domingo, 9 de outubro de 2011

Sobre Jobs, consumismo e escravismo...


Essa história toda da morte recente do Steve Jobs tomou conta dos noticiários mundiais. Rock'in'Rio foi esquecido (graças a deus), Occupy Wall Street ficou de lado, mais uma vez, e não se falou em mais nada que não estivesse relacionado ao criador da gigante Apple. Eu sempre fui contra monopólios. Principalmente os midiáticos. Ainda mais os de notícias. Vi matérias que relacionavam o consumismo estimulado por Jobs com a maçã pecaminosa de Adão e Eva. Não que eu discorde. Pelo contrário, acho que ele pensava além da maçã, além de toda a sua representatividade e simbologia. Por isso mesmo a escolheu. Mas essa não é a questão. Também não digo que o "gênio" não carecesse de prestígio.
Porém, a mídia anda muito obsessiva. Antes mesmo que alguém morrer, biografias inteiras ficam registradas à deriva, esperando, quase que torcendo para que fulano passe dessa para melhor. Além disso, quando uma celebridade como Jobs sobe ao céu, reverenciam-na como se esta fosse uma pessoa perfeita, divina. Jobs não era perfeito, e sabia disso. Ele acertou muito com suas contribuições tecnológicas. Entretanto ele sabia o preço que a sociedade pagaria para chegar até aqui. 
Todos nós sabemos como funcionam os negócios. Vira e mexe sai um escândalo envolvendo grandes empresas ao escravismo asiático. Não são mentiras. Nunca foram, nós é que escolhemos esquecer ou mudar de assunto. É triste, mas 90% das coisas que temos são feitas por mão calejadas de chineses cansados, mal pagos e maltratados do outro lado do mundo (vide a sua localização geográfica). Não adianta lamentar, ou jurar nunca mais comprar na Zara. A Renner também importa da China, assim como a Apple.
O consumismo chegou à um patamar tão denso que não temos mais volta. O negócio é reaprender a viver dele sem ser tragado por ele. Precisamos da tecnologia, precisamos evoluir. Mas não podemos esquecer qual o motivo dessa evolução. Não estamos produzindo aparelhos completos e melhores apenas pelo desejo de um design bonito e robusto. Estamos em busca da melhoria do mundo. Não podemos parar o tempo para lamentar a morte do Steve Jobs e simplesmente ignorar que milhares de pessoas morrem de inanição todos os dias sem noção do que é um iPad.

Deixo aqui dois textos que falam sobre o assunto, textos que denotam duas linhas de pensamento diferentes. E um vídeo super famoso do Charlie Chaplin, para fazer pensar :)

Why We Mourn Steve Jobs - The Atlantic

The Dark Side of Steve Jobs's Dream - Time Magazine




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