sexta-feira, 14 de junho de 2013

Media stalkeando: Protestos pelo Brasil


Então, semana complicada no país. Pessoas nas ruas, polícia armada, prédios quebrados, bombas e a revolta por todos os lados. O que está acontecendo não é inexplicável, muito menos ilógico como muitos vem gritando pelas redes sociais. Tem fundamento, aliás é embasadíssimo. Finalmente podemos dizer que o Brasil encerrou sua época de medo das autoridades pós ditadura. Um momento bom e de dignidade do país. Demorou, algumas gerações se perderam no tempo, mas agora surge uma nova era de um novo povo que não vai se calar diante das barbáries de qualquer poder que seja imposto.
No entanto, é uma pena que essa voz que antes se calava, hoje não grita, dá murros. A violência foi o único meio encontrado por esses jovens como linguagem e moeda de troca. A pergunta que não quer calar e que divide a população é quem é o culpado. A resposta é simples: ninguém e todo mundo ao mesmo tempo.
As cicatrizes que a ditadura deixou nos brasileiros nos afetou emocional e politicamente por muitos anos. Nos tornamos incapazes de manifestar e exigir nossos direitos, viramos o povo do "jeitinho", afinal é mais fácil contornar obstáculos do que tentar vencê-los.
Além disso, as crescentes ondas de corrupção, vindas de todos os partidos possíveis (e até dos impossíveis), tiraram a esperança dos outros poucos que ainda acreditavam num Brasil do povo. O problema de decepcionar e pisar nos civis é que chega um ponto que ninguém aguenta. Nosso país já vivia uma tensão desde o final de 2012 e início de 2013, quando a primavera árabe começou a fazer efeito nos nossos ouvidos. Se eles podem, por que nós não podemos?
A panela de pressão explodiu. Era inevitável. As pessoas que estão nas ruas não são só estudantes, só protestantes, só jornalistas, só gente de esquerda. TODOS estão opinando, todos estão envolvidos. Por mais divida que esteja a população, ela engajou-se. Não tem mais volta, recuperamos nossa autoestima.
Agora só precisamos aprender que a violência não é o caminho. E quem mais precisa aprender com isso é a nossa mídia que, atordoada com a enxurrada de informações, está tomando partido e disseminando a opinião de bárbaros.
Qual é a função do jornalismo se não comunicar o mais objetiva e imparcialmente possível? Por que os grupos e veículos de imprensa fazem isso? Claro que por interesse próprio, para proteger e prestigiar grandes anunciantes, é uma estratégia de sobrevivência acima de tudo. Só que, as redes sociais impossibilitaram esse comportamento. Agora, quanto mais mentem, mais sabemos que estão mentindo, e mais rápido. A velocidade com a qual se disseminam as coisas é incontrolável.
O povo hoje lembra dos paus de arara, porém a mídia não. Nós, pessoas comuns lembramos da censura e a repudiamos. Nós jornalistas, praticamos autocensura. Outra coisa interessante que surgiu disso foi a reação da polícia: extremamente independente e autoritária, tão violenta quanto os protestantes que ela mesma critica.

Confira abaixo alguns links de diferentes meios com linhas ideológicas distintas e tire suas próprias conclusões.

Sul 21 - Manifestação em Porto Alegre termina em cerco, violência e prisões
G1 - Quatro continuam detidos após protesto desta quinta-feira em SP
The New York Times - Bus-Fare Protests Hit Brazil’s Two Biggest Cities
NBC - Protesters embrace to protect each other from tear gas as Brazil bus fare demo turns ugly