que entende ser o melhor. É uma decisão bem pensada e não de cabeça quente, pois ele teve três dias para pensar a situação — opinou Fernandão.


Confira os jogadores concentrados para a partida válida pela 16ª rodada do Brasileirão:

Goleiros:
 Muriel e Renan;
Zagueiros: Índio, Bolívar e Marquinhos Lopes;
Laterais: Nei e Zé Mário;
Volantes: Élton, Wilson Matias, Tinga e Glaydson;
Meias: Ricardo Goulart, Marquinhos e Joâo Paulo;
Atacantes: Jô, Leandro Damião, Dellatorre e Lucas Roggia.
CLICESPORTES E RÁDIO GAÚCHA

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A metodologia da decoreba

"Repitam comigo, façam como eu faço..." Sempre odiei essas frases. Sou declaradamente contra essa metodologia. Nunca aprendi nada decorando. Posso até memorizar uma informação, por um tempo específico. Mas no futuro, o que eu não aprendi de verdade é descartado na minha lixeira mental. Acho de mau gosto impor às pessoas esse tipo de ensino. Se é que se pode chamar de ensino. Sou assim e nunca rodei em nada. Não decorei fórmulas de física, não decorei a tabela periódica, não sei repetir de cabeça todos os casos em português onde se usa ou não a crase. De qualquer forma, passei pela vida. Terminei o colégio no tempo certo. Passei no vestibular. Me graduei. E cá estou, empacada em uma burocracia brasileira. Já não é de hoje que o Brasil adotou a técnica do "Monkey sees, monkey does". Não só nas escolas, nas faculdades, nos concursos públicos (ridículos, por sinal), porém o pior de todos os lugares de aplicação, na minha opinião, é a autoescola. Sim, eis a minha dificuldade: passar no maldito exame prático. Cheguei ao ridículo de anotar a quantidade e os lados dos piscas que eu tenho que dar para não ser reprovada. Já fiz o teste duas vezes. Na primeira, nem saí do lugar praticamente. 
Agora, na segunda tentativa, dei a volta completa, fiz baliza (que por si só já é uma palhaçada), garagem e a voltinha com o instrutor. Rodei porque andei a 40km/h num pedaço de rua onde a máxima era 30km/h. Falta de atenção. Se eu tivesse carteira e tivesse feito isso, teria sido multada e seguido adiante (isso se tivesse sido flagrada). Durante as minhas 20 e poucas incansáveis aulas de autoescola, eu era a única imbecil na Bento Gonçalves dando pisca para desviar dos carros estacionados. Sério! Em cinco dias de treinamento eu fui cortada cinco vezes por pessoas com carteira de motorista, sendo que em uma delas foi por um triz que não aconteceu um grave acidente de trânsito. O fato é que  a prova para ser motorista é feita para ninguém passar de primeira. Afinal, como você acha que o Detran faz dinheiro? Cada prova custa uns R$ 70,00, soma aí uma aulinha dupla R$ 50,00. Já viu, né?
É tão absurdo, que hoje de 20 pessoas, nenhuma passou. Só duas pessoas chegaram a sair da baliza, contando comigo. Em vez de o Detran perder tempo fazendo seu trabalho e fiscalizando os então motoristas, educando os que futuramente serão motoristas e se preocupando com a segurança nas vias brasileiras, o órgão está é lucrando abominavelmente com os pobres como eu. Chegou um ponto em que o meu instrutor me mandou treinar em casa, no carro de um amigo. Claro que isso é ilegal, entretanto é a resposta que eles dão a quem carece de dinheiro para mais aulas. As aulas são tão voltadas para a tal da prova, que se você troca de carro percebe que nem sabe dirigir. Aliás, é tão crítico o negócio que eles mandam você vir sempre com o mesmo sapato.
Já vi algumas matérias na televisão sobre o assunto. Infelizmente não foram suficientes para cessar essa máfia. Eu acho que nem deveria ter prova. Bastava aumentar o número de horas obrigatórias de aulas práticas, assim o teu próprio instrutor diria se tu estás ou não apto a sair para as ruas de vez. Além disso, a reciclagem tinha que incluir a prática. Esse negócio de voltar lá e ver meia dúzia de aulas teóricas não faz diferença. Entra por um ouvido e sai pelo outro. Eles se preocupam tanto com a baliza, que se esquecem de ensinar como entrar numa vaga de frente (coisa muito comum em shoppings e supermercados). 
Enfim, quis postar aqui a minha indignação de pessoa que sabe dirigir, mas que infelizmente, por azar, por insegurança, por nervosismo de prova, foi reprovada no teste. O próprio examinador me disse que sou uma excelente motorista. Como diriam alguns youtubeiros: "Puta falta de sacanagem." Para mim isso é Brasil: uma decepção atrás de uma burocracia.