O livro é leve, as páginas correm soltas. É impossível ler aos poucos. Mas seu conteúdo é cáustico. Quem conhece ou se informa sobre as inúmeras realidades da África fica com um nó no estômago após devorar as palavras do psicólogo inglês. Não é a toa que a obra está entre as mais vendidas há alguns meses.
Segue abaixo o meu trecho favorito do livro:
“Eu dizia a eles que perto da minha aldeia existia um rio largo e profundo com cavernas escuras sob as margens, onde os peixes eram descorados e cegos. Não havia luz nas cavernas deles, de modo que depois de milhares de gerações a espécie deles desaprendeu o truque de enxergar. Entendeu o que quero dizer?, eu perguntava aos funcionários do centro de detenção. Sem luz, como se pode manter a visão? Sem um futuro, como conservar a visão do governo? Poderíamos tentar quanto quiséssemos em nosso mundo. Poderíamos ter um Ministro da Hora do Almoço muito diligente. Poderíamos ter um excelente Primeiro-misnistro da Parte Mais Calma do Final da Tarde. Mas quando chega o crepúsculo – está vendo? – nosso mundo desaparece. Não se pode enxergar além do dia porque vocês levaram o amanhã. E porque vocês têm o amanhã diante de seus olhos, não enxergam o que está sendo feito hoje.” (páginas 187-188)
Entrevista com o autor (em inglês):
bah, eu quero ler...
ResponderExcluir