Não ia me pronunciar sobre o filme Avatar. Mas com o passar dos dias e o incrível acúmulo de comentários absurdos, não me contive. James Cameron é um gênio do cinema moderno. Talvez muitos intelectuais queiram me matar depois dessa afirmação, porém eu tenho minhas razões para dizer isso. A primeira é que o diretor pegou uma história superconhecida de todos nós, mudou o título, o local, o nome dos personagens e conseguiu vender mais que Titanic. Ainda não identificaram? Vou ser mais específica. Flashback na infância: aquela tarde chuvosa que vocês ficaram na casa da vovó assistindo clássicos da Disney comendo pipoca. Na tela uma linda índia, nada típica, com seus milhos dourados, é surpreendida por um forasteiro. Lembrados? Pocachontas e Avatar têm mais em comum do que se imagina. Até mesmo as lições da índia a John Smith sobre o espírito da natureza dentro de tudo que é vivo. Pelo menos a pequena índia realmente existiu.
Uma crítica a ação do homem que povoa as entrelinhas de ambos os filmes. Não são histórias para crianças, seus objetivos vão além de entreter. Voltando a genialidade de Cameron. Então, a segunda razão é o tema do filme: cuide do nosso planeta. Justo em época de sustentabilidade ambiental e conferência em Copenhague o cara faz um longa-metragem feliz, cômico e dramático sobre como somos cruéis com nossas árvores e animais. É óbvio que, sensibilizados como estamos, vamos cair no papo dele. Nem mesmo Wall-e atingiu esse patamar, talvez porque naquela época o aquecimento global ainda era uma farsa.
A terceira e última razão, muito provavelmente a mais compreensível, é o trabalho dos editores em relação aos efeitos especiais. Não existe público descontente no cinema diante de megaexplosões, carros em chamas, vôos estupendos, entre outros. Um exemplo disso é o recente 2012, aliás com tema parecido. Um filme chato e sem estrutura, no entanto todos comentaram as grandes catástrofes muito bem apresentadas por Roland Emmerich.
O que James Cameron fez não é uma novidade em termos artísticos. A sua inovação está em outro tipo de arte, a da propaganda. Um remake subliminar. É até perigoso! O que mais me intriga é que poucas pessoas se deram conta disso, ou seja, muitas coisas podem voltar ao sucesso se bem planejadas. Enfim, só para terminar, confesso ter saído da sala 6 do Cinemark um pouco abalada e com a intenção de plantar uma árvore, mas o lixo dos outros telespectadores ao meu redor me fez perceber que a maioria não presta atenção na mensagem do filme. Nessa questão de texto e contexto, todo mundo prefere o mínimo esforço com máximo de benefício. E as garrafas e restos de pipocas apodreceriam lá se não existissem pessoas pagas para recolher essas coisas.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
Indiada de feriado reginal
Terça-feira, 15:55h, eu e minha mão vamos ao banheiro do cinema do Barra Shopping. É dia 2 de fevereiro, mais um feriado religioso que eu não faço idéia. Don't blame me, sou judia. Faz 38ºC e pelo jeito pouca gente trocou a capital gaúcha pelas praias. Já é a terceira casinha de sanitário que minha mãe entra e sai no mesmo segundo porque não tem papel. A fila de mulheres apertadas aumenta. Depois do Sherlock, sala cheia, chão sujo, civilização não está em voga... 18:39h saímos em direção ao inferno, digo, Hipermercado BIG. Pensamento: comprar o básico, pão, comida de gato, pote de comida de gato, manteiga... Essas coisinhas essenciais nos lares brasileiros. Cruzamos a passagem que divide o fim do shopping e o início do super. Opa! Ar condicionado quebrado! Ok, precisamos muito de pão e petiscos felinos. Avançamos na sauna gratuita em busca de um carrinho. Nein! Refletimos sobre a necessidade de pão e petiscos mais uma vez enquanto a multidão se aproxima das mercadorias.
- Vamos levar terra para as violetas? - 19:35h e a terra entra naquele espacinho entre a manteiga, o pão e o decote do meu vestido.
O espaço está ficando escasso. Além do ar vencido, lixo por toda parte. Produtos largados em prateleiras erradas. É o caos.
- Vamos para a fila? - 19:45h como me arrependi de dizer isso.
Dobramos a esquina entre os frescos iogurtes no seu majestoso refrigerador e a seção light e nos deparamos com centenas de filas imensas com pessoas cheias de carrinhos e mercadorias. Tinha até gente levando ar condicionado para casa. A fila do caixa rápido dava voltas. Claro que no feriado tem menos gente trabalhando e os donos de super sempre acham que não vai ter movimento nesses dias insuportavelmente quentes. Andamos de um lado para o outro em busca de uma fila razoável.
- Ali! - As duas saem correndo para a fila menor. E sacode a manteiga, o pão, a terra...
- Ta, agora é rapidinho e logo, logo a gente ta em casa. - Doce ilusão.
Já passava das 20h e, pasmem, ainda tinha mais de 10 pessoas na nossa frente, todas com rancho. Realmente, o melhor dia para ir as compras. Acabou o troco. Mais 20 minutos. O cartão não ta passando. Mais 5 minutos. Ufa! Nossa vez! São 20:45h quando saímos do super em busca de um táxi. Ok, foi fácil. Mas demos o azar de pegar aquele tipinho mão de vaca que não liga o ar nem quando está 50ºC na rua. Colada no estofado de couro e me abanando entre as sacolas dou um suspiro de alívio, cinco minutos e estou em casa. Na curva, nosso simpático motorista, que não para de reclamar do calor, joga um papel enorme pela janela. E depois não sabe porque nos últimos anos o verão anda mais quente. São 21h e finalmente chegamos em casa. Realmente, a melhor indiada de todos os tempos, quase 3h dentro de um hipermercado para comprar: pão, manteiga, petisco felino, um pote de ração e terra. Onde a gente estava com a cabeça?
- Vamos levar terra para as violetas? - 19:35h e a terra entra naquele espacinho entre a manteiga, o pão e o decote do meu vestido.
O espaço está ficando escasso. Além do ar vencido, lixo por toda parte. Produtos largados em prateleiras erradas. É o caos.
- Vamos para a fila? - 19:45h como me arrependi de dizer isso.
Dobramos a esquina entre os frescos iogurtes no seu majestoso refrigerador e a seção light e nos deparamos com centenas de filas imensas com pessoas cheias de carrinhos e mercadorias. Tinha até gente levando ar condicionado para casa. A fila do caixa rápido dava voltas. Claro que no feriado tem menos gente trabalhando e os donos de super sempre acham que não vai ter movimento nesses dias insuportavelmente quentes. Andamos de um lado para o outro em busca de uma fila razoável.
- Ali! - As duas saem correndo para a fila menor. E sacode a manteiga, o pão, a terra...
- Ta, agora é rapidinho e logo, logo a gente ta em casa. - Doce ilusão.
Já passava das 20h e, pasmem, ainda tinha mais de 10 pessoas na nossa frente, todas com rancho. Realmente, o melhor dia para ir as compras. Acabou o troco. Mais 20 minutos. O cartão não ta passando. Mais 5 minutos. Ufa! Nossa vez! São 20:45h quando saímos do super em busca de um táxi. Ok, foi fácil. Mas demos o azar de pegar aquele tipinho mão de vaca que não liga o ar nem quando está 50ºC na rua. Colada no estofado de couro e me abanando entre as sacolas dou um suspiro de alívio, cinco minutos e estou em casa. Na curva, nosso simpático motorista, que não para de reclamar do calor, joga um papel enorme pela janela. E depois não sabe porque nos últimos anos o verão anda mais quente. São 21h e finalmente chegamos em casa. Realmente, a melhor indiada de todos os tempos, quase 3h dentro de um hipermercado para comprar: pão, manteiga, petisco felino, um pote de ração e terra. Onde a gente estava com a cabeça?
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