domingo, 8 de março de 2009

Quem mede a justiça?

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Igreja critica aborto feito por menina de 9 anos violentada em PE; veja repercussão internacional

Nessa última semana mais um caso de violência assolou o país. Mas o que mais abalou as estruturas não foi o ocorrido e sim a solução. Impressionante ver a igreja perder o momento de calar a boca. Já saíram excomungando quem estava no caminho para defender o direito de duas vidas que nem tinham chegado no mundo. A menina, a mãe, a grávida em questão, que com 9 anos de idade foi estuprada pelo padrasto tinha POR LEI o direito de interromper a gravidez, mas ao receber a notícia a igreja não se conteve e disse que isso era blasfêmia, que uma vida não justifica a outra, ou seja, não importava se a pobre morresse no parto ou de infecções depois deste. Sem falar na última justificativa e, na minha opinião, a pior e mais escrupulosa: "aborto é pior que estupro". Desde quando violar um corpo é pior do que interromper uma blástula de se transformar em duas crianças que provavelmente seriam dadas para adoção ou virariam fruto de um rancor sem tamanho e terminariam suas vidas através das drogas e da violência. Essa é a minha opinião, cada corpo é um corpo, sem mencionar que a lei diz que quando uma mulher é estuprada ela tem direito a curetagem (aborto, em outros termos). Não sei porque tanto tabu em cima deste assunto afinal. Botar alguém no mundo para sofrer não é uma bênção, muito menos um milagre, não se pode medir o sofrimento das pessoas. Não se pode medir justiça. Crime é crime, e deve ser julgado conforme as leis de maneira ética e correta, e não conforme uma religião. Cada cultura tem suas crenças, se essas crenças forem absorvidas pela constituição, isso vira uma anarquia absoluta. Mas o meu ponto era desde o início dizer que cada um sabe o que faz, se existe um Deus, duvido que ele pense como os seus discípulos da igreja atual (que na verdade ainda é muito medieval).
Aliás, não sou só eu que carrego esse pensamento, o teólogo Hans Küng em entrevista para a ISTO É fala sobre isso neste LINK.

Por Deborah Cattani

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