Matéria produzida para o impresso experimental da Famecos, Jornal da Manhã (edição número 11 - dezembro de 2010)
Casada, com três filhas, 55 anos e 32 de carreira, a dentista Susana Maria Rossi de Carvalho e Silva cultiva tempo para fazer o bem. Pequena, ela já se designava a ajudar o próximo. Hoje, dedica-se às crianças e adolescentes com necessidades especiais através da ONG Parceiros Voluntários.
Recentemente, ela recebeu o diploma de honra ao mérito da Câmara de Porto Alegre por seu esforço para ajudar os lares: Menino Jesus de Praga, Educandário São João Batista e Lar Santa Rita dos Excepcionais. Desde que voltou de um curso sobre voluntariado nos Estados Unidos (EUA), ela está envolvida na construção de um espaço para a Associação de Mães Rita Yasmin, que tem como objetivo amparar os pais das crianças com lesão cerebral.
O que você aprendeu com essa viagem?
Voltei dos EUA um pouco frustrada, porque não pude trazer novidades. Estamos muito bem em termos de odontologia. Eles ainda usam muito o óxido nitroso e a anestesia geral para tratar pacientes especiais e crianças. Este tipo de atendimento não é de todo ruim, mas é extremamente caro e o Sistema Único de Saúde (SUS) não tem condições de sustentar. Nós aprendemos, nesse curso, uma disciplina que se chama manejo com o paciente, isto é, mesmo que a criança não queira ser atendida, temos que tentar convencê-la. Lá, eles medicam o paciente, se não conseguem o consentimento. Nos EUA, a prevenção é escassa, as crianças têm muitas cáries. Mesmo que seja falha, de alguma forma, no Brasil, já temos prevenção.
O que mais te chamou a atenção nos EUA?
Na Califórnia, conheci um lugar chamado Rancho Los Amigos. Onde só pacientes portadores de necessidades especiais têm direito a acompanhamento médico. Lá tem médicos, dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, neurologistas, psicólogos etc. Também fazem cirurgias com data marcada, só não recebem emergências. É um lugar muito grande, arborizado e com vários prédios térreos.
Quando vocês voltaram para o Brasil, vocês tiveram que apresentar um seminário para convidados do governo. Como foi isso?
Eu comentei que não tinha trazido novidades em relação à odontologia, mas que tinha conhecido o Rancho Los Amigos e tinha adorado. Então, sugeri que fizéssemos o "nosso rancho" aqui em Porto Alegre, começando com um galpão. Até porque, lá no bairro Restinga, tem uma avó de uma criança especial que já tem um terreno e uma associação organizada. Seria um grande sonho para mim. No intervalo deste seminário, um senhor chamado Marco Aurélio Caloy veio falar comigo e disse que tinha condições de me ajudar. Ele faz parte do Funcriança. Estou confiante que conseguiremos fazer o nosso "Rancho".