quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Jogada de marketing


Não sou marqueteira. Estou longe de ser, mas farejo uma boa publicidade a distância. Essa história da Luíza que está no Canadá não poderia ser diferente. Ao contrário de todas as suposições dos internautas (divertidíssimas por sinal) não creio que o novo meme da Internet tenha sido fruto da falta de briefing e tempo. Na verdade, acho que foi uma estratégia para lá de bem pensada e planejada. Não é a toa que virou hit e todos estão comentando, inclusive a mídia. 


Acho engraçado como essas coisas colam e viram pauta. Com tanta coisa importante acontecendo no mundo, uma simples propaganda de um empreendimento imobiliário alavancou até mesmo as ofertas de passagens para o Canadá. A inocência de alguns colegas ao se defrontar com a situação, tratando-a apenas como uma grande piada é, talvez, o que mais me apavora. 


Claro que eu ri com as ínfimas montagens sobre a Luíza. Porém, enquanto estávamos rindo, a empresa responsável pelo comercial teve um lucro gigantesco. A invasão da Luíza em nossas casas, nossas vidas já faz parte do cotidiano, poucas pessoas desconhecem o fato. Aliás, tão popular ficou que a Globo fez uma cobertura extensa do ocorrido. 


Sinceramente, em tempos como esses, onde um repórter é agredido dentro de um supermercado e ninguém faz nada; onde uma mulher é estuprada ao vivo, na frente de milhões de pessoas; onde animais são ignorados pelo Ibama; onde crianças passam fome; onde carne vencida é vendida como nova; enfim, onde muitas coisas estão erradas, dar atenção a um meme emergido de um comercial privado me parece não só infantil, como também cruel. 


Se discutiu muito, na semana passada, qual o papel das televisões abertas, de concessões públicas, tudo por causa da explosão do BBB12. Inacreditável que num tempo pós-Luíza não se fale nisso. Cada vez mais as emissoras estão passando por cima de nós, ignorando nossas reais necessidades e nos servindo aquilo que nos emburrece ou nos põem em estado permanente de vigília. Precisamos parar de rir da paraibana e nos conscientizar e agir enquanto o barco está passando. 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Palavras ao vento


Existem coisas que a gente guarda dentro do peito e nunca mais conta para ninguém. Eu tenho dificuldade de ser esse tipo de pessoa. Desde pequena fui estimulada a falar o que penso e sinto. Passei mais de dois anos maturando emoções que eu não podia expor ao mundo por diversos motivos. Hoje, tomei uma decisão: vou fazer um pequeno desabafo.

Caro, ex-namorado, há muito que eu preciso lhe contar como vai a minha vida. Sei que parece loucura sair falando desse jeito, mas, se eu cheguei até aqui, não posso ignorar o fato de que você fez parte disso. Não alimento mais nenhum tipo de rancor, ou amor, ou qualquer outro sentimento em relação a você. Por muito tempo senti raiva, porém amadureci imensamente nesse período. 
Você foi para mim um órgão vital tumoroso. Desculpe a metáfora, é que eu já estou familiarizada com a situação: ter que viver sem algo que, ao mesmo tempo que é doloroso perder, abrir mão é imprescindível para seguir em frente. Demorei para compreender isso. 
Quero te agradecer pelos bons e, principalmente, pelos maus momentos. Se não fosse por você, eu continuaria sendo uma adolescente mimada e ignorante da vida alheia. Graças a convivência contigo aprendi a valorizar coisas simples, reconheci que o dinheiro não traz felicidade nenhuma, adquiri conhecimentos antes obscuros e abstratos, vi esperança em pessoas que eu considerava casos perdidos, incorporei a paciência ao meu dicionário pessoal. Mais do que isso, entendi que sou muito mais independente do que eu cogitava e te perdoo pelos maus momentos.
Também quero pedir desculpas por ter sido inúmeras vezes infantil, por ter insistido em medos ridículos, por ter me sentido dependente e por ter invejado o teu padrão de vida (coisa que hoje eu acho que não é para mim). 
Enfim, não creio que tu vás ler isso no futuro. De qualquer maneira, acho importante deixar registrado, afinal é uma forma de me libertar. Perdoar as pessoas e crescer com elas é um passo gigantesco para ser uma pessoa melhor. Espero que não vejas isso enganosamente ou de forma torpe.
Tudo que eu escrevi aqui é de coração. E como eu disse antes, se eu passei numa federal, se eu passei num mestrado, se hoje eu tenho um emprego, é porque tu me libertaste de um relacionamento vazio e sem futuro. E eu, ao contrário do que todos previam, não fui parar no fundo do poço. Vi naquele momento infeliz uma chance de ser alguém, de ser melhor, de dar o meu máximo para mim mesma, para a sociedade. Eu aprendi a me amar above all.




segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Em cima do muro

Certos assuntos eu não me declaro contra ou a favor. Fico neutra, livre de grandes manifestações. Um deles é o Big Brother Brasil (BBB). Me abstive de comentários por muitos anos, talvez pelos longos 12 em que o programa foi veiculado. Vejo muitas pessoas criticando a continuidade da série na Globo, outras literalmente esculacham. Algumas defendem a existência do BBB em nome dos oprimidos.

Não acho que seja o melhor da grade da televisão brasileira. Na verdade nem deveria estar em uma emissora de concessão pública, porém essa é uma outra discussão. Agora não sou contra a veiculação do BBB. Não penso desta forma por causa da "rebelião dos pobres e oprimidos", como alguns intelectuais metidos a antropólogos gostam de fantasiar. Aliás, não vejo nenhum sinal de rebeldia em assistir BBB. Pelo contrário, as pessoas assistem por gosto e é nele que se baseia o meu argumento: cada um tem o seu.

Mesmo assim, cultura popular não precisa ser levada à sério, muito menos deve servir de sinônimo de lixo. Ínfimas coisas positivas provêm da cultura popular. Inclusive ela pode servir de estímulo aos indivíduos que têm sede de saber. É preciso avaliar por diversos ângulos. O que é irrelevante para você, pode ser importante para alguém.

Todos os dias alguém fala mal do BBB, do carnaval, da laje brasileira, do pagode, do samba, da novela, do jornal popular... Ninguém se põe no lugar dessas pessoas que vivem disso. Para tudo! E por que, exatamente, viver disso é tão ruim assim? Já não diziam os filósofos que a ignorância é uma bênção?

Não estou dizendo que as pessoas devem se limitar. No entanto, o popular faz parte da nossa cultura, interfere nos nossos valores, muda a nossa sociedade. E tratar o popular como algo sujo, marginal, não melhora a nossa sociedade. Humilhar as pessoas porque elas são diferentes, almejam outras vivências e têm gostos opostos não nos eleva.

Precisamos parar de achar que o nosso umbigo é mais limpo só porque escolhemos produtos de qualidade superior. Saber mais não traduz, necessariamente, conhecimento. Respeitar a posição dos outros facilita a troca de informações. Não é pela imposição que devemos mudar opiniões. E se não aprovamos alguma coisa, não somos obrigados a conviver com ela. Eu sou a favor da política dos incomodados que se retirem (principalmente da conversa). Toda vez que começam a falar de BBB eu vou tomar um ar, eu abro um livro, eu viajo na Internet e sigo em cima do muro.


Arte: Deborah Cattani :)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

This is the end...

Chegamos ao tão esperado, proclamado e repudiado ano do possível fim do mundo. Não sou de acreditar em astrologia ou qualquer tipo de previsão incoerente do futuro (incluindo física quântica), mas que algumas coisas estão estranhas não podemos negar. O ano mal começou e já estamos vivendo desastres naturais, conflitos entre povos e momentos de incertezas. Entre eles, as eleições de governantes que estão por vir em 2012. A The Economist fez um apanhado das probabilidades futuras que vale muito a pena ler. Segue o link: http://www.economist.com/blogs/dailychart/2012/01/leadership-elections-2012. Se o mundo vai acabar não é o fato mais importante. O que interessa é saber se os humanos não vão ser responsáveis por isso.



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Queda na produção jornalística

É o fim do mundo. Primeiro o Estadão produz a seguinte matéria: Cheiro de calça jeans usada várias vezes não é ruim, aponta estudo - que, por sinal, é composta de um parágrafo e uma linha.

Depois me deparo com a Época da semana, vide foto abaixo.

























Não sei se é falta de pauta ou de vontade de levantar da cadeira e fazer uma notícia que seja relevante para a sociedade. :(