segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Estamos todos cegos

Finalmente fui ver o filme do Meirelles. Apesar da crítica brasileira odiar tudo o que agrada o grande público, achei que a parceria Saramago Meirelles caiu muito bem. O filme não precisa ser extremamente fiel ao livro. O livro é interpretado diferentemente por cada um de nós que o lê. O filme é uma visão daquele que o faz. Mas voltando ao assunto, a trama é o que importa. A dramatização, os efeitos, tudo isso apenas contribui para que a mensagem seja mais clara do que aquilo que está embaixo dos nossos narizes: ESTAMOS TODOS CEGOS!
Vi a crítica falar que o ser humano não é capaz de ser tão grotesco como na suposição de Saramago. Onde uma epidemia de cegueira rapidamente se alastra pelo mundo e por medo da contaminação, aqueles que ainda não foram atingidos decidem isolar os doentes. Presos entre 4 paredes e em condições precárias, os cegos se esquecem das noções de ética ensinadas na escola e nas famílias e partem para a guerra pela sobrevivência. As pessoas pensam que somos racionais. Que somos os únicos animais racionais na terra. Se somos animais como podemos ser racionais? O que quer dizer ser racional? Ter a habilidade de criar tecnologia ou matar uns aos outros por ganância?
Quem disse que os macacos não são mais racionais que os seres humanos? Afial, macacos nunca entraram em guerra, nunca atiraram uns nos outros e com toda certeza macacos sabem que precisam da cooperação de um grupo para manter a sobrevivência. Na minha sincera opinião, continuamos em um estado primitivo, em uma cegueira que nos impede de ver o próximo. Nossa única preocupação: nosso umbigo. Criticar o outro é a única solução de não ver os próprios erros. Uns passam horas tentando achar um defeito, em vez de simplesmente tentar absorver o que há de bom em algo ou alguém. Outros, tentam ser heróis, mas nada fazem para mudar o que vivemos. O mundo não está em paz, e com certeza morre mais gente hoje em dia do que na época da inquisição e das lutas medievais. Somos animais selvagens, lutando não por comida, mas por posses. Posses essas que não podem ser levadas conosco. A única coisa que nos pertence e conosco permanece, é o que somos, tudo o que aprendemos e somente isso. Se deixarmos o mundo nos cegar por mera ganância e egoísmo, não nos resta nada se não a guerra.
E guerra, mata.
Deborah Cattani

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