quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Marcos Martinelli e o Record News

Em entrevista mediada pelo professor e jornalista Juremir Machado da Silva, Marcos Martinelli – diretor de jornalismo da Rede Record, conta um pouco da sua vida profissional e de seu mais novo sucesso, o Record News.

Marcos Martinelli, jornalista por “sobrevivência”, começou a trabalhar na área da comunicação aos 12 anos em uma rádio de Passo Fundo. Começou a fazer Direito aos 16 anos de idade.

Aos 17, veio morar em Porto Alegre e entrou para a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) nos cursos de Comunicação Social – Jornalismo e Ciências Jurídicas. Formou-se em Direito, mas nunca chegou a exercer a profissão. E agora, com 25 anos de formado, faz parte da equipe Record como diretor de jornalismo.

Martinelli abandonou seus sonhos de ser um Diplomata pelo Instituto Rio Branco e ajudou na criação da TV Piratini, logo após sua entrada na TV educativa (TVE) aos 19 anos. Chefe de um jornal, em 1980, trabalhou com grandes nomes do jornalismo. Ele afirma que a diferença entre os grandes e os pequenos veículos midiáticos é que quanto maior a empresa, maior o nível de conflitos e intrigas pelo sucesso.

Em 1986, líder sindical e chefe da única greve dentro da Rede Brasil Sul de Comunicações (RBS), Martinelli foi demitido do veículo “injustamente”, como ele mesmo definiu. Ainda magoado com o episódio, ele diz que vê a empresa como “outra qualquer” e que espera que esta continue existindo por gerar muitos empregos. Mas, sem perder o embalo, ele demonstra interesse em ultrapassá-la e supera-la e conta que o novo canal, Record News, faz parte da sua estratégia.

O canal, que enfoca o jornalismo regional, mal entrou no ar e já causou polêmica com a Rede Globo de Comunicações. A Globo citou a constituição e disse que cada emissora só tem direito a um canal no ar na TV aberta, e Martinelli explicou que essa afirmação é equivocada e que a Record é conhecedora das leis de transmissão. Segundo ele, cada emissora tem direito a quatro canais na TV aberta, e como a Record já possuía esses quatro, eles utilizaram a Rede Mulher para construir o Record News.

Martinelli diz que a Globo causou intriga, por perderem o “primeiro round” para a Record, e que o passo certo seria que eles criassem um canal de notícias na TV aberta, o que não está nos planos da Globo, já que o Globo News, canal de notícias da empresa na TV por assinatura, é o que leva as pessoas a assinarem TV fechada aumentando seus lucros.

Incomodado com as acusações da concorrência ele insinua que a Globo é praticamente dona dos telespectadores do Brasil e por isso tem um poder de persuasão muito forte diante da mídia. Mesmo assim, a expectativa de Martinelli é que a audiência cresça e a Record se popularize.

“A gente não faz mais por falta de estrutura e de competência”, diz Martinelli animado com o crescimento da Record no momento. Ele conta que, quando entrou na emissora, só existiam três computadores e algumas máquinas de escrever. As notas eram feitas a mão ou na máquina, e as secretárias sequer sabiam utilizar os computadores. Um dos criadores do projeto que tornaria a Record uma grande emissora, participou inclusive de suas reformas. Relembrou os primeiros exemplares do Jornal Correio do Povo e da contratação do professor e jornalista Juremir Machado da Silva.

O entrevistado afirma que com a entrada da TV digital, serão quatro canais da Record na TV aberta, enfocando jornalismo, esportes e telenovelas. Segundo ele, não haverá canais ou projetos voltados para educação cultural, por que “não há um projeto nem de educação neste país, e nem de cultura” e investir nisso seria perda de tempo e não haveria retorno dos lucros.

Quanto à compra da Rede Record pela Igreja Universal, o entrevistado diz que não afetou o canal de mídia, e ressalta isso dizendo que tanto na televisão, no jornal e no rádio não ocorreram mudanças para inclusão da religião no ar. Diz também que a Record já exibia uma programação religiosa, mas que esta não interfere e nunca interferiu de forma nenhuma no jornalismo ou na forma de faze-lo da emissora.

Martinelli confessa com bom humor que o motivo que o mantém na Record é a liberdade a ele concedida por Edir Macedo, dono da empresa. E que se não tivesse essa independência, ele não trabalharia no cargo.

Para Martinelli, o jornalista de hoje deve estar continuamente informado e saber utilizar-se dos meios tecnológicos atuais. Ele diz que “falta formação” e que a faculdade ensina, mas não forma o jornalista, portanto quem deve buscar a formação ideal é o próprio estudante.

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