Existem
coisas que a gente guarda dentro do peito e nunca mais conta para ninguém. Eu
tenho dificuldade de ser esse tipo de pessoa. Desde pequena fui estimulada a
falar o que penso e sinto. Passei mais de dois anos maturando emoções que eu
não podia expor ao mundo por diversos motivos. Hoje, tomei uma decisão: vou
fazer um pequeno desabafo.
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Você foi
para mim um órgão vital tumoroso. Desculpe a metáfora, é que eu já estou
familiarizada com a situação: ter que viver sem algo que, ao mesmo tempo que é doloroso
perder, abrir mão é imprescindível para seguir em frente. Demorei para
compreender isso.
Quero te
agradecer pelos bons e, principalmente, pelos maus momentos. Se não fosse por
você, eu continuaria sendo uma adolescente mimada e ignorante da vida alheia.
Graças a convivência contigo aprendi a valorizar coisas simples, reconheci que
o dinheiro não traz felicidade nenhuma, adquiri conhecimentos antes obscuros e
abstratos, vi esperança em pessoas que eu considerava casos perdidos,
incorporei a paciência ao meu dicionário pessoal. Mais do que isso, entendi que
sou muito mais independente do que eu cogitava e te perdoo pelos maus momentos.
Também
quero pedir desculpas por ter sido inúmeras vezes infantil, por ter insistido
em medos ridículos, por ter me sentido dependente e por ter invejado o teu
padrão de vida (coisa que hoje eu acho que não é para mim).
Enfim, não creio que tu vás ler isso no futuro. De
qualquer maneira, acho importante deixar registrado, afinal é uma forma de me
libertar. Perdoar as pessoas e crescer com elas é um passo gigantesco para ser
uma pessoa melhor. Espero que não vejas isso enganosamente ou de forma torpe.
Tudo que eu escrevi aqui é de coração. E como eu
disse antes, se eu passei numa federal, se eu passei num mestrado, se hoje eu
tenho um emprego, é porque tu me libertaste de um relacionamento vazio e sem
futuro. E eu, ao contrário do que todos previam, não fui parar no fundo do
poço. Vi naquele momento infeliz uma chance de ser alguém, de ser melhor, de
dar o meu máximo para mim mesma, para a sociedade. Eu aprendi a me amar above all.
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