Tomo um exemplo do âmbito da cultura. A gênese do Estado é um processo ao longo do qual se dá uma série de concentrações de diferentes formas e recursos: concentração da informação (relatórios, estatísticas com base em pesquisas), de capital linguístico (oficialização de uma língua como idioma dominante, de forma que as outras línguas de um território nacional passem a figurar como formas depravadas, desviadas ou inferiores à dominante). Esse processo de concentração se dá junto ao processo de desapropriação: constituir uma cidade como capital, como local onde se concentram todas as formas do capital,1 é relegar o Estado e o resto do país à desapropriação do capital; constituir uma língua legítima é relegar todas as outras à condição de patoás.2
Hoje, amanheci vendo Michel Teló na Ana Maria Braga. Ela estava entrevistando o mais novo sucesso das paradas sobre sua fama internacional. Ao pesquisar sobre o assunto me deparei com o vídeo abaixo:
Depois disso cheguei a uma única conclusão: o Estado torna as pessoas ignorantes e as pessoas tornam suas ignorâncias coisas importantes. Enquanto isso criancinhas são mortas por jetskis desgovernados, o Carnaval de São Paulo termina com confusão policial e os políticos fazem a festa as nossas custas. Não estou dizendo que gostar de coisas banais seja ruim, mas é preciso desapegar-se dessas coisas em algum momento. Precisamos pensar mais no bem comum e não só no COMUM.
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