Passei meu último final de semana emergida numa conferência local da organização não governamental que faço parte, AIESEC. Várias coisas boas aconteceram nessa atividade, conheci muita gente, descobri muita coisa que eu ainda não sabia sobre a entidade e saí de lá muito motivada a fazer mais e fazer melhor. Acho incrível essa sensação, não de que eu posso mais, mas de que faço parte do mundo e sou MUITO responsável pelo andamento dele. Me assusta, só que o choque é necessário para que eu saiba por onde começar e é isso que a AIESEC é para mim, um start para um legado que eu vou ter muito orgulho de dizer que fiz parte.
Cheguei nesta segunda-feira exaustiva no trabalho e abri canais de notícia, como faço rotineiramente. Vi fatos absurdos ocorrendo por aí, como as notícias abaixo:
Mulher é estuprada duas vezes em menos de uma hora em Nova York - Vítima foi pedir ajuda a um homem depois do primeiro abuso e foi violentada mais uma vez
Homem armado mantém refém em hotel de Brasília - O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei
As pessoas estão vivendo no limite. Principalmente no limite das suas vontades. É o niilismo tomando conta. Mas eu não entrei em pânico, porque eu voltei desse final de semana inspirada e sei que existem soluções e elas estão dentro de cada um. Acreditar, mesmo quando parece impossível, é ferramenta essencial. E, pensando nisso, percebi que tem fatos bons ocorrendo, concomitantemente:
Novo presidente toma posse e coloca fim à crise política no Afeganistão
Grupo organiza ‘beijaço’ LGBT na Paulista em resposta a Fidelix
Dizem que as pessoas inteligentes são as que vivem e se alimentam de dúvidas e questionamentos. Nestes dois dias que se passaram, eu me perguntei se a AIESEC cumpre seu propósito de liderança, paz mundial e mudança por meio dos jovens que atinge. Minha conclusão foi que sim, entretanto quem faz isso acontecer, não é a organização e sim nós. Cada um de nós, é isso que forma a AIESEC e refletir que ela existe há mais de 60 anos e já impactou 1 milhão de pessoas é emocionante.
Não estou escrevendo esse texto para fazer propaganda da instituição. É apenas algo que eu quis dividir, mesmo sabendo que as pessoas só entendem o que eu estou dizendo quando vivem isso. Eu ainda não me apliquei para nenhum intercâmbio com a AIESEC, mas já rodei uma parte do mundo e posso dizer que a multiculturalidade exerce um poder indescritível sobre quem tem mente e coração abertos. Estou rumo a uma aventura dessas, em breve, na América Latina e antes de ir já posso dizer que recomendo, que tenho certeza que vai ser top, porque eu vou estar lá, eu vou exigir isso de mim, eu vou fazer a minha trajetória de impacto e a minha experiência vai ser demais.
Pensem nisso, nas experiências que vivem. Pensem no quanto ainda tem por fazer e onde vocês se encaixam na mudança. Sejam resilientes e agentes do futuro que buscam para todos.
segunda-feira, 29 de setembro de 2014
quinta-feira, 4 de setembro de 2014
Sobre bullying
Estou aqui sentada, com febre, me estressando com causas aleatórias ao invés de descansar. Mas é que eu vejo coisas que as pessoas na minha volta custam a perceber, e isso me inquieta de uma maneira que consome meu fígado, mesmo sem beber um gole de álcool. Acho que sou mais humana do que eu gostaria. A verdade é que sim, fui vítima de bullying. Durante seis anos que estudei no Colégio Israelita Brasileiro, meus colegas (os mesmos que me ameaçaram recentemente pelo post sobre Gaza) me chamavam cruelmente de “Debby Vassorão”, porque eu tinha cabelo comprido, cacheado e volumoso. Fora as muitas gracinhas que eu ouvi, de sobrenomes grandes da comunidade gaúcha, por ser pobre num colégio de ricos, coisas do tipo que o tênis que a minha mãe parcelou em 12 vezes para me dar era falso. Enfim, minha história de vida já ocupa muito espaço neste blog e o que eu quero dizer é que eu entendo o sofrimento de certas pessoas.
Tenho visto por aí uma série de eventos que me chamam atenção. Por exemplo, a menina que praticou o ato racista no jogo de futebol que culminou na expulsão do Grêmio da Copa do Brasil. Tudo bem, ela errou feio e temos leis e justiça que vão fazer com que ela seja punida por seus atos. Aliás, não só ela, não vamos nos esquecer que ela foi uma das poucas reconhecidas em câmera, pois muitos outros gritaram junto e caminham livres por aí. O que me incomoda neste caso é a prepotência das pessoas em ver nela toda a punição de um preconceito que todos carregamos conosco e que é histórico. O que me incomoda é ver ela sofrer uma consequência muito maior do que o ato dela, que não vai ser educativa, porque com toda certeza ela deve estar com muita raiva no coração agora, assim como muita gente que usa ela de pivô também está. O que me incomoda é ver ela sendo chamada de vadia e as pessoas que chamam ela assim não serem igualmente rechaçadas.
Outro caso que me tomou de súbito e ferveu meu sangue foi a disseminação, com tom de ironia, obviamente, da candidatura de um ex-colega de faculdade. Todos, que estudamos com ele, sabemos que ele sofre de diversos problemas que não cabe a mim julgar. Já ouvi várias histórias sobre ele, todas muito tristes. O menino é obeso, sozinho e tem dificuldade de se comunicar, sendo às vezes até agressivo. É mais um infeliz na busca por aceitação. Se ele quer se candidatar a deputado federal e eu não concordo com a campanha dele, me basta escolher outro candidato, não preciso ridicularizar. Achei incrível que um veículo de comunicação gaúcho fez uma entrevista com ele, ironizando na cara dura. A gente sabe que eleições é um tópico delicado e que envolve muita gente estranha, mas vamos "se respeitar". Se você é contra isso, quem sabe se candidata e cria uma lei que impeça esse tipo de coisa? Mas seja sério a respeito do assunto, bullying é bullying em qualquer lugar ou nível.
Acho que as pessoas têm vivido uma época em que bullying e assédio moral ficaram tão comuns que já não é mais evidente e talvez por isso estamos sempre na defensiva. Somos uma geração que cresceu ouvindo piadinhas de pobre, gordo, gay e preto. Isso tem que parar e o único jeito de parar isso é cada um se conscientizar e deixar a justiça agir conforme as leis que nós mesmo sustentamos. Essa menina do caso do Grêmio vai ter que mudar de Estado, de nome, de vida. Será que ela realmente merece uma punição tão a ferro e fogo? Será que ela merece pagar por uma dívida que é da sociedade? Ou você já se esqueceu que já riu de piada de preto, que já chamou colorado de macaco, que a sua empregada provavelmente é negra e você não se sente mal com isso?
Mais do que nunca, estamos num ponto em que precisamos rever certos conceitos e preconceitos com urgência, principalmente se queremos criar gerações livres de ódio, de bullying e de conflitos.
Tenho visto por aí uma série de eventos que me chamam atenção. Por exemplo, a menina que praticou o ato racista no jogo de futebol que culminou na expulsão do Grêmio da Copa do Brasil. Tudo bem, ela errou feio e temos leis e justiça que vão fazer com que ela seja punida por seus atos. Aliás, não só ela, não vamos nos esquecer que ela foi uma das poucas reconhecidas em câmera, pois muitos outros gritaram junto e caminham livres por aí. O que me incomoda neste caso é a prepotência das pessoas em ver nela toda a punição de um preconceito que todos carregamos conosco e que é histórico. O que me incomoda é ver ela sofrer uma consequência muito maior do que o ato dela, que não vai ser educativa, porque com toda certeza ela deve estar com muita raiva no coração agora, assim como muita gente que usa ela de pivô também está. O que me incomoda é ver ela sendo chamada de vadia e as pessoas que chamam ela assim não serem igualmente rechaçadas.
Outro caso que me tomou de súbito e ferveu meu sangue foi a disseminação, com tom de ironia, obviamente, da candidatura de um ex-colega de faculdade. Todos, que estudamos com ele, sabemos que ele sofre de diversos problemas que não cabe a mim julgar. Já ouvi várias histórias sobre ele, todas muito tristes. O menino é obeso, sozinho e tem dificuldade de se comunicar, sendo às vezes até agressivo. É mais um infeliz na busca por aceitação. Se ele quer se candidatar a deputado federal e eu não concordo com a campanha dele, me basta escolher outro candidato, não preciso ridicularizar. Achei incrível que um veículo de comunicação gaúcho fez uma entrevista com ele, ironizando na cara dura. A gente sabe que eleições é um tópico delicado e que envolve muita gente estranha, mas vamos "se respeitar". Se você é contra isso, quem sabe se candidata e cria uma lei que impeça esse tipo de coisa? Mas seja sério a respeito do assunto, bullying é bullying em qualquer lugar ou nível.
Acho que as pessoas têm vivido uma época em que bullying e assédio moral ficaram tão comuns que já não é mais evidente e talvez por isso estamos sempre na defensiva. Somos uma geração que cresceu ouvindo piadinhas de pobre, gordo, gay e preto. Isso tem que parar e o único jeito de parar isso é cada um se conscientizar e deixar a justiça agir conforme as leis que nós mesmo sustentamos. Essa menina do caso do Grêmio vai ter que mudar de Estado, de nome, de vida. Será que ela realmente merece uma punição tão a ferro e fogo? Será que ela merece pagar por uma dívida que é da sociedade? Ou você já se esqueceu que já riu de piada de preto, que já chamou colorado de macaco, que a sua empregada provavelmente é negra e você não se sente mal com isso?
Mais do que nunca, estamos num ponto em que precisamos rever certos conceitos e preconceitos com urgência, principalmente se queremos criar gerações livres de ódio, de bullying e de conflitos.
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