segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Em cima do muro

Certos assuntos eu não me declaro contra ou a favor. Fico neutra, livre de grandes manifestações. Um deles é o Big Brother Brasil (BBB). Me abstive de comentários por muitos anos, talvez pelos longos 12 em que o programa foi veiculado. Vejo muitas pessoas criticando a continuidade da série na Globo, outras literalmente esculacham. Algumas defendem a existência do BBB em nome dos oprimidos.

Não acho que seja o melhor da grade da televisão brasileira. Na verdade nem deveria estar em uma emissora de concessão pública, porém essa é uma outra discussão. Agora não sou contra a veiculação do BBB. Não penso desta forma por causa da "rebelião dos pobres e oprimidos", como alguns intelectuais metidos a antropólogos gostam de fantasiar. Aliás, não vejo nenhum sinal de rebeldia em assistir BBB. Pelo contrário, as pessoas assistem por gosto e é nele que se baseia o meu argumento: cada um tem o seu.

Mesmo assim, cultura popular não precisa ser levada à sério, muito menos deve servir de sinônimo de lixo. Ínfimas coisas positivas provêm da cultura popular. Inclusive ela pode servir de estímulo aos indivíduos que têm sede de saber. É preciso avaliar por diversos ângulos. O que é irrelevante para você, pode ser importante para alguém.

Todos os dias alguém fala mal do BBB, do carnaval, da laje brasileira, do pagode, do samba, da novela, do jornal popular... Ninguém se põe no lugar dessas pessoas que vivem disso. Para tudo! E por que, exatamente, viver disso é tão ruim assim? Já não diziam os filósofos que a ignorância é uma bênção?

Não estou dizendo que as pessoas devem se limitar. No entanto, o popular faz parte da nossa cultura, interfere nos nossos valores, muda a nossa sociedade. E tratar o popular como algo sujo, marginal, não melhora a nossa sociedade. Humilhar as pessoas porque elas são diferentes, almejam outras vivências e têm gostos opostos não nos eleva.

Precisamos parar de achar que o nosso umbigo é mais limpo só porque escolhemos produtos de qualidade superior. Saber mais não traduz, necessariamente, conhecimento. Respeitar a posição dos outros facilita a troca de informações. Não é pela imposição que devemos mudar opiniões. E se não aprovamos alguma coisa, não somos obrigados a conviver com ela. Eu sou a favor da política dos incomodados que se retirem (principalmente da conversa). Toda vez que começam a falar de BBB eu vou tomar um ar, eu abro um livro, eu viajo na Internet e sigo em cima do muro.


Arte: Deborah Cattani :)

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