Sabe aquelas bicicletas brancas com cestinha laranja em pontos estratégicos de Porto Alegre? Então, resolvi experimentar o sistema. O resultado você confere aqui e agora:
Primeiro ponto a ser ressaltado: é preciso ser mais que alfabetizado para garantir uma voltinha de 60 minutos. Por quê? Ora, porque não há ninguém que te explique como funciona e as instruções são banais: "acesse o aplicativo e cadastre-se." Abri o site, baixei o App e não consegui me cadastrar de primeira. Na terceira tentativa, entendi como funcionava e finalmente fiz o cadastro. Depois, veio a parte do pagamento, mais um ponto excludente, é preciso ser portador de um cartão de CRÉDITO para usar a bagaça.
A parte do pagamento é ridícula, não te dá opção de desfazer a compra, muito menos um número para o qual ligar caso você decida não desfrutar do passeio. Sem querer, comprei duas vezes o crédito de 10 reais, que permite o uso por um mês. Tentei cancelar um deles em vão. Não sei se vai durar dois meses, ou se em um perderei os 20 reais. God knows. Complicadíssimo.
Feito isso, fui até um ponto, no BarraShopping para ser mais exata. Cheguei lá prevenida, levei o celular, afinal, já sabia que o mesmo seria necessário NOVAMENTE. Daí, liguei para o número de liberação, deu ocupado e caiu. E assim foi até a quarta tentativa. Finalmente liberei a bike. Uma hora para me divertir. Não aguentei, nos 45 do segundo tempo devolvi a bicicleta ao seu posto. Motivo: banco não para na posição e é MUITO duro. E não, não era só a minha que estava assim. Minha mãe foi junto e também não gostou muito.
Concluindo: óbvio que usarei novamente, não vou jogar os 10 reais (ou 20) fora. Mas tá longe de ser um sistema funcional e PÚBLICO, uma vez que só uma pessoa com celular, internet e cartão bancário pode utilizar. Eu realmente espero que eles mudem isso no futuro, inclusive para que os turistas possam usufruir também.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
O livro
Era uma vez um livro. Ele vivia numa estante, cheia de outros livros similares. Esses livros eram felizes, ou achavam que eram. Mas o livro nunca tinha sido lido. Ele não dava importância para isso. Na verdade, tinha até medo. Uma vez pegaram ele, mas era só faxina. Outro dia, uma mão macia e delicada tocou sua capa, porém era curiosidade passageira, afinal sua capa não era convidativa.
O livro passava seus dias com os outros, brincando de empurrar e espremer.
Um dia o sol bateu no livro e desbotou o seu azul. Ele não entendeu porque aquilo o deixou triste, vazio. Depois disso, alguns de seus amigos começaram a sumir durante a noite. Eles nunca retornavam. Aos poucos, os espaços vazios foram se multiplicando, assim como a ansiedade do pequeno livro.
Numa manhã fria de inverno, o livro foi tomado pelo súbito conhecimento de sua solidão. Temeroso, se deixou levar para um lugar obscuro do móvel. As mãos vieram procurá-lo, ele não queria deixar-se conhecer. Ficou só, anos a fio.
O livro se esqueceu que era livro, perdeu a memória e já não sabia mais o seu conteúdo. Era infeliz e eterno. Suas beiradas se rasgaram, seu azul virou cinza e seu título desapareceu no pó. Desesperado, o livro decidiu suicidar-se e pulou do alto da estante. O baque foi seco e uma camada de sujeira embriagou o ar.
Horas se passaram e nada, ninguém. De repente, um toque rude e áspero ergueu o livro. A mão, que um dia foi delicada, agora enrugada, se deixou fascinar pelo novo cinza. Aberto, o livro iluminou aquele rosto, trazendo vitalidade. Ah, como era boa aquela história! Tanta informação importante, interessante e que podia mudar vidas. O livro não fazia ideia como era bom se abrir para o mundo e finalmente descobriu a felicidade.
O livro passava seus dias com os outros, brincando de empurrar e espremer.
Um dia o sol bateu no livro e desbotou o seu azul. Ele não entendeu porque aquilo o deixou triste, vazio. Depois disso, alguns de seus amigos começaram a sumir durante a noite. Eles nunca retornavam. Aos poucos, os espaços vazios foram se multiplicando, assim como a ansiedade do pequeno livro.
Numa manhã fria de inverno, o livro foi tomado pelo súbito conhecimento de sua solidão. Temeroso, se deixou levar para um lugar obscuro do móvel. As mãos vieram procurá-lo, ele não queria deixar-se conhecer. Ficou só, anos a fio.
O livro se esqueceu que era livro, perdeu a memória e já não sabia mais o seu conteúdo. Era infeliz e eterno. Suas beiradas se rasgaram, seu azul virou cinza e seu título desapareceu no pó. Desesperado, o livro decidiu suicidar-se e pulou do alto da estante. O baque foi seco e uma camada de sujeira embriagou o ar.
Horas se passaram e nada, ninguém. De repente, um toque rude e áspero ergueu o livro. A mão, que um dia foi delicada, agora enrugada, se deixou fascinar pelo novo cinza. Aberto, o livro iluminou aquele rosto, trazendo vitalidade. Ah, como era boa aquela história! Tanta informação importante, interessante e que podia mudar vidas. O livro não fazia ideia como era bom se abrir para o mundo e finalmente descobriu a felicidade.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Sobre o amor e o vício nas redes
Parei para pensar – raro nessa vida – o quão designada e destinada anda a minha rotina. A verdade é que me tornei previsível. Os culpados: Twitter, Facebook e Foursquare. Meus passos e sentimentos mais íntimos são bens comuns de todos que frequentam as minhas páginas na internet. Perdi meu fator surpresa, não sou mais cheia dos mistérios.
Nessa filosofada (farofada), eu me dei conta de que não sou só eu e o fulano. Mas todas as relações humanas. Não existem mais relações. Estamos todos conectados, sabemos da vida de todo mundo. Basta olhar o histórico do Twitter aqui, umas fotos ali no Flickr, uns gifs animados no Tumblr... As pessoas não conseguem mais estabelecer uma conversa, porque não há mais sobre o que falar.
A vida está em segundo plano. As redes vêm em primeiro lugar. É mais importante alimentar o feed do que viver. O check in (ou chequinha, como eu gosto de brincar) é fundamental para ser alguém, sinal de status.
Acordei hoje num choque de realidade. É férias e eu deveria estar por aí, escalando montanhas, saltando de paraquedas, acampando em contato com a natureza. Porém, não consigo desconectar. Passar um único dia longe de qualquer device com internet me dá uma ânsia, um medo absurdo. É o prelúdio do caos.
Como conhecer os outros se não preciso mais questionar? Se questiono a resposta é: "não viu meu post mais cedo?". Como viemos parar aqui? Ou melhor, por que viemos parar aqui? Será que é porque as relações foram desvalorizadas?
Aliás, o amor está em baixa. Amar não é o hype do momento. As pessoas consideram isso errado. Eu mesma vinha considerando o amor coisa de velho, ou pior ainda, de gente carente. Desde quando o amor é exclusivo de algo ou alguém? Fiquei intrigada, perguntei pro Google e nada.
Não sei o que houve no mundo nos últimos 10 anos. No entanto, estamos mudados, não nos entregamos mais às oportunidades. Não sabemos mais viver o momento. Sofremos de ansiedade e ficamos enlouquecidamente recarregando as páginas. A espera de um telefonema ou de uma mensagem não existe, pois inventaram o maldito cutuque no Facebook. Se me cutucas, eu te cutuco.
A solução? Excluir-se! Deletar as contas e soltar-se dos grilhões. O afastamento é a única cura. O problema é que todos estão plugados e sair desse mundo significa estar sozinho. Talvez seja duro no princípio, mas há mais na vida que notificações e salas de bate-papo. Que tal sair e ver o sol, sem um filtro do Instagram, hoje?
Nessa filosofada (farofada), eu me dei conta de que não sou só eu e o fulano. Mas todas as relações humanas. Não existem mais relações. Estamos todos conectados, sabemos da vida de todo mundo. Basta olhar o histórico do Twitter aqui, umas fotos ali no Flickr, uns gifs animados no Tumblr... As pessoas não conseguem mais estabelecer uma conversa, porque não há mais sobre o que falar.
A vida está em segundo plano. As redes vêm em primeiro lugar. É mais importante alimentar o feed do que viver. O check in (ou chequinha, como eu gosto de brincar) é fundamental para ser alguém, sinal de status.
Acordei hoje num choque de realidade. É férias e eu deveria estar por aí, escalando montanhas, saltando de paraquedas, acampando em contato com a natureza. Porém, não consigo desconectar. Passar um único dia longe de qualquer device com internet me dá uma ânsia, um medo absurdo. É o prelúdio do caos.
Como conhecer os outros se não preciso mais questionar? Se questiono a resposta é: "não viu meu post mais cedo?". Como viemos parar aqui? Ou melhor, por que viemos parar aqui? Será que é porque as relações foram desvalorizadas?
Aliás, o amor está em baixa. Amar não é o hype do momento. As pessoas consideram isso errado. Eu mesma vinha considerando o amor coisa de velho, ou pior ainda, de gente carente. Desde quando o amor é exclusivo de algo ou alguém? Fiquei intrigada, perguntei pro Google e nada.
Não sei o que houve no mundo nos últimos 10 anos. No entanto, estamos mudados, não nos entregamos mais às oportunidades. Não sabemos mais viver o momento. Sofremos de ansiedade e ficamos enlouquecidamente recarregando as páginas. A espera de um telefonema ou de uma mensagem não existe, pois inventaram o maldito cutuque no Facebook. Se me cutucas, eu te cutuco.
A solução? Excluir-se! Deletar as contas e soltar-se dos grilhões. O afastamento é a única cura. O problema é que todos estão plugados e sair desse mundo significa estar sozinho. Talvez seja duro no princípio, mas há mais na vida que notificações e salas de bate-papo. Que tal sair e ver o sol, sem um filtro do Instagram, hoje?
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